A um mês do início do festival, o Porto/Post/Doc anunciou a programação completa, com um catálogo culturalmente heterogéneo e um foco no repensar dos valores europeus.
Apresentação do PPD decorreu no Batalha Centro de Cinema. Foto: Olavo Freitas/JPN
O festival internacional de cinema documental Porto/Post/Doc anunciou a programação completa esta quarta-feira (23). O festival vai ter lugar, sobretudo, no Batalha Centro de Cinema, mas também terá sessões no Passos Manuel e na Casa Comum. O festival vai decorrer de 22 a 30 de novembro.
Em conferência de imprensa, o diretor Dario Oliveira colocou ênfase na importância que o festival tem para a cultura de cinema da cidade do Porto, falou sobre o crescimento que ele tem tido nos últimos anos no âmbito académico, e na necessidade de mais eventos como este acontecerem.
Guilherme Blanc, diretor artístico do Batalha Centro de Cinema, disse que o Porto/Post/Doc tem uma “afinidade à programação habitual do Batalha”. “Do ponto de vista artístico e do pensamento daquilo que é o Batalha, [o acolhimento do festival] é algo muito natural e que os públicos conseguem compreender. Eles vêm ao festival e têm essa compreensão que o festival tem a sua textura, o Batalha tem a sua textura” e que há um “diálogo muito profícuo” entre as duas, disse Blanc.
O festival deste ano marca o início de uma trilogia, denominada “O Movimento dos Povos”, que será dividida em três edições do festival. Esta edição será chamada “A Europa não existe, eu estive lá” e questiona os valores europeus num mundo em que guerras, invasões, ameaças à democracia e o ressurgimento do fascismo são parte de uma crise que é enfrentada diariamente.
O festival abre a uma sexta-feira, 22 de novembro, com a exibição do filme “Apocalipse nos Trópicos” (Batalha, 21h15), de Petra Costa. O filme mostra os bastidores de um dos períodos mais tensos da história contemporânea da política brasileira e revela a relação íntima da política com a religião no país.
“Apocalipse nos Trópicos”, de Petra Costa. Foto: D.R.
Quanto à restante programação da 11ª edição do Porto/Post/Doc, há várias secções competitivas. A “Competição Internacional” conta com uma seleção de dez documentários contemporâneos com diferentes perspetivas políticas, sociais e culturais. A “Competição Cinema Falado” envolve 12 filmes que misturam a técnica documental com uma liberdade criativa narrativa, desde animações até técnicas ficcionais. Já a “Competição Cinema Novo” destaca o trabalho de jovens talentos portugueses das curtas-metragens (há dez em competição). A também já tradicional “Transmission” retrata o mundo da música com filmes de diversos contextos, que vão da história dos ABBA aos Pavement, incluindo uma sessão especial sobre o “enorme” Brian Eno.
Também há a competição “Working Class Heroes“, que traz três curtas-metragens realizadas na cidade do Porto: “Cristóval-Pontebarxas”, de Alexandra Guimarães e Gonçalo L. Almeida, “Musgo“, da mesma dupla, e “Variações de como cultivar uma cidade“, de Mónica Martins Nunes. O vencedor da competição vai levar um prémio de 75 mil euros.
Para além das competições, o festival tem vários outros programas temáticos, como o “Foco Salomé Jashi” que tem ênfase na obra da cineasta georgiana, que catalogou por imagens a cultura de seu país. O programa “Cinemateca dos subúrbios do mundo” reúne filmes das regiões periféricas das grandes metrópoles, a “Mostra Espanha” apresenta obras filmadas no vizinho ibérico, o “Tour d’Europe” com filmes suíços e o “Engawa Film Programme” importa produções proeminentes do cinema contemporâneo japonês.
O programa “Antes e Depois” dialoga com o programa “A Europa não existe, eu estive lá” ao oferecer filmes que dialogam com a cultura europeia e sua identidade incessantemente metamórfica. O festival também traz outros programas, como o “180 Media Academy“, com curtas que abordam o ofício de fazer o cinema, o “Docs4Teens” e a “School Trip“, voltados ao público adolescente e infantil.
Documentário de Jorge Quintela sobre o Centro Comercial Stop vai passar no PPD. Foto: D.R.
O festival ainda conta com quatro sessões especiais, com um destaque, para além das sessões de abertura e encerramento, para “Stop. Salas de ensaio para um materialismo histórico“, documentário de Jorge Quintela que busca encontrar nos remanescentes afetivos do centro comercial STOP uma parte da história da arte na cidade do Porto.
Além de filmes, há também sessões de debate com políticos, críticos, académicos e cineastas, em especial os programas “Fabrico em Série”, “Call to Action” e o “Fórum do Real”.
A sessão de encerramento, maracda para o dia 30, vai exibir um filme vencedor de uma das competições promovidas pelo festival, além do filme “Uma Alegoria Urbana”, de Alice Rohrwacher. A programação do Porto/Post/Doc está na íntegra na página do festival.
Editado por Filipa Silva