Abaixo-assinado de utilizadores da rua foi levado por Ilda Figueiredo, da CDU, à reunião do Executivo Municipal. Problema de estacionamento é "muito difícil de resolver”. Futuro da Escola Secundária Pires de Lima também foi um dos temas abordados.

Academia de Música de Costa Cabral está dividida em dois polos, obrigando os alunos a atravessar a rua com frequência. Foto: via Google Maps

Costa Cabral, “a rua mais longa do Porto”, outrora uma das estradas de saída da cidade tem “problemas de convívio” diários entre os seus vários utilizadores. Os problemas foram admitidos por Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, na reunião de câmara da passada segunda-feira (27), mas não parecem não ter solução à vista.

O tema foi debatido depois da vereadora da CDU Ilda Figueiredo ter questionado o executivo sobre um abaixo-assinado com 204 assinaturas, em particular de encarregados de educação, professores e funcionários de uma academia de música com morada naquela artéria da freguesia de Paranhos. Tanto Rui Moreira como o vereador do urbanismo, Pedro Baganha, ainda não tinham conhecimento do documento. 

Os alunos da academia têm de atravessar a rua com frequência, uma vez que esta se divide em dois polos, um de cada lado da “muito movimentada” rua. Em 2024, ocorreu um atropelamento grave numa passadeira em frente ao estabelecimento. Rui Moreira pronunciou-se sobre a problemática da academia: “há milagres que nós não vamos conseguir fazer, porque o pior é criar a expectativa de que se consegue resolver. Só se for lá pôr uma ponte”, ironizou.

O autarca garantiu, contudo, que o executivo vai “olhar, com certeza”, para o documento. Ilda Figueiredo insistiu que crê na possibilidade, “tendo em conta algumas propostas que os pais fazem, encontrar ali alguma melhoria”. A vereadora fez ainda referência às dificuldades de acesso que as crianças e jovens com deficiência enfrentam frequentemente em Costa Cabral.

A circulação de transportes públicos nesta artéria da cidade “é obrigatória”, dada a sua localização, dimensão e serviços que nela se encontram, por isso, foi criada uma via para “bus”, partilhada com bicicletas. No entanto, Rui Moreira reforçou que em Costa Cabral “continuamos a ter um problema histórico com o estacionamento ilegal, que é praticamente irresolúvel”.

Para o autarca, “o ideal seria aquela rua ser pedonal e haver ao lado uma avenida”, o que não é exequível. Aludiu, a propósito, ao videojogo SimCity, “em que se carrega num botão, as casas vão abaixo e depois se alarga a rua duas ou três quadrículas. No Porto não é possível”, insistiu. “Eu conheço bastante bem a rua de Costa Cabral, os meus avós moravam lá, sempre teve este problema. Os problemas de convívio de utilização da Rua Costa Cabral já nos anos 60 existiam”, concluiu Rui Moreira.

O presidente do município lembrou que existe uma preocupação com o facto de haver “muito comércio local que com frequência chama à atenção [da autarquia] que medidas restritivas do trânsito ali vão extinguir o comércio local”, um impedimento que surge sempre que demonstram vontade em reduzir o estacionamento. “[Em] todas as medidas que ali forem tomadas, temos de perceber que há muitos atores e muitos interesses muitas vezes conflituosos naquela rua que é muito difícil de resolver”, sublinhou Rui Moreira.

O vereador Sérgio Aires, do Bloco de Esquerda, apontou como principal problema na resolução do conflito entre os vários utilizadores da rua o facto de esta ser estreita, referindo que, na teoria, “nem sequer há estacionamento” nalguns troços da rua. Sobre o comércio local lamentou que “ou está em crise, ou então já fechou, o que é uma pena, naturalmente, para todos, porque é uma artéria com história e deveria ser mantida”. “O que podiam fazer é abrandar [o limite de] velocidade naquele espaço, o que não seria impossível, mas os serviços que estudem e respondam”, sugeriu.

No abaixo-assinado são apresentadas soluções como a colocação de “lombas de abrandamento de velocidade, uma sinalização horizontal com destaque colorido e um radar sinalizador do excesso de velocidade”. Há também reclamações relativas ao número “insuficiente” de espaços “Kiss & Ride”, que possibilitam a entrada e saída dos alunos à porta dos estabelecimentos de ensino em zonas de muito movimento, ou ao facto de estarem “frequentemente ocupados por veículos alheios à escola”.

As alterações propostas alargam-se às imediações de Costa Cabral para as ruas Álvaro de Castelões e do Lindo Vale e entre a Rua da Constituição e a Rua do Lima. O principal objetivo é “aumentar a segurança de todos, prevenindo acidentes e promovendo um ambiente mais tranquilo” para a comunidade que ali reside ou que frequenta os “vários estabelecimentos de ensino, serviços e comércio local” existentes.

Está também disponível em formato digital a petição pública “Segurança rodoviária nas imediações da rua de Costa Cabral”, que procura obter mais apoio para melhorar as condições de segurança de utilização da Rua de Costa Cabral.

Pires de Lima prepara-se para receber estúdios de música

O concurso para a criação de estúdios de ensaio e gravação na Escola Secundária Pires de Lima, no Bonfim, deverá ser aberto no segundo semestre deste ano, estando o projeto na sua fase de execução. A informação foi avançada por Pedro Baganha, na reunião do Executivo Municipal da passada segunda-feira (27), depois de questionado pelo vereador do Bloco de Esquerda Sérgio Aires. “A nossa expectativa é que na segunda metade do ano, ainda não sei precisar em que altura, estaremos em condições de lançar o concurso da empreitada de adaptação das três torres para estúdios de gravação, sendo a primeira fase de implementação do projeto”, explicou.

Pedro Baganha, vereador responsável pelo pelouro do Urbanismo no Porto, adiantou que a Escola Profissional de Tecnologia Psicossocial do Porto e a sede da instituição Norte Vida – Associação para a Promoção da Saúde, à qual a escola profissional pertence, já estão instaladas num dos cinco blocos do estabelecimento. A secundária Pires de Lima está desativada desde junho de 2023, depois de cinco décadas de atividade. O edifício foi indicado como alternativa para acolher os cerca de 500 músicos que utilizam o Centro Comercial Stop – que esteve em risco de encerrar por falta de condições de segurança -, mas também como solução para a escassez de espaços para a ensaio e gravação musical na cidade.

 O Porto Canal divulgou que três das cinco torres da escola e cerca de 20 salas estão destinadas a receber a atividade musical, com base numa dinâmica de rotatividade. Para armazenar materiais, deverão estar disponíveis dois armazéns. Atualmente, a Escola Pires de Lima tem uma parte do espólio da Biblioteca Pública Municipal do Porto (BPMP) guardada, por causa das obras que decorrem no histórico edifício da BPMP.

Estava previsto que a secundária recebesse a Biblioteca dos Periódicos Portuenses, mas, segundo notícia do jornal “Público”, o espaço de consulta terá morada na Escola Ramalho Ortigão, em Campanhã – encerrada desde meados do ano passado -, porque exige menor intervenção e custos mais reduzidos, para além de possibilitar a abertura de um espaço de leitura de livre acesso, em paralelo com o de consulta de periódicos. Numa segunda fase, o município tenciona adaptar o antigo estabelecimento de ensino de Campanhã de modo a criar uma habitação partilhada.

Editada por Filipa Silva