O antigo internacional português esteve nesta terça-feira (12) na Docapesca de Matosinhos, onde partilhou o seu conhecimento e a sua experiência piscatória com crianças da Escola Básica do Godinho. A ação de sensibilização deu ainda às crianças a possibilidade de subirem a bordo de um barco e saberem mais sobre a pesca.

De gorro na cabeça e com o colete vestido, uns com camisolas outros com fotografias para autografar, as crianças da Escola Básica do Godinho animaram, esta terça-feira, a Docapesca, em Matosinhos, entusiasmados que estavam com a oportunidade de conhecerem Fábio Coentrão. O caxineiro, antigo jogador de futebol, veio a terra falar sobre o mar, agora que é armador e tem uma frota de barcos em Vila do Conde.

A conversa, parte de uma ação de sensibilização promovida pela Marine Stewardship Council (MSC), uma organização sem fins lucrativos que visa estabelecer padrões para a pesca sustentável, ocorreu à beira de uma dessas embarcações: o Cidade Celestial, barco que as crianças tiveram a oportunidade de visitar no final da conversa.

O ex-futebolista do Real Madrid e da Seleção Nacional, que tem nas suas raízes uma ligação profunda à vida piscatória, partilhou a sua experiência e destacou a importância de respeitar o ciclo de vida dos peixes para proteger os recursos marinhos.

 Ao falar com os jovens sobre a importância da sustentabilidade, Coentrão reforçou o compromisso em seguir práticas de pesca responsáveis, como respeitar o tamanho mínimo dos peixes e preservar espécies jovens. “Quando cuidamos do mar, o mar vai cuidar de nós”, disse o ex-internacional português. Coentrão frisou que capturar apenas peixes adultos e deixar os jovens crescerem, contribui para a preservação dos recursos marinhos.

Coentrão partilhou também as regulamentações rigorosas que ele e outros pescadores seguem, explicando, por exemplo, que não se pode usar anzóis menores que uma determinada medida para evitar a captura de peixes pequenos. “Imagina um anzol assim… eu não posso usar menos que isto. Eu tenho a regra, só daí para cima, que é para não apanhar os mais pequenos, que vão ter mais tempo para crescer”, explicou, enfatizando o compromisso com a sustentabilidade ambiental.

Para Coentrão, o mar representa muito mais do que apenas trabalho. “O futebol, como é óbvio, não dura para sempre. Como tinha a pesca em mente desde que nasci… é algo que gosto muito”, afirmou, ao comentar a transição do futebol para o setor piscatório. Hoje, além de o aproximar da família, a pesca proporciona-lhe um sentido de responsabilidade com o meio ambiente, algo que considera essencial.

Fábio Coentrão é natural da vila piscatória das Caxinas. Foto: Diogo Sousa/JPN

Embora esteja afastado dos campos, Coentrão confidenciou aos jornalistas que ainda acompanha futebol: “Eu gosto de futebol, vejo futebol, mas sinto que tinha que me dedicar a este meu mundo novo, aprender… Senti que tinha que tirar dois ou três anos só para me dedicar mesmo ao negócio.” Ainda assim, acompanha com interesse o mundo que foi também o seu desde tenra idade e foi instado a comentar a saída de Rubem Amorim, afirmando que “o Sporting perdeu uma peça importante” e revelando estar “muito contente” pelo sucesso do antigo companheiro de seleção.

Rodrigo Sengo, representante da MSC, destacou que a iniciativa desta terça-feira visou sensibilizar as futuras gerações: “Queremos passar essa mensagem aos mais jovens, que existe um futuro nesse setor da pesca, que pode existir um mercado para setores bem feitos, através de uma pesca sustentável.

Durante o evento, Sengo reforçou o compromisso do MSC com a sustentabilidade na pesca, explicando que a organização atua para certificar pescadores e empresas que seguem boas práticas e respeitam o ecossistema marinho, atribuindo um selo azul às entidades que cumprem com as regras ambientais. “Isto é um trabalho de equipa. Temos que estar juntos no mesmo barco, com objetivos muito bem definidos para que a indústria, a administração, as ONG, como a MSC, para que os consumidores possam ter muito claro que futuro queremos para os nossos oceanos”, acrescentou Sengo.

O evento terminou com uma fotografia de grupo. Foto: Diogo Sousa/JPN

O objetivo da MSC é “acabar com a sobrepesca”, disse ainda o responsável da ONG, e chamar a atenção para a necessidade de investimentos em pesquisa científica para assegurar a viabilidade dos oceanos. “Acreditamos que no futuro os oceanos podem continuar a ter vida, mas é necessário investir na investigação científica”, declarou, apontando para a importância de fornecer aos cientistas e gestores as ferramentas adequadas para uma gestão eficiente dos recursos marinhos.

O evento incluiu um momento especial em que as crianças puderam interagir com os pescadores e entender melhor o funcionamento da vida a bordo de um barco.

O pequeno Ricardo, um dos participantes, partilhou com o JPN o seu entusiasmo pela pesca e sua admiração por Fábio Coentrão, um ídolo que agora dedica a vida ao mar. Ao ser questionado sobre o que queria ser quando crescesse, Ricardo afirmou: “Quero ser pescador quando for grande. O meu pai também é, e eu gosto de ir com ele à pesca”.

O evento organizado pelo MSC serviu também para assinalar o Dia Nacional do Mar.