O voluntariado é fundamental na ajuda aos que mais precisam. Inês Pinto Cardoso, diretora técnica do Banco Alimentar do Porto, destaca a importância da participação dos jovens nesta atividade.

Inês Pinto Cardoso é diretora técnica do Banco Alimentar do Porto. Foto: Ana Sofia Soares/JPN

Desde cedo dedicada ao voluntariado, Inês Pinto Cardoso é, desde 2019, diretora técnica do Banco Alimentar do Porto. Integra ainda o serviço de Apoio Social da instituição e é responsável pela Campanha de Recolha de Alimentos nos supermercados.

Com o aumento, não só do nível, mas também da intensidade da pobreza em Portugal, o desafio é cada vez maior para instituições como o Banco Alimentar. No entanto, Inês mostra-se otimista e acredita que “o Banco Alimentar tem construído e está a construir todas as condições para continuar a responder às solicitações das instituições que pedem apoio, e, por sua vez, as instituições às pessoas que pedem ajuda”.

O voluntariado é uma forma de participação cívica que pode mudar a vida de alguém em necessidade. E não só, refere Inês Pinto Cardoso: nesta atividade existe “um ganho das duas partes”. Quando um voluntário doa o seu tempo em prol de uma causa, esse “é um tempo em que também está a corresponder àquilo que são as suas motivações e necessidades”, explica Inês.

Os jovens e o voluntariado

Para a diretora técnica do Banco Alimentar do Porto, a participação dos mais jovens nas atividades de voluntariado é fundamental, e, quanto mais cedo estes se envolverem com a causa, melhor. Dessa forma, os jovens “sabem que podem ter um papel mais ativo em termos sociais e que muitas das instituições só beneficiam com a sua presença”, afirma.

Inês Pinto Cardoso alerta ainda para um problema comum a todas as instituições: a falta de recursos humanos. Para além de poderem contribuir para atenuar esta falha, a responsável considera que “os jovens vão ser a chave, a médio e longo prazo, do que é a sociedade daqui a dez, 20 anos”, e por isso, a participação cívica é algo fundamental e que deve estar presente na sua formação.

De forma a motivar os jovens a envolverem-se no voluntariado, o Banco Alimentar tem colaborado com instituições de ensino, como o Colégio Luso-Francês, para que os alunos participem na recolha de alimentos. A psicóloga de formação salienta a importância deste tipo de parcerias, em que cada estudante faz a diferença. “É um jovem no meio de uma equipa, mas é esse jovem que faz o todo e o todo é maior do que a soma das partes”, explica.

No entanto, existem outras formas de motivar os jovens a tornarem-se voluntários.

Inês considera que “os jovens têm de se inspirar uns aos outros e que uns têm de puxar os outros”, referindo o papel que as redes sociais podem ter neste processo. Contudo, destaca ainda que, para que isso aconteça, “esse tema do voluntariado deve ser trazido para as escolas, turmas, grupos de amigos”.

Voluntariado na cidade do Porto

Relativamente à cidade do Porto, Inês Pinto Cardoso faz um balanço positivo, afirmando que a população portuense é ativa no que toca ao voluntariado, principalmente após a pandemia. “Temos agora de ter capacidade de reter esses voluntários”, aponta. Afirma ainda que esse é um dos principais desafios do Banco Alimentar do Porto: “a questão do voluntariado é sempre uma preocupação gigante para nós”.

Voluntário do Banco Alimentar do Porto. Foto: Ana Sofia Soares/JPN

O Banco Alimentar do Porto abre uma enorme rede de opções no que toca ao voluntariado. Inês explica que os voluntários “podem não contribuir para o Banco Alimentar, mas podem contribuir para o lar de idosos da sua freguesia, para uma casa de acolhimento de jovens e crianças ou fazer voluntariado numa instituição de sem-abrigo”.

Mas não é só a fazer voluntariado que as pessoas do Porto são ativas e solidárias. O mesmo acontece com a doação de alimentos e outros produtos, aquando das campanhas de recolha do Banco Alimentar nos supermercados. “O Banco Alimentar do Porto está em contraciclo. Nós temos aumentado as doações de ano para ano e todos os outros Bancos estão a baixar”, declarou a diretora técnica na entrevista.

Alimentos no armazém do Banco Alimentar do Porto. Foto: Ana Sofia Soares/JPN

Aqui no norte as pessoas são mesmo muito solidárias e todos os apelos que temos feito à comunidade social, aos cidadãos em termos particulares, e às organizações têm sido acolhidos e isso para nós é muito gratificante”, acrescenta.

O facto de o Banco Alimentar do Porto estar em contraciclo tem ainda outra explicação. A responsável pela Campanha de Recolha de Alimentos aponta para o facto de existirem cada vez mais voluntários em loja. “Fazemos mais lojas do que antigamente, temos mais capacidade para estar em vários pontos de recolha e, por isso, angariamos mais alimentos”, conclui.

Recolha de alimentos do Banco Alimentar do Porto

Nos próximos dias 30 de novembro e 1 de dezembro vai haver uma nova campanha de recolha de alimentos do Banco Alimentar nos supermercados. Na região do Porto, a expectativa é ultrapassar as 400 toneladas de alimentos. A ação vai ter lugar em mais de 300 super e hipermercados do distrito. A atividade da campanha passa também pelo armazém do Banco Alimentar em Perafita, onde os bens – como leite, conservas, azeite, arroz, açúcar e massas – chegam para serem separados e organizados, antes de seguirem para as instituições.

Na linha da vontade de envolver os mais novos, no domingo realiza-se a “Manhã da Criança”, uma iniciativa especial, direcionada a crianças entre os seis e os 14 anos, que entre as 10h00 e as 13h00 vão ter a oportunidade de ajudar nas tarefas do armazém.

Enlatados no armazém do Banco Alimentar do Porto. Foto: Ana Sofia Soares/JPN

As expectativas de Inês Pinto Cardoso passam também  pela perceção, por parte das pessoas, do impacto destas campanhas no apoio a quem mais precisa: “A expectativa é que as pessoas também percebam que, quando vão para o supermercado, realmente fazem a diferença”.

Este artigo foi realizado no âmbito da disciplina TEJ II – Online

Editado por Filipa Silva