O festival literário Escritaria celebra a obra do poeta e músico brasileiro Arnaldo Antunes este ano. O festival conta com grandes nomes da literatura e da música, destacando-se as artistas Marisa Monte e Adriana Calcanhoto.
A partir de hoje (21) e até domingo, Penafiel “veste-se a rigor para receber o homenageado” do Escritaria, com um programa multidisciplinar com eventos dedicados à música, literatura, teatro e artes plásticas.
A música destaca-se este ano, porque a programação é um espelho da figura homenageada: “Arnaldo Antunes, que para além de ser poeta, compositor, é também músico e um artista”, explica ao JPN Daniela Oliveira, a vereadora responsável pela pasta da Cultura da Câmara Municipal de Penafiel.
Há, por isso, no programa vários momentos musicais com convidados que fizeram e fazem parte da vida e obra do homenageado. A portuguesa Márcia sobe ao palco para uma conversa-concerto na quarta-feira (23). No dia seguinte, é a vez de Marisa Monte, com quem Arnaldo Antunes partilhou o projeto Tribalistas, ser a protagonista de uma conversa-concerto (22h00). Na sexta (25), é Adriana Calcanhoto que se junta em palco a Arnaldo Antunes e, no domingo (27), o Escritaria encerra com o concerto “Lágrimas No Mar”, referente ao último trabalho de Arnaldo Antunes e do pianista Vitor Araújo.
Mia Couto, Adolfo Luxúria Canibal, Rui Reininho, Luísa Sobral, Martim Sousa Tavares e Salmuel Úria são outros autores que também vão proporcionar momentos musicais e de conversa sobre a arte de escrever.
Mia Couto vai apresentar o seu novo romance “A Cegueira do Rio”, na quinta-feira (24). No dia seguinte, a programação conta com um debate entre Mafalda Veiga, Martim Sousa Tavares e Samuel Úria sobre a poesia e a sua relação com a música. Mais tarde, Arnaldo Antunes dará uma grande entrevista a Tito Couto. No domingo, é possível acompanhar Adolfo Luxúria Canibal, vocalista dos Mão Morta, e Rui Reininho, líder dos GNR, no debate “A poesia resiste”, com moderação de Minês Castanheira.
Uma das grandes novidades desta edição é o Bosque do Escritaria, um projeto artístico que representa todos os homenageados do festival. Este “bosque”, que será inaugurado na sexta-feira, 25, pelas 11h00, no Jardim do Sameiro – com a revelação do busto e frase evocativa de Arnaldo Antunes -, vai ter diferentes árvores escolhidas pelos autores homenageados ou pelos seus familiares (no caso dos que, entretanto, faleceram), sendo que quatro destas serão esculturas por terem sido escolhidas árvores que não sobreviveriam ao clima da cidade.
Também será possível visitar, na Casa da Caturra, a exposição “Pela Janela do Olhar”, da artista Mafalda Rocha, com os retratos pintados de cada homenageado do festival.
Outra novidade é que parte do festival terá lugar no Ponto C – Cultura e Criatividade, um novo equipamento municipal acabado de estrear, com 15 mil metros quadrados e um Auditório para 400 pessoas, e que vai acolher os concertos e conversas.
“O que difere o Escritaria de todos os outros festivais literários, não é só o facto de homenagear um autor vivo da língua portuguesa, mas sim celebrar o autor na nossa cidade de forma comunitária. Vamos continuar a fazer como sempre fizemos e vestir-nos a preceito. A cidade veste-se a rigor para receber o homenageado”, refere Daniela Oliveira.
O Escritaria deste ano inclui oficinas de linogravura, no dia 26, para que toda a comunidade possa homenagear Arnaldo Antunes através da arte. A arte de rua exposta durante a semana também incluiu a participação das instituições de solidariedade social e as escolas da cidade.
O festival está a ter uma grande procura, com os eventos que exigem a reserva ou compra de bilhetes já esgotados. “Este ano não é exceção, também teremos sala cheia”, acrescenta a vereadora, que acredita que esta situação se deve à “oportunidade de termos connosco artistas internacionais reconhecidos em Portugal e Europa, bem como personalidades de renome”.
Arnaldo Antunes, de 64 anos, fez parte de projetos como os Titãs e os Tribalistas, este último partilhado com a artista Marisa Monte. Tem mais de 20 livros e 13 álbuns, entre o pop e o rock brasileiros. A sua obra é interartística. Nas suas performances, Arnaldo Antunes combina a música, a literatura e a imagem, com apresentações que exploram o diálogo dos sentidos com a poesia.
Editado por Filipa Silva
Artigo corrigido às 15h30 do dia 21 de outubro de 2024. A exposição “Pela Janela do Olhar” vai estar patente na Casa da Caturra e é da autoria de Mafalda Rocha e não de Sara Rocha, como erradamente se referia.