Centro Histórico da cidade e Bairros do Cerco e do Lagarteiro são os locais por onde vai passar, numa primeira fase, a nova unidade de consumo vigiado.

João Goulão, diretor da ICAD, Ana Povo, secretária de Estado da Saúde, e Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, assinaram auto de entrega da unidade móvel. Foto: Beatriz Tavares/JPN

muito anunciada, a unidade móvel de consumo vigiado do Porto chega ao terreno na próxima semana. O novo espaço vai estar preparado para receber e prestar assistência a pessoas com dependência de drogas injetáveis.

O veículo foi adquirido e adaptado pela Câmara Municipal do Porto e passa a estar à responsabilidade do Instituto dos Comportamentos Aditivos e Dependências (ICAD). A entrada em funcionamento dá início à segunda fase do Programa de Consumo Vigiado do Município do Porto

Está previsto que, numa primeira fase, a unidade móvel esteja essencialmente situada no Centro Histórico da cidade e na zona de Campanhã, nas imediações dos Bairros do Cerco e do Lagarteiro.

Em 2022, entrou em funcionamento a unidade fixa de consumo assistido no Bairro da Pasteleira, à qual cerca de 2.000 pessoas recorreram só no primeiro ano em operação.

As duas unidades – fixa e móvel – vão desenvolver um trabalho de forma articulada e próxima perto dos principais focos de venda e consumo de droga na cidade. Por este motivo e graças às suas possibilidades, a unidade móvel poderá ter de mudar as localizações – que se esperam habituais -,  conforme se verifiquem mudança dos pontos de consumo e tráfico de droga do Porto.

A chave do veículo foi entregue, esta sexta-feira (24), ao diretor da ICAD, João Goulão, após a assinatura do auto de entrega e afetação da unidade móvel de consumo vigiado pelas três entidades envolvidas: o município do Porto, o ICAD e o Governo. A formalização teve lugar na Câmara do Porto.

O Programa de Consumo Vigiado custou até agora 640 mil euros à autarquia, mas o presidente, Rui Moreira, frisou a importância de continuar a investir no combate ao consumo de droga a céu aberto, em ambientes insalubres que propiciam a proliferação de doenças como o VIH ou hepatites. O autarca deixou o repto para que o Estado central incremente o esforço para combater esta problemática, alegando que o município do Porto tem sido “muito vocal a denunciar a inação e o desinvestimento do Estado no combate à toxicodependência”.

Rui Moreira defende que cabe ao Ministério da Saúde “investir em equipamentos e recursos para o combate à toxicodependência” e considera que “devia ser da sua inteira responsabilidade o investimento, implementação e operacionalização das Salas de Consumo Vigiado”.

O presidente do município do Porto apontou o dedo aos “municípios vizinhos”, que afirmam não ter problemas com a toxicodependência no seu território. A estatística revela que 62% dos cerca de 2.000 consumidores que passaram pela unidade fixa da Pasteleira, ao longo do primeiro ano de funcionamento, não residem no Porto.

O autarca rematou lembrando que “as eleições autárquicas que se avizinham são uma oportunidade para colocar na agenda o tema da toxicodependência”.

A secretária de Estado da Saúde, Ana Povo, marcou presença, em representação do Ministério da Saúde, e, em declarações aos jornalistas, afirmou que a tutela está a trabalhar na implementação de mais espaços de consumo vigiado noutras regiões do país, além do Porto e de Lisboa, as únicas cidades que têm atualmente este tipo de resposta.

Editado por Filipa Silva