É num armazém em Perafita que se localiza o Banco Alimentar Contra a Fome do Porto. Este ano, a instituição completa 30 anos a ajudar quem mais precisa.
Há 30 anos que o Banco Alimentar do Porto se apresenta como “um Banco de todos para todos”. Conhecido pelas suas campanhas de recolha de alimentos nos supermercados, a próxima está marcada já para este fim de semana, nos dias 30 de novembro e 1 de dezembro.
Inês Pinto Cardoso, diretora técnica da instituição e responsável por estas campanhas, conta que a expectativa é que, entre todos os supermercados do Porto, se consigam atingir as 400 toneladas de alimentos. “Era super bom conseguirmos ter mais 12 ou 20 toneladas do que na campanha anterior”, disse ao JPN.
O Banco Alimentar do Porto apoia atualmente cerca de 300 instituições no distrito do Porto. A equipa é composta por 13 funcionários e cerca de 312 voluntários, que contribuem diariamente para que a ajuda alimentar possa chegar a todos os que dela necessitam.
No entanto, o Banco Alimentar não contacta diretamente com as pessoas, chegando a elas através do apoio às instituições que estão no terreno, e que “depois dão apoio às pessoas em formato de cabaz ou de refeição”, explica a diretora técnica. Estas ajudam todo o tipo de populações em risco, desde famílias carenciadas, idosos, crianças e jovens retirados à família, vítimas de violência doméstica e pessoas portadoras de algum tipo de deficiência.
A responsável realça ainda a importância do trabalho dos voluntários que apoiam o Banco Alimentar do Porto: “se não tivéssemos o número de voluntários que temos aqui diariamente, não conseguiríamos fazer o que estamos a fazer neste momento”. Todos os dias, a instituição entrega uma média de 12 a 13 toneladas de alimentos a cerca de 30/40 instituições.
A expressão “um Banco de todos para todos”, reflete, por isso, a missão do Banco Alimentar. “Primeiro, qualquer um pode ser voluntário, e depois, porque qualquer pessoa, um dia, pode precisar de apoio alimentar”, explica a psicóloga de formação.
As dificuldades do Banco Alimentar do Porto
Na manhã de outubro em que o JPN visitou o armazém, Inês Pinto Cardoso confessou que a instituição tem enfrentado alguns desafios. Um deles prende-se com o aumento do preço de alguns alimentos, como o azeite, que tem chegado em muito menor quantidade.
Para além disso, sendo que “a logística mexe muito com cadeia de frio, receção e saída de alimentos”, Inês considera que o Banco Alimentar pode ainda “melhorar processos em termos de segurança interna de armazém, por exemplo”.
A questão do voluntariado também é uma das principais preocupações da instituição. Neste aspeto, as principais questões têm a ver com motivar mais voluntários a juntarem-se à causa e a ficarem mais tempo. No entanto, conseguir fazer mais “protocolos com estabelecimentos de ensino e organizações da sociedade civil” é também um dos principais objetivos.
A sustentabilidade também é um desafio para o Banco Alimentar do Porto. A Campanha “Papel por Alimentos” ajuda a promover a sustentabilidade ambiental, mas também “a área de sustentabilidade energética é algo que nos preocupa”, aponta a responsável. A sustentabilidade financeira também exige cuidado, especialmente por se tratar de uma instituição sem fins lucrativos.
Para além da recolha de alimentos
Apesar de ser o seu principal foco, o trabalho do Banco Alimentar do Porto não se centra exclusivamente na recolha de alimentos. Nos últimos 30 anos, cada vez mais empresas se têm envolvido no voluntariado e também as escolas, grupos paroquiais e de escuteiros fazem visitas de estudo para “conhecer os cantos à casa”.
A luta contra o desperdício alimentar tem sido também um importante foco de ação. Algumas das soluções passam por “educar as pessoas que recebem os nossos produtos sobre esta questão, para aproveitarem melhor os alimentos e interpretarem melhor os prazos de validade”, afirma Inês Pinto Cardoso.
O Banco Alimentar do Porto já proporcionou formações em questões de literacia financeira e do desperdício alimentar. “Estivemos a cozinhar com as famílias que recebem produtos nossos para saberem o que podem fazer com o feijão, por exemplo”, informa na entrevista.
Desta forma, o apoio alimentar torna-se muito mais do que isso, podendo ser visto como “um meio para que as pessoas que estão a ser apoiadas possam ganhar uma nova competência”, remata. Assim, a missão do Banco Alimentar passa também pela mobilização da sociedade civil e pela luta contra o desperdício: “é distribuir o que sobra onde falta”.
Este artigo foi realizado no âmbito da disciplina TEJ II – Online
Editado por Filipa Silva