A rede de transporte rodoviário em funcionamento desde dezembro de 2023 tem sido alvo de várias reclamações por parte dos utilizadores do serviço e está no centro das preocupações da nova empresa de gestão da mobilidade na Área Metropolitana do Porto, a TMP.

Marco Martins, à direita, vai deixar a presidência da Câmara de Gondomar para iniciar funções à frente da TMP, em fevereiro. Foto: Beatriz Tavares/JPN

“Recuperar a confiança das pessoas na Unir, melhorar a rede e trazer mais pessoas para os transportes públicos” são os principais objetivos da empresa Transportes Metropolitanos do Porto, formalmente constituída esta segunda-feira (13). A cerimónia de assinatura decorreu na sede da Área Metropolitana do Porto (AMP), “com cinco anos de atraso”, na leitura de Marco Martins.

O decreto-lei que definiu a criação desta empresa é de 2019, mas só agora saiu do papel, por falta de consenso entre os autarcas da AMP. Agora, é preciso recuperar o atraso, segundo Marco Martins: Sabemos que é fundamental para a região. É um desafio que já deveria ter começado há mais tempo”, acrescentou.

À frente da Câmara Municipal de Gondomar desde 2013, Marco Martins assume a presidência da empresa, ao lado dos vogais Carla Vale e Luís Osório, deixando por isso, a liderança da autarquia, que fica à responsabilidade do vice-presidente, Luís Filipe Araújo, a partir de 1 de fevereiro. Ainda assim, no início do seu discurso frisou que continua “a ser gondomarense”. O autarca diz encarar este novo desafio “com muita responsabilidade”, e grande expectativa, porque “os holofotes estarão virados para aquilo que conseguir fazer”.

À margem dos discursos oficiais, em declarações aos jornalistas, o em breve presidente da TMP salientou que “a maior prioridade da empresa será pôr a Unir a cumprir os horários e depois outros passos virão”. Problema que não promete resolver no imediato, mas que será atacado em primeiro plano: “Por mim, era ontem, mas será, obviamente, uma prioridade”, sublinha. Entre as prioridades vão estar também a “mobilidade sustentável, a mobilidade partilhada, os TVDE”. A Transportes Metropolitanos de Lisboa vai servir de referência à congénere do Porto.

De acordo com Marco Martins, o foco é tornar a “região mais coesa, mais sustentável e com mais mobilidade”. Para tal, é necessário “haver quem regule, uma cadeia de comando condutora”. Relembrou ainda a experiência como bombeiro para ilustrar que “quando há um incêndio que temos para apagar, há uma estratégia que tem de ser implementada.”

O autarca espera que no espaço de dois meses já haja trabalho a notar-se no terreno. A seguir, o plano é reunir com os operadores da rede Unir e com os autarcas, “para perceber quais são as grandes fragilidades e as necessidades mais urgentes dos cidadãos”.

Há ainda um “trabalho de fundo” a ser feito, nomeadamente, ao nível da bilhética, recordando que “a questão do Andante, tem já 20 anos”. Marco Martins defende que há “medidas do passado que agora terão de ser, de forma sustentada, revertidas”. Aponta como exemplo a dificuldade ao nível da gestão de informação dos clientes: “Temos uma grande dificuldade em informação e gestão de dados, porque os validadores são de cada operador. Há um sistema com bilhete único e depois temos máquinas e tecnologias repartidas, com integração, contratos. Este é o trabalho de fundo.”

Neste sentido, a partir de 17 de janeiro, esta sexta-feira, a TMP vai integrar os serviços que eram da responsabilidade da TIP – Transportes Intermodais do Porto. A empresa assume assim a gestão do sistema de bilhética Andante e, por consequência, o tratamento dos dados pessoais dos seus clientes, segundo consta no site Andante.

Na reta final como presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e do Conselho Metropolitano do Porto, Eduardo Vítor Rodrigues falou na cerimónia de “um momento único e histórico da Área Metropolitana do Porto e da região”, que interliga 17 concelhos, desde a Póvoa de Varzim a Arouca. O autarca afirmou que esta cerimónia não representa a criação de “mais uma estrutura”, mas o culminar de um projeto que “começou a ser concebido há seis anos”, que constitui a criação de um sistema integrado, em que o transporte público vai beneficiar de uma série de medidas que são absolutamente extraordinária para a vida das pessoas”.

No seu discurso, Eduardo Vítor Rodrigues frisou a importância do passe único, um dos pontos a aprimorar pela TMP, porque permitiu evitar ter de andar com uma “carteira com múltiplos passes” e destacou ainda o esforço dos municípios para proporcionar os apoios no pagamento dos passes, por exemplo a jovens e aos reformados. Esta medida representa “não apenas umas mudança de bilhete, mas uma mudança filosófica e em termos de custos”, que, graças a uma “rede integrada com os municípios – a pagar significativamente – de gestão de transportes” permite que a mobilidade na AMP seja feita de “forma mais acessível e ágil”.

A STCP, a CP e a Metro do Porto estiveram representadas na cerimónia, uma vez que os passes únicos implicam um concílio entre os serviços de todas estas operadoras de transportes públicos intermodais, às quais foi acrescentada a rede Unir, em dezembro de 2023. “Trabalhar em conjunto com as outras operadoras. O desafio é esse: promover a mobilidade na região de uma forma sustentável, equitativa, integral e transparente, acima de tudo, que traga o cidadão para o transporte público”, destacou ainda o futuro presidente da TMP. 

Editado por Filipa Silva