Quatro dias de festa, já a partir desta quinta-feira (23), com entrada gratuita, nos quais se vai "virar a casa do avesso" e "marchar sem parar". Programa conta com estreia nacional, sessão para famílias, um espetáculo dividido em dois dias e um DJ set.
Peça de Silvia Real & Sérgio Pelágio tem sessão aberta às famílias na manhã de sábado. Foto: Estelle Valente
O Rivoli, no Porto, assinala o 93.º aniversário “de portas abertas à comunidade”, com uma programação especial distribuída por quatro dias, entre quinta-feira (23) e domingo (26).
Em destaque está o espetáculo musical “Madrigals”, de Benjamin Abel Meirhaeghe, uma estreia nacional, que vai subir ao palco do Grande Auditório, sexta (24) e sábado (25). A performance dá uma nova vida à composição “Madrigali guerrieri et amorosi” (“Madrigais de guerreiros e amantes”), de Claudio Monteverdi, num cenário utópico, composto tanto por uma cenografia complexa e multifacetada, como por um grande vazio.
O espetáculo centra-se no “ponto zero”, “o ponto primordial que representa o fogo em torno do qual os primeiros humanos se reuniam, o buraco negro cósmico onde o tempo e o espaço desaparecem”, conforme se lê no site do teatro. Este ponto simboliza a fusão da música clássica de Verdi com a sonoridade contemporânea da pop experimental de Jesse Kanda, o que a traz “para um novo mundo”. Também entre os intérpretes se dá uma fusão que anula as diferenças “em momentos de transcendência própria”. “‘Madrigals’ leva-nos de volta à fonte, navegando contra a corrente”, descreve o Rivoli.
Nota para o facto de a performance ser falada em italiano, estando legendada em português e inglês, e de serem utilizadas luzes estroboscópicas ou intensas.
“Reflexos da vida moderna”
“Casio Tone Reprise”, de Sílvia Real & Sérgio Pelágio, é direcionada para o público mais jovem e familiar e vai estar em cena quinta (23), sexta (24) e sábado (25), no Pequeno Auditório do Rivoli. A peça nascida em 1997 reflete a vida moderna, através da história da Senhora Domicília que habita um apartamento minúsculo, onde o que é original e o que é réplica se confundem. A geometria e a ordenação dos elementos representam um presente que se assemelha, cada vez mais, ao que se vive atualmente: “o avesso do avesso, a imitação da imitação”. “Domicília é virtualmente capaz de reproduzir qualquer movimento, qualquer intenção, sem nunca nos dizer quem realmente é. Reflexos da vida moderna”, explicam os autores no site do TMP – Teatro Municipal do Porto.
“The Complete National Anthems of the World”, de Carlos Azeredo Mesquita, é outra das apresentações que integram a festa dos 93 anos do Rivoli. O espetáculo é de longa duração, prolongando-se por 12 horas, divididas pelos dias 25 e 26 de janeiro. Vão poder ser ouvidas perto de 300 gravações a capella de hinos nacionais, enquanto quatro músicos de uma banda filarmónica marcham e tocam sem pausas. Os hinos são legendados em português e inglês em tempo real e a peça faz-se acompanhar por um libretto que mede 15 metros de comprimento e lhes dá contexto.
Por cada 20 minutos a assistir à performance, o público pode participar num sorteio de comida grátis. O autor define o espetáculo como tendo “uma certa qualidade hipnótica” e que “explora, recorrendo à história, musicologia e sociologia, como se naturaliza, banaliza e abusa da existência de alteridades e identidades nacionais e sentimentos de unidade e pertença”.
No sábado (25), a partir das 23h00, o TMP Café serve de palco ao DJ set de “Batida”, como Pedro Coquenão se apresenta.
As celebrações vão ainda contar com a emissão do espetáculo “4/4”, na RTP2, sábado, às 22h00. A performance é da autoria da companhia australiana Chunky Move e foi gravado no Rivoli, em dezembro de 2024.
Os espetáculos dinamizados no âmbito do aniversário do Rivoli são de acesso gratuito, mas é necessário levantar bilhete nos dias das sessões, a partir das 10h00, na bilheteira do teatro ou na BOL. Assistir ao DJ Set de Batida não implica ter bilhete.