Parque Urbano Dr. Mário Soares foi inaugurado na tarde de quinta-feira, na zona da Lapa e contou com a presença do Presidente da República e da família do antigo chefe de Estado. Segunda fase da obra do parque, sem data prevista.

Os filhos, Isabel e João Soares, ajudaram a descerrar o busto de homenagem ao antigo chefe de Estado português. Foto: Fernanda Lima/JPN

O Parque Urbano Dr. Mário Soares, que foi nomeado em honra de uma figura que, segundo Rui Moreira, foi “a grande figura da política portuguesa do século XX”, foi inaugurado na quinta-feira (5). Além do presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP), estiveram presentes na cerimónia o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, os filhos do homenageado, Isabel Barroso Soares e João Soares, além dos netos Lilah Soares e Jonas Soares, bem como figuras políticas nacionais, como Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, partido de que Soares foi um dos co-fundadores.

O Porto foi escolhido como ponto de partida para as comemorações do centenário do nascimento de Mário Soares. Sobre a ligação de Soares à Invicta, Rui Moreira comentou: “o seu amor pela liberdade era absoluto e incondicional, o que explica a sua grande afinidade com a cidade do Porto. Em várias intervenções públicas, chamou ao Porto ‘a cidade da liberdade’ e enfatizou a sua importância para a instauração do liberalismo no país em 1820″.

Também Isabel Barroso Soares, presidente da Fundação Mário Soares, sublinhou a relação do antigo Presidente da República com o Porto: “o meu pai tinha uma ligação muito forte a esta cidade, à sua gente e ao seu amor pela liberdade, sobretudo”. E ainda relembrou que na véspera de tomar posse em 1986, já como presidente eleito, Mário Soares veio ao Porto pôr uma coroa de flores ao Rei D.Pedro IV, como símbolo da liberdade. “Ele adorava vir ao Porto, sentia-se bem no Porto. Não havia nada que lhe tirasse o São João do Porto”, recordou.

Além da sua profunda paixão pelo Porto, há outro aspeto curioso da vida pessoal de Mário Soares, mencionado por Isabel Barroso Soares. O político português era um grande apreciador de plantas e, de acordo com a filha, “não havia uma árvore cujo nome ele não soubesse”.

Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu pelo facto de as comemorações começarem no Porto e lembrou, a propósito da ligação de Soares à cidade, as inúmeras vezes que encontrou o antigo Presidente da Republica portuguesa a passear pelo Porto – “encontrei-o, várias vezes, no Chanquinhas a almoçar [em rigor, o restaurante fica em Leça da Palmeira] ou na Livraria Académica, à procura de livros”, disse, até concluir que “a liberdade nasceu no Porto, em 1820, mas sofreu imenso até chegar a Portugal, em 25 de Abril de 1974”, um processo muito acidentado que teve em Mário Soares um protagonista.

Figura de proa na luta contra a ditadura em Portugal, facto que lhe valeu estar preso em diversas ocasiões, Mário Soares foi também o primeiro primeiro-ministro a ser eleito após o 25 de Abril, assim tendo um papel fundamental para a construção da democracia em Portugal. Para o atual Presidente da Republica, os 50 anos do 25 de Abril de 1974, que também se assinalaram este ano, e os “100 anos de Mário Soares, são inseparáveis, é preciso continuar a lutar no presente e no futuro pela liberdade pela qual lutou Mário Soares”, disse.

Neste “jardim do futuro”, como o designou Marcelo, além do parque foi também inaugurado um busto de Mário Soares, criado por Lagoa Henriques, autor de outros bustos do antigo Presidente da República, e da famosa escultura de Fernando Pessoa que está à porta d’A Brasileira do Chiado, em Lisboa. Aos discursos, seguiu-se uma volta pelo parque para conhecer um pouco do espaço. A comitiva dirigiu-se depois para a inauguração da exposição “O sal da democracia: Mário Soares e a cultura”, que pode ser visitada na Casa de Serralves até 1 de junho de 2025.

Segunda fase do parque ainda sem data

Idealizado como um refúgio ecológico dentro da grande cidade, o parque – que foi criado a partir de uma parceria entre a CMP e o grupo hoteleiro canadiano Mercan Properties – conta com um área verde de 17 mil metros quadrados, além de lagos projetados para o controle das cheias. As obras do Parque Urbano Dr. Mário Soares começaram em 2023, e custaram ao grupo que representa o Hotel Renaissance Lapa, cerca de três milhões de euros,  que acrescem ao milhão investido na requalificação das artérias viárias.

Segundo a vereadora Catarina Araújo, que é responsável pelo pelouro da Saúde e Qualidade de Vida, “este é um parque feito no coração da cidade que vai aumentar a mancha verde, com bacias de retenção extremamente importantes na prevenção e na mitigação do que têm sido os fenómenos meteorológicos”, afirmou ao JPN.

Está previsto que o parque Dr. Mário Soares cresça, mas não há data para a concretização da segunda fase do projeto. À margem do evento, o vereador Pedro Baganha, responsável pelo  Urbanismo e Espaço Público, declarou ao JPN que “até 2026” não estão previstas novas obras.

Editado por Filipa Silva