Após 15 anos de carreira, a banda indie brasileira O Terno despediu-se dos fãs com um concerto memorável na quinta-feira (21), no Coliseu do Porto. A noite foi dedicada a recordar os maiores sucessos do grupo, como "Ai, Ai, como eu me iludo" e "O Bilhete", num espetáculo carregado de emoção e nostalgia.

Na noite de quinta-feira (21), o público que acorreu ao Coliseu do Porto viveu momentos de grande emoção e nostalgia. A banda paulista O Terno, composta por Tim Bernardes, Guilherme D’Almeida (Peixeira) e Gabriel Basile (Biel), celebrou 15 anos de carreira com a sua fusão única de indie, rock e música popular brasileira (MPB).

Embora o álbum “<Atrás/Além>”, idealizado para ser o último, tenha sido lançado em 2019, o desejo de realizar uma digressão de despedida foi adiado devido à pandemia. Cinco anos volvidos, a tourné arrancou em março, em São Paulo, e terminou agora no Porto.

Num concerto que durou cerca de duas horas, Tim Bernardes conversou pontualmente com o público. Sobre “<Atrás/Além>”, descreveu-o como um marco: “É sobre crescer, tornar-se adulto, ou renascer para uma nova fase da vida, algo que acontece mil vezes ao longo dela”.

O alinhamento do concerto foi composto por várias canções que definiram a carreira do grupo, incluindo “Volta”, “Culpa” e “Morto”. Um dos momentos mais aguardados foi a interpretação de “Bielzinho/Bielzinho”, música dedicada ao baterista do grupo, mas que também cita Peixeira e Tim. Para encerrar, a banda escolheu ‘66’, faixa que dá título ao seu primeiro álbum. Durante a performance, Tim deixou-se levar pelos braços do público, numa cena que ficará gravada na memória dos presentes.

O Terno

Antes mesmo da abertura das portas, os fãs formaram longas filas debaixo de chuva, determinados a marcar presença o mais perto possível da banda neste adeus. O evento reuniu pessoas de todas as idades e histórias: casais, amigos, famílias e até quem foi sozinho, todos unidos pelo amor à banda.

Fernanda Coelho (18), estudante, partilhou com o JPN que este foi o seu primeiro e último concerto de O Terno. Apesar da despedida, sentiu-se grata pela oportunidade de viver este momento único. Já a sua amiga, Isabel Hämäläinen (18), também estudante, conta estar triste pelo fim da banda, mas feliz por ter assistido ao concerto ao vivo.

Para muitos, O Terno não é apenas uma banda, mas um sentimento. António Teixeira (20), trabalhador-estudante, recordou como o grupo marcou a sua adolescência, especialmente nos momentos de desilusão amorosa ao som de “Ai, ai, como eu me iludo”. Rita Paredes (27), também trabalhadora e estudante, revelou que ouviu “O Bilhete” no carro com o namorado, e ambos choraram ao imaginar viver a história retratada na canção – algo que, anos mais tarde, acabou mesmo por acontecer.

A despedida foi também uma celebração dos laços criados pela música. Pedro Alves (23), Sofia (21) e Gabriel Andrade (21), estudantes da Universidade Católica Portuguesa, lembraram a oportunidade de assistir a uma masterclasse de Tim Bernardes, onde Pedro pôde até partilhar a sua própria arte com o cantor. Gabriel destacou o impacto desse momento: “Espero que continuem, nos seus projetos a solo, a tocar-nos o coração, porque as letras deles têm esse poder”.

Para outros, como Mariana (23) e o seu pai, Paulo (57), a banda foi uma ponte de conexão em viagens de carro, enquanto refletiam sobre as letras das músicas. Já para André (24), que se mudou para Miami, Minas Gerais serviu como conforto para a saudade de casa e para imaginar o regresso às montanhas do estado. Ellen Cristina (23), que também emigrou, partilhou que a banda foi crucial para enfrentar a depressão e manter um elo com as suas raízes.

Entre aplausos, lágrimas e sorrisos, O Terno despediu-se dos palcos, deixando nos fãs um sentimento de gratidão pelo anos que se passaram e a certeza de que, embora o grupo tenha encerrado a sua trajetória, as suas músicas continuarão a ecoar nas memórias e nos corações de quem foi tocado por elas.

Editado por Filipa Silva