Um ano depois dos acontecimentos de 7 de outubro, o Coletivo pela Libertação da Palestina convocou manifestações de apoio à causa palestiniana em três cidades. No Porto, houve marcha até aos Aliados, onde se realizou uma vigília especial, com 30 minutos de silêncio.
Uma manifestação de solidariedade com o povo palestiniano levou, na segunda-feira, centenas de pessoas às ruas do Porto, começando pela Praça da Batalha, local onde se juntaram por volta das 19h00. Antes do início da marcha, que seguiu em direção à Câmara Municipal, foram lidos manifestos, tanto em português quanto em inglês. “Viva a luta do povo palestino”, “Israel é um estado assassino” e “Abaixo o sionismo” foram algumas das frases entoadas pelos manifestantes. Esta segunda-feira, assinalou-se um ano sobre o ataque do Hamas a Israel e sobre o início da ofensiva israelita em Gaza.
“A gente continua na rua, porque é necessário”, diz Duarte, um dos manifestantes presentes, ao JPN. “Vê-se que continua muita gente a mobilizar-se por uma das causas mais nobres que existem: garantir que o povo não continua a ser aprisionado e sobretudo, não continua a ser violentado e oprimido como tem sido de forma ainda mais intensa ao longo deste ano”, afirma, recordando que a situação começou “há já largas décadas”.
Duarte participa nas vigílias de solidariedade com a Palestina desde o início, no final de 2023 e diz que é “nestes momentos em que há uma chamada mais alargada de pessoal para vir à rua, que quem trabalha e não pode noutras alturas aparece”.
O número de pessoas que participam nas vigílias oscila e para isso concorrem circunstâncias próprias do conflito: “Quando sabemos de notícias de mobilizações militares de Israel particularmente mortíferas, que tocam a sensibilidade de muito mais gente, nota-se que as pessoas se mobilizam mais”, afirma. Nur, jovem palestiniana a estudar em Portugal, partilha a mesma opinião, acrescentando que é “normal termos mais [participantes] em certas datas ou acontecimentos”. Reforça, por outro lado, a ideia de que o problema já se tornou impossível de evitar: “Não há como mudar de assunto ou seguir em frente”.
“O grupo é sempre mais ou menos o mesmo”, defendem Cláudio e Antonieta, outros manifestantes que protestam desde o começo daquilo a que chamam uma “indecência”. “As pessoas pensam que vir não contribui muito mais e ficam só pela indignação”, dizem ao JPN. Já Isabel, que também não falta a nenhum protesto, partilhou outro fator que considera explicar a falta de gente: “Acho que têm medo de dar a cara, de represálias, de questões relacionadas com os empregos”, afirma, fazendo referência a empresas “com capital israelita no Porto”.
“Estão aqui vários coletivos e vários grupos”, diz Joana Bernardes ao JPN, uma das colaboradoras da organização dos protestos, mencionando a presença da Habitação Hoje como exemplo disso. “Por acaso, não vemos pessoas fora da nossa bolha, mas existem várias bolhas, tal como existe a de pessoas que acreditam que aquilo que Israel está a fazer não é um genocídio e que tem legitimidade para matar milhares de pessoas apenas por causa do 7 de outubro”, afirma. “Nós temos pessoas aqui, judaicas, que estão contra o genocídio. Um genocídio não justifica outro”, acrescenta, relembrando que é fundamental ter “empatia”.
Já à frente da Câmara Municipal, nos Aliados, a marcha terminou com uma sessão de “microfone aberto”, onde todos os participantes foram convidados a participar, bem como com a venda de comida e bebidas para angariação de fundos destinada à associação “Youth of Sumud”. Cumpriram-se ainda 30 minutos de silêncio e a vigília terminou por volta das 23h00. Em Braga e em Lisboa também se realizaram manifestações.
Editado por Filipa Silva