O programa ALOHA Mental Arithmetic é “uma matemática divertida” que marca presença nas escolas portuguesas. Sandra Pinho, coordenadora do método no Porto, explicou ao JPN no que consiste esta abordagem.
A matemática está presente, obrigatoriamente, no plano de aprendizagem escolar desde o primeiro ano até ao final do terceiro ciclo. É por muitos vista como um desafio, mas o programa ALOHA Mental Arithmetic procura mudar esta perceção sobre a disciplina.
A denominação ALOHA provém do acrónimo Abacus Learning Of Higher Arithmetic, e o programa consiste num método de desenvolvimento cognitivo que estimula o cérebro das crianças. O ábaco soroban, um instrumento antigo, é a base deste método. O programa auxilia a aprendizagem da matemática, enquanto promove a desenvoltura de competências como a concentração e a velocidade de raciocínio, além da autoconfiança, dos alunos.
O programa é destinado a crianças dos três aos 13 anos e tem três itinerários que as divide por idades: Tiny Tots Kinder, dos três aos cinco anos, Tiny Tots, dos seis aos sete anos e Kids, dos oito aos 13 anos.
Sandra Pinho, formada em psicologia, é há três anos coordenadora do método no distrito do Porto. Em conversa com o JPN, retratou a integração do programa no ensino português, assim como o impacto que tem nas crianças.
“Uma matemática divertida”
Para Sandra Pinho, o mais importante é a descrição que os alunos dão à atividade. “Nós somos uma matemática divertida, são palavras dos miúdos”, afirma Sandra. O modelo utilizado para as aulas, defende a coordenadora, apela ao lado divertido das crianças através de dinâmicas, jogos e desafios que têm por objetivo ajudar os alunos a alcançarem os resultados desejados de uma forma lúdica.
Por outro lado, o método, com origem na Malásia, tem regras fixas: apresenta um modelo que deve ser dinamizado de igual forma, independentemente do país onde é implementado. “É um modelo que deve ser respeitado”, explica a coordenadora.
Em termos de material, o ábaco é o “ponto de partida” deste método, mas o objetivo é que este não seja necessário a longo prazo. De acordo com a sua evolução, os alunos devem conseguir visualizar mentalmente este instrumento e “manipulá-lo” apenas com a criatividade.
Benefícios visíveis nos alunos
Sandra Pinho garante que as primeiras aptidões são adquiridas rapidamente, verificando-se uma evolução ao nível da agilidade mental e da capacidade de concentração dos alunos. Também classifica como notório o incremento da autoconfiança e autoestima das crianças, uma vez que ao “experienciar o sucesso” os mais pequenos tornam-se mais confiantes, explica a psicóloga. Segundo a coordenadora, este programa traz benefícios não só enquanto se estuda matemática, mas “para toda a vida destas crianças”.
Apesar de ser um método que auxilia na disciplina de matemática, a maioria dos professores do método ALOHA são psicólogos e esta é uma das características de preferência na seleção, segundo nos conta Sandra Pinho. “Pela diferenciação que o nosso programa apresenta”, refere a psicóloga, é possível que a sua aplicação, por quem já tenha enraizado o método tradicional de ensinar matemática, originasse “conflitos internos”.
ALOHA vai ter centro em Gaia
Atualmente, esta atividade é empregue maioritariamente no ensino privado – no distrito há 13 colégios e duas cadeias de centros de estudo onde o método é seguido – como uma atividade extracurricular. A ausência da sua aplicação no ensino público é justificada, por Sandra Pinho, por ser uma atividade “fora da caixa”, o que fará com que seja vista com “muita reticência”. Porém, o programa continua a crescer todos os anos.
Ter um “centro neutro” para poder dar resposta aos alunos que não têm o programa implementado nas suas escolas “surgiu como uma necessidade”, disse a psicóloga. Por isso, um dos objetivos para este ano letivo é a abertura da primeira academia física na cidade de Vila Nova de Gaia.
A matemática como uma competição divertida
O ALOHA Mental Arithmetic enfatiza a competição saudável através de propostas interativas, como campeonatos regionais, nacionais e internacionais. Os eventos nacionais são planeados pelo ALOHA Portugal, que diretamente com as câmaras municipais organiza as condições físicas necessárias para a realização dos mesmos.
“Isto é muito bom para eles e é muito bom para nós também”, declara a coordenadora ao referir o último evento internacional, em Madrid. Seis crianças portuguesas competiram e trouxeram quatro prémios para Portugal: três prémios de terceiro lugar e um Super Champion Mundial.
Este artigo foi realizado no âmbito da disciplina TEJ II – Online
Editado por Filipa Silva