O Benfica venceu o Boavista no Estádio do Bessa por três bolas a zero no jogo de encerramento da sexta jornada do campeonato. Dupla turca voltou a fazer estragos e participou diretamente nos três golos dos encarnados.

A bancada reservada à equipa visitante foi a que mais encheu no Bessa, esta segunda-feira à noite. Foto: Diogo Sousa/JPN

O SL Benfica veio esta segunda-feira (24) ao Porto para vencer, por 0-3, a equipa do Boavista, no Bessa, capultando-se assim para a terceira posição do campeonato com 13 pontos. Já o Boavista, que sofreu a terceira derrota da Liga, ficou apenas a um ponto da zona de despromoção.

O golaço de Kokçu, acompanhado pelo bis de assistências de Akturkoglu, mostrou que esta dupla turca ainda vai causar sérios problemas no campeonato e também nas competições europeias.

Mudanças nos onzes e expectativas pré-jogo

Nas panteras, manteve-se o 4-3-3 do jogo anterior frente ao Estrela da Amadora, com duas mudanças no onze. Uma, por conta da lesão do defesa central Rodrigo Abascal, que deu entrada a Joel Silva no lado esquerdo da defesa, e fez com que Bruno Onyemaechi, lateral de raiz, fosse um dos centrais. Nota também para a estreia de João Barros a titular, que ocupou o lado direito do ataque axadrezado. 

Do lado das permanências, destaque para Tomé Sousa, guarda-redes da formação boavisteira, que segundo António Silva, adepto do Boavista FC que o JPN ouviu à porta do estádio, tem estado “extraordinário” e tem sido “muito acarinhado” pelos boavisteiros. Aos 17 anos, o jovem assumiu novamente a titularidade da baliza axadrezada devido às lesões dos seus companheiros João Gonçalves e Leo Moraes, ambos com roturas do ligamento cruzado anterior do joelho.

E por falar em lesões, acrescente-se que Miguel Reisinho, uma das estrelas do plantel,  continua em recuperação de uma lesão no ombro direito, contraída no jogo frente ao Estoril Praia.

Já o SL Benfica jogou num 4-3-3, com duas mudanças no onze, em comparação com o jogo anterior, na Sérvia. Rollheiser deu o lugar a Aursnes. Bah, que era dúvida depois de ter saído  lesionado frente ao Estrela Vermelha, viu o seu lugar ocupado por Tomás Araújo, que regressou à titularidade, adaptado a lateral direito. Joel Martins, adepto do Benfica de 47 anos, considerou que havia “outras soluções”, mas achou que Bruno Lage estava a “jogar pelo seguro“.

Sobre os acontecimentos da Assembleia Geral encarnada, que acabou por ser suspensa no fim de semana e que culminou com a demissão do presidente da Mesa, Fernando Seara, Ricardo Abreu, adepto do Benfica, vaticinou, ao JPN, que não ia influenciar os jogadores, considerando irrelevantes esses momentos.

Nos quatro confrontos anteriores entre as duas equipas, o Benfica tinha saído vitorioso apenas uma vez. Vicente Alves, adepto de 20 anos do Boavista, esperava que essa continuasse a ser a tendência, mas a história do jogo, desta vez, foi outra.

Antes do início da partida, os 16.151 adeptos que marcaram presença nas bancadas prestaram a devida homenagem aos bombeiros e às vítimas dos incêndios que atormentaram Portugal na última semana, com um minuto de silêncio.

Primeira parte avassaladora do Benfica

O Benfica foi extremamente dominador na primeira metade da partida, com várias oportunidades de golo e com 72% de posse de bola.

Apesar disso, o primeiro lance de perigo do jogo foi para a equipa axadrezada, ao terceiro minuto. Num contra-ataque, após um canto do Benfica, Salvador Agra conduziu a bola desde o meio-campo defensivo num três para um, mas definiu mal ao querer chutar de fora de área, vendo a bola a sobrevoar a baliza de Trubin, que nem se fez ao lance. Bozenik ficou frustrado com o desenrolar do lance, pois aparecia isolado do lado esquerdo, pronto para o remate. 

Ao minuto 7’, a falha na receção de Bruno Onyemaechi, deixou Akturkoglu cara a cara com Tomé Sousa, que fez uma grande intervenção. No entanto, quatro minutos depois, o golo dos encarnados haveria mesmo de chegar. Após uma jogada individual mágica de Akturkoglu, que furou a linha defensiva axadrezada, Pavlidis apenas teve que encostar para o fundo das redes, neste que foi o segundo golo do grego para o campeonato.

O Benfica continuou por cima do jogo e ao minuto 17’, Pavlidis, em boa posição, recebeu na zona de grande penalidade, um cruzamento da ala direita, mas o remate não foi preciso e a bola ressaltou para fora, passando ao lado da trave esquerda da baliza axadrezada.

Ao minuto 31´, deu-se um momento de magia por parte do camisola 10 das águias: Kokçu, do meio da rua, rematou forte e rasteiro para o poste direito da baliza de Tomé Sousa, que não teve qualquer hipótese de impedir o 2-0 do Benfica.

Segunda parte de gestão

Dois minutos após o recomeço da partida, nota para uma dupla intervenção milagrosa de Tomé Sousa, após um canto dos encarnados. O jovem salvou o Boavista de sofrer mais um golo.

A primeira alteração da partida deu-se ao minuto 57, com a entrada de Gonçalo Miguel para o lugar de João Barros, do lado do Boavista.

Dois minutos depois, após um mau atraso do lateral Pedro Gomes para o guarda-redes, Akturkoglu ficou isolado e tentou fazer um chapéu ao guardião axadrezado, mas a bola saiu com muita força e passou por cima da barra.

Ao minuto 71, saiu o “Harry Potter” Akturkoglu, para dar lugar ao número 7 Amdouni.

Dez minutos depois, Vukotic e Pedro Gomes dão lugar a Tomás e Augusto. Este último, passados quatro minutos, cabeceou forte, mas à figura de Trubin, que teve uma noite bastante calma.

A dois minutos do final da partida, após disputa física entre Bruno Onyemaechi e o ainda fresco Arthur Cabral, o brasileiro foi mais forte e conseguiu carimbar o resultado final para os encarnados: 0-3.

A partida terminou como começou, com o domínio do Benfica que, desta vez, não deu qualquer hipótese ao Boavista. 

No Bessa, viu-se um Benfica com um enorme caudal ofensivo, a usar toda a largura do campo, e a chamar a pressão dos jogadores do Boavista. A equipa de Bruno Lage conseguiu explorar muito bem os espaços deixados entre a linha média e a defensiva do adversário, ligando muito bem com os corredores e tornando a tarefa ofensiva simples e eficaz. A pressão foi constante e permitiu muitas transições ofensivas quase sempre com perigo.

Já o Boavista tentou sempre sair em transição, ou pelo lado esquerdo, através da combinação de Salvador Agra e Joel Silva, ou pela procura da referência Bozenik, no entanto, sempre com muita dificuldade para iniciar o momento ofensivo, devido à ação dos jogadores encarnados que rapidamente recuperaram a posse da bola.

No plano individual, Kokçu recebeu o prémio de “Homem do Jogo”. Jogou os 90 minutos, distribuiu jogo e ainda fez o gosto ao pé, com um “petardo” que só parou no fundo da baliza. O prémio podia ter sido entregue também ao reforço sensação dos encarnados Akturkoglu, que fez duas assistências e espalhou magia dentro de campo.

Do outro lado do terreno, viu-se Tomé Sousa a ser reconfortado pela equipa técnica e pelos seus companheiros de equipa, que demonstraram todo o seu apoio ao jovem guardião português. 

Cristiano Bacci: “A vitória do Benfica foi merecida”

Durante a conferência de imprensa, o técnico do Boavista elogiou a atitude dos seus jogadores e lamentou o cenário atual da equipa (falta de jogadores, ter de ir buscar jovens à formação e a impossibilidade de realizar inscrições na Liga devido à situação financeira do clube). 

Contudo, considerou que tem de se focar no que tem para trabalhar: “Hoje, estreou-se outro das camadas jovens, o Tomás, outras coisas não posso fazer, não posso pensar naquilo que não tenho. A minha mulher é loira, é muito bonita, eu gosto também das morenas, mas as loiras são muito melhores”, brincou.

Sobre o resultado do jogo e o processo de transição ofensiva da sua equipa, o italiano afirmou que “a vitória do Benfica foi merecida, foi clara”, mas que o primeiro lance perigoso foi da sua equipa. “Os jogos podem virar de um lado para o outro facilmente e isso poderia ter mudado alguma coisa.”

Bruno Lage: “Noite perfeita? Longe disso”

Na sala de imprensa, o treinador português deu nota da sua satisfação com a equipa, mas sem embarcar em grandes elogios. “O mais importante era ganhar e jogar bem. Fizemo-lo, particularmente na primeira parte e até meio da segunda, com uma exibição muito boa e criámos muitas oportunidades de golo, o que era um dos nossos objetivos”, referiu aos jornalistas.

Quando questionado sobre se achou que tinha sido uma noite perfeita, o técnico afirmou: “Noite perfeita? Longe disso. Foi boa, mas queremos muito mais”. Completou ainda dizendo que já estava a planear o próximo jogo e que quer prolongar o momento de forma que a sua equipa está a viver. Há três jogos à frente da equipa, Bruno Lage ainda só experimentou o sabor da vitória.

Quanto à opção por Tomás Araújo como ala direito, justificou a escolha referindo que o jogador “já tinha desempenhado aquela função” e já conhecia o ambiente, ao contrário de Kaboré.

À sexta jornada, os encarnados estão agora a dois pontos do FC Porto e a cinco do Sporting, líder invicto do campeonato.

O próximo jogo das águias será no próximo sábado, dia 28, com o Gil Vicente no Estádio da Luz. Já o Boavista joga no domingo, no Estádio de São Miguel, nos Açores, frente ao Santa Clara.