A Fundação de Serralves celebra, este fim de semana, a chegada do outono com ouriços, lagartos, burros de Miranda, mas também com concertos, oficinas e sessões de cinema, sempre com os temas da natureza e da sustentabilidade muito presentes. O Boil Climate Festival complementa a festa. A entrada é gratuita.
O verão terminou e a Fundação de Serralves abre as portas para receber a Festa do Outono no último fim de semana de setembro. Ao longo de dois dias, sábado (28) e domingo (29), entre as 10h00 e 18h30, há dezenas de atividades de acesso gratuito, num programa diversificado com um total de 17 horas assente em três pilares: arte, tradições ancestrais e a sensibilização ambiental.
No ano passado, 95 mil pessoas passaram pelo parque, quatro vezes mais do que em 2015, prova do crescimento que o evento tem sofrido.
Já este ano, a Fundação de Serralves pretende trazer para dentro de portas não só quem já conhece as suas atividades, mas também aqueles que nunca por lá passaram. Para o público se divertir e pensar sobre a ação humana na natureza, há propostas muito diversificadas que vão dos concertos de Ana Lua Caiano ou de Luca Argel com os Samba Sem Fronteiras a oficinas de anfíbios e diatomáceas, saídas de campo para ver insetos, aves e árvores ou ainda aulas de burro de Miranda, além de sessões de cinema, de circo contemporâneo, teatro de marionetas, entre outras.
Uma festa que se quer ecológica
Desde o seu início, em 2009, que a Festa do Outono olha de forma especial para o Parque e para a Quinta de Serralves, encontrando ali matéria para trabalhar os temas do ambiente e da sustentabilidade.
Este ano, o tópico vai continuar em destaque através, por exemplo, de múltiplas oficinas. Os técnicos do CIIMAR, um centro de investigação da Universidade do Porto, vão ficar responsáveis por falar de anfíbios e diatomáceas. Já a Floradata vai guiar saídas de campo para observar insetos, aves, árvores e arbustos e líquenes.
Na apresentação da programação, que decorreu esta terça-feira (24) em Serralves, foi também referida a exposição “Corpo | uma topografia sonora”, de Fernando Mota, presente no Celeiro e no Lagar da Quinta de Serralves, uma instalação construída a partir de materiais naturais recolhidos no Parque de Serralves e que configura um “jogo poético” que une, pelo som, o humano e a natureza.
Esta edição dá também destaque à parceria da Fundação de Serralves com o Boil Climate Festival, evento que conta com a colaboração da National Geographic (NG) e que, por essa via, vai proporcionar, na Festa do Outono, a exibição dos dois primeiros episódios da série documental “OceanXplorers”, viagem ao fundo do mar para a NG do cineasta James Cameron, realizador de filmes célebres como “Titanic”, “Avatar” e “O Exterminador Implacável”.
No campo do cinema, a festa conta também com a “ficção científica poética” de “Lectionen in Finisternis”, de Werner Herzog, realizador que expõe neste trabalho o impacto ambiental causado pelos incêndios petrolíferos que consumiram o Kuwait depois da Primeira Guerra do Golfo.
Com tantas pessoas a passarem pelo parque, coloca-se também a questão: como é que o festival pretende reduzir o seu impacto no ambiente? Mariana Roldão, coordenadora do serviço educativo na área do ambiente, garante ao JPN que essa “preocupação é tida em conta desde o primeiro momento em que é concebido o programa da Festa do Outono”. A responsável exemplifica com os temas abordados, as entidades convidadas, as mensagens subjacentes ao trabalho de quem é programado e ainda os materiais e equipamentos utilizados. “É privilegiada, sem dúvida, a questão da sustentabilidade, e existe um cuidado enorme na proteção e na conservação de um parque histórico de 100 anos”, conclui.
Arte e tradição lado a lado
Muitas serão as artes abordadas durante os dois dias de evento – teatro, música, cinema, dança, circo -, mas a ligação à natureza subjacente à Festa do Outono favorece também a presença de artes manuais ancestrais que têm se perdido no tempo. Há, por isso, no programa oficinas de tecelagem, bordado, cestaria, olaria, arte xávega e outras, em diversos horários e locais do parque.
E o que seria de uma festa sem música? Outro dos pratos fortes da Festa do Outono são os concertos. A portuguesa Ana Lua Caiano, que mistura a tradicional música portuguesa com a música eletrónica, é uma das convidadas (sábado, 17h15). Duas horas antes, pelas 15h00, também no Prado, Luca Argel e os Samba sem Fronteiras vão animar o evento celebrando a vida mesmo diante das adversidades.
Já inspirados pela cultura velocipédica da Holanda, e fazendo uso de um dos transporte mais ecológico do mundo, o grupo de holandês Collignon promete uma apresentação explosiva e dinâmica com o seu novo álbum “Bicicleta”. Encontro marcado para domingo, às 15h45, no Prado, onde de manhã, pelas 11h30, se vai fazer ouvir a Banda Sinfónica Portuguesa.
A contribuir para a multiculturalidade da festa, o grupo espanhol Planeta Trampolim leva à Quinta de Serralves o espetáculo “Back2Classics”, em que a cultura urbana e o circo clássico se juntam num passeio pelo passado com muito humor e poesia à mistura. Ainda no campo do circo, o grupo Coração na Mão homenageia todas as mulheres e a liberdade feminina com o espetáculo “Carmim”.
As atividades são gratuitas. O acesso deve ser feito pelos portões da Avenida Marechal Gomes da Costa ou da Rua Bartolomeu Velho, 141.
Editado por Filipa Silva