Marco Martins considera que "não é normal" não terem chegado reforços. Quer mais meios aéreos e rendição dos homens no terreno. Fogo deslocou-se para Sul. Parque de Campismo Campidouro e a Central de Ciclo Combinado da Tapada do Outeiro são agora as maiores preocupações.
As críticas já vêm da véspera e subiram de tom esta quarta-feira. O presidente da Câmara Municipal de Gondomar considera que “não é normal” que o concelho de Gondomar e o distrito do Porto não tenham sido alvo de um reforço de meios de combate para fazer face aos incêndios que desde o início da semana lavram com muita intensidade no Norte e no centro do país.
“No Norte, numa situação normal, aqui no Porto, teríamos sete ou oito aviões médios e pesados e helicópteros [a atuar]. Neste momento, temos apenas dois aviões ligeiros em todo o distrito. Nós precisamos dos meios aéreos para ajudar quem está no terreno e precisamos de rendição para os homens. Os bombeiros não têm mais como render e estão desesperados”, disse Marco Martins aos jornalistas em mais um ponto de situação feito na manhã desta quarta-feira (18).
O autarca estranha que, perante a situação atual, o distrito do Porto esteja a contar unicamente com os meios de que dispõe. “Em Gondomar, há pouco, tínhamos 240 homens, que são todos do distrito do Porto. Quem está em Amarante, em Marco de Canavezes, em Baião, são todos do distrito, porque não há reforço de fora. Aqui temos apoio de corporações vizinhas de Gaia, de Paredes, de Matosinhos, dos próprios sapadores do Porto, tudo meios do distrito”.
É por isso que, reforçou o também presidente da Comissão Distrital do Porto de Emergência e Proteção Civil, “Gondomar e o distrito do Porto precisam de ajuda ao nível nacional”.
Questionado sobre se tinha sido contactado por alguém do Governo, Marco Martins revelou que foi ontem contactado por um secretário de Estado, mas sem resultados práticos até ao momento: “Ontem [terça-feira], depois de me ter queixado, porque não achei normal tantas horas depois do Plano Municipal [de Emergência] ter sido ativado, ninguém me ter contactado, e eu próprio tinha enviado mensagem à senhora ministra, o senhor secretário de Estado ligou-me ao final da tarde. Deu-me uma palavra de apoio e prometeu mais meios, que passadas 15 ou 16 horas ainda não chegaram”, concluiu.
Novos focos de preocupação
Em Gondomar, o fogo progrediu para Sul e está agora a causar preocupação na zona de Medas. “A situação de Branzelo está estável, controlada, em rescaldo. A zona de Jovim e Foz do Sousa estão, para já, controladas, não obstante, o vento a qualquer momento poder virar e alterar. A preocupação agora é na zona sul da N108 onde estamos na freguesia de Medas com duas preocupações: o CampiDouro, parque de campismo cuja evacuação estamos a ponderar, e Central de Ciclo combinado de Tapada do Outeiro onde é produzida energia através da transformação de gás”, explicou.
Para já, os bombeiros têm conseguido poupar as muitas casas já ameaçadas pelo fogo, e têm procedido à evacuação pontual de pessoas. “Ontem foram 50, mais ou menos, durante a noite foram mais 20. Cerca de 15 passaram a noite no Pavilhão multiusos mas têm sido evacuações pontuais. As pessoas saem umas horas, voltam depois.”
A lamentar, há mais um bombeiro com ferimentos graves, que foi operado durante a noite e estará agora no recobro. Marco Martins disse não dispor de mais informações para já, mas adiantou que a situação “não era fácil”.
Este incidente aumenta para oito o número de feridos no concelho, todos bombeiros. “No distrito do Porto não tenho dados, mas houve vários bombeiros assistidos por exaustão“, adiantou.
Por segurança, continuam encerradas no concelho várias escolas. São elas, no Agrupamento de Escolas à Beira Couro, os jardins de infância de Branzelo, Chães, Cimo de Vila, Vila Cova e Zebreiros e as escolas básicas de Branzelo, Carvalho, Chães, Cimo de Vila e Zebreiros e Escola Básica e Secundária à Beira Douro.