Candidatura foi liderada por docente da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Há outras quatro pedras portuguesas que fazem parte da lista.
Não é exclusivo do Porto, mas foi aí que ganhou fama. É, literalmente, a pedra sobre a qual assenta a cidade e com a qual se erigiram alguns dos seus mais emblemáticos monumentos: da Torre dos Clérigos ao edifício atualmente ocupado pela Reitoria da Universidade do Porto, passando pelo Hospital de Santo António, a Câmara Municipal ou a Sé, o granito do Porto está em todos presente e tem agora um motivo de interesse adicional: foi classificado pela UNESCO como Pedra Património Mundial.
O granito do Porto junta-se a uma lista integrada por 55 rochas consideradas Património da UNESCO, uma lista criada em 2016 pela União Internacional das Ciências Geológicas (IUGS), que tem a chancela da UNESCO, e que tem outros exemplares portugueses: a mármore de Estremoz, o calcário de Lioz e a brecha da Arrábida, além do calcário de Ançã, distinguido também este ano.
Os novos integrantes da lista foram oficializados durante o Congresso Geológico Internacional, realizado em finais de agosto, na Coreia do Sul. A informação foi divulgada esta segunda-feira (9) pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), instituição à qual pertence a docente responsável pela candidatura.
De acordo com a FCUP, a geóloga e docente Maria Ângela Almeida está a trabalhar na candidatura desde 2013 e viu a missão dificultada pelo facto de “não existirem pedreiras ativas com granito na cidade do Porto”, um dos requisitos para obter a classificação.
A professora do Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território da FCUP insistiu com uma nova candidatura no ano passado e desta vez levou a bom porto a iniciativa.
“Chama-se Granito do Porto porque foi, pela primeira vez, na cidade do Porto, nos anos 30, que este tipo de granito recebeu uma atenção diferente. O estudo de granitos semelhantes em outras regiões do norte do país teve início neste granito do Porto”, referiu a docente em declarações registadas pelo gabinete de comunicação da FCUP.
Segundo explica Maria Ângela Almeida, que foi desafiada para a investigação desta pedra natural pelo geólogo Fernando Noronha, o granito do Porto “é um granito de duas micas, que se instalou há cerca de 310-320 milhões de anos” no território. “A relação das propriedades intrínsecas do granito com a riqueza e diversidade do património construído na cidade” são aspetos centrais do seu estudo.