Greve convocada pelo Sindicato Nacional dos Maquinistas, na sequência de declarações de um membro do Governo, vai causar fortes restrições na circulação dos comboios e também do metro esta sexta-feira (6). Efeitos começam a sentir-se já esta noite.
Se costuma deslocar-se de metro ou comboio no Grande Porto, o melhor é pensar numa alternativa para esta sexta-feira, dia 6 de dezembro. Por força de uma greve geral convocada pelo Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ), as composições do Metro do Porto e da CP-Comboios de Portugal vão circular com fortes restrições.
A Metro do Porto já informou os utentes que vai encerrar a operação mais cedo já esta quinta-feira. As últimas partidas das composições afetas às diferentes linhas vão ser realizadas entre as 22h00 e as 23h00. Depois dessa hora, os metros em circulação chegarão aos respetivos destinos, mas não se iniciam novas viagens.
Ao longo do dia de sexta-feira, a previsão da empresa é que o serviço vai estar “interrompido em toda a rede, apenas com circulações muito reduzidas no tronco comum (Senhora da Hora-Estádio do Dragão) e na Linha Amarela (D), durante os horários de ponta.”
Na CP, os efeitos também se fazem sentir já a partir de quinta-feira. A operação em todos os serviços – o que inclui o Alfa Pendular e Intercidades e os Comboios Urbanos do Porto -, vão estar a funcionar em serviços mínimos.
Razões da paralisação
A greve geral dos maquinistas foi anunciada na sequência de declarações do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, que os profissionais consideraram “inaceitáveis e insultuosas”.
A 14 de novembro, à saída do Conselho de Ministros, o ministro informou que o Governo tinha aprovado um novo decreto-lei com vista à prevenção dos acidentes ferroviários.
Leitão Amaro referiu que Portugal tem “o segundo pior desempenho do mundo, por quilómetro de ferrovia, em acidentes” e que por isso o governo decidiu “reforçar as medidas de contraordenação para os maquinistas deste transporte ferroviário, criando uma proibição de condução sob o efeito de álcool”. Perante um mau desempenho seria preciso reforçar o quadro contraordenacional dos maquinistas, “dos mais leves da Europa”, segundo o ministro.
Sem apresentar dados que relacionassem uma coisa e a outra, as reações não tardaram a chegar com, entre outros, a Comissão de Trabalhadores da CP a acusar o governo de insulto e ignorância.
Os trabalhadores referiram, e detalharam com números, que a “esmagadora maioria” dos acidentes ocorre por razões ligadas à infraestrutura, bem como por “presumíveis suicídios” ou “tentativas de suicídio.
Na exposição de razões para a convocação da greve, o SMAQ reitera que “não existe qualquer registo de acidentes provocados pelo consume de álcool” e pede por isso “respeito” pela classe e uma “clarificação” das declarações ministeriais.
O ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, pronunciou-se sobre o caso dias depois da intervenção de Leitão Amaro, para dizer que não havia “desculpas” a pedir porque “não houve nenhuma relação de causa-efeito estabelecida pelo Governo”.
O SMAQ refere que a greve decorre também da “necessidade urgente de implementar melhorias que garantam a segurança ferroviária”, dando como exemplos: “a insuficiência de sistemas de deteção de obstáculos na Linha do Douro, descarrilamentos na Linha do Vouga, a degradação da infraestrutura, material circulante obsoleto”, entre outros.
Além da Metro do Porto e da CP, a greve geral dos maquinistas vai também afetar os serviços da Fertagus, Metro do Sul do Tejo, Captrain e Medway.