Autarquia leva proposta a votação na próxima reunião de câmara. Associação Nacional de Jovens Empresários fica a pagar renda mensal de 25 mil euros durante dois anos. Findo esse período, o edifício reverte para a autarquia portuense.
A sede da ANJE fica localizada em Lordelo de Ouro, próxima do Parque da Pasteleira e das Piscinas do Engenheiro Armando Pimentel. Foto: ANJE
O Executivo da Câmara Municipal do Porto vai votar, na segunda-feira (27), a compra do edifício-sede da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), localizado na Foz, por 4,3 milhões de euros.
A autarquia pretende criar no local um Centro Multifuncional de apoio ao Empreendedorismo. A ANJE mantém-se, contudo, a ocupar o espaço nos próximos dois anos, pagando à autarquia uma renda de 24.875 euros.
De acordo com a proposta que vai a votação, à qual o JPN teve acesso, a iniciativa do negócio terá partido da ANJE. A associação tem um edifício de seis pisos – a sua sede nacional – na Rua Paulo da Gama, em Lordelo do Ouro, com vista para o rio, num terreno que foi cedido gratuitamente a esta associação pela autarquia em 1992, justamente para que ali construísse a sua sede.
Perante a possibilidade de negócio, a autarquia pediu a uma entidade externa uma avaliação do valor do edifício – sem contar com o terreno, que foi, como se disse, cedido gratuitamente pela autarquia. A peritagem chegou a um valor de 4,3 milhões de euros. A uma outra empresa, a autarquia pediu uma avaliação da renda a pagar pela ANJE para permanecer no local, sendo proposto um valor que ronda os 25 mil euros mensais.
Findos os dois anos de contrato de arrendamento, “o imóvel será entregue ao município”, lê-se na proposta que vai ser votada pelos vereadores. O edifício é usado como centro empresarial pela ANJE, que ali presta serviços e aluga espaços a empresas.
A Câmara Municipal do Porto, na proposta assinada pelo vereador Pedro Baganha, refere que há no Porto atualmente “mais de 900 startups e scaleups ativas, empregando mais de 20 mil pessoas em setores estratégicos como tecnologia, saúde e fintech“. A compra do edifício, diz a câmara, “permitirá não apenas preservar este legado e a memória do empreendedorismo em Portugal [a ANJE foi a primeira organização do país dedicada ao empreendedorismo], mas também revitalizar o espaço para acolher novas iniciativas que estimulem a inovação e a criatividade, reforçando o ecossistema empreendedor da cidade.”
Sendo aprovada a compra pelo Executivo na segunda-feira, a proposta tem ainda de passar pela Assembleia Municipal do Porto e fica sujeita ao visto prévio do Tribunal de Contas.
Criada em 1986, a ANJE – que tem desde julho um novo presidente, Carlos Carvalho, CEO da Adyta, uma tecnológica do ramo das comunicações móveis, que é uma spin-off da Universidade do Porto – é uma associação de direito privado e utilidade pública com funções de representação dos jovens empresários portugueses e de apoia à sua atividade empresarial.
No seu site oficial refere que tem “cerca de 5.500 associados, mais de meia centena de colaboradores, uma dezena de áreas operacionais e vários núcleos regionais (Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve)”. Entre os seus projetos mais conhecidos está o Portugal Fashion, que a ANJE organiza desde 1995 e cujos problemas financeiros têm sido públicos em anos recentes, tendo estado na base, inclusivamente, do cancelamento da última edição prevista.