Autarca de Gondomar, presidente da Comissão Distrital do Porto da Proteção Civil, diz que as equipas de reforço que saíram do Sul do país "estão a ficar em Leiria e Coimbra" e têm de ser deslocadas para Norte, para os distritos de Aveiro e do Porto, onde lavram os incêndios "mais preocupantes".

Marco Martins, o presidente da Câmara Municipal de Gondomar, onde desde esta segunda-feira (16) lavram incêndios que já consumiram pelo menos mil hectares de terreno, considera que “quem decide os meios ao nível nacional” tem de os “alocar mais a Norte e não ficarem no Centro Sul que é o que está a acontecer neste momento”

Em declarações registadas pela RTP, no mais recente briefing feito aos jornalistas, o autarca admitiu não compreender porque razão esse reforço não se realizou já. 

“Com o meu conhecimento da área de muitos anos, acho que justifica já mais meios no Norte. Neste momento, os meios que vêm do Sul estão a ficar em Leiria e Coimbra e é preciso subirem para Norte, para Aveiro e para o Porto, que são as zonas onde há situações neste momento mais preocupantes”, resumiu.

No distrito do Porto, disse Marco Martins, não há neste momento “nenhum grupo de reforço”, pelo que há zonas “no Marco de Canavezes, em Amarante, em Baião onde o fogo anda livremente há várias horas, porque os meios aéreos não conseguem atuar por causa do fumo e os meios terrestres que lá estão são apenas locais”,  reclamando assim a deslocação de mais operacionais de outras regiões do país para o distrito.

Sobre a situação em Gondomar, revelou que “está mais calma em parte do território”, mas muito complicada no “alto concelho”, fazendo referência particular a Melres, Foz do Sousa e Covelo.

“Estamos a evacuar pessoas de casas, até porque o vento acalmou e vamos ter esta janela de oportunidade até cerca da meia-noite, a meia-noite voltam as rajadas de vento e a madrugada prevê-se igual ou pior que a de hoje, o problema é que os homens estão exaustos, não há meios de substituição, os meios aéreos não conseguem atuar, os bombeiros não conseguem fazer mais”, concluiu.

Numa altura em que muitos gondomarenses regressam a casa do trabalho, o autarca fez também um ponto de situação sobre as principais vias do concelho: “A A43 vai ser aberta até à Estrada D. Miguel. A Estrada D. Miguel vai ser reaberta também, mas vai manter-se cortada depois da D. Miguel até à A41 e até à CREP. Essa zona mantém-se cortada”, informou.

Recorde-se que esta terça-feira de manhã foi ativado o Plano Distrital de Emergência e Proteção Civil do Porto. Para as 20h00 está agendado um ponto de situação nacional da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil. O Governo convocou para esta hora (1800) um Conselho de Ministros Extraordinário para analisar a situação dos incêndios no país. A reunião vai ser presidida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a convite do primeiro-ministro.

O número de vítimas mortais associadas a esta vaga de incêndios subiu hoje para sete, com a morte de três bombeiros – um bombeiro e duas bombeiras, que combatiam um incêndio na freguesia de Midões, concelho de Tábua, no distrito de Coimbra.  Eram os três da corporação de Vila Nova de Oliveirinha.