Festival de cinema fantástico do Porto regressa a 28 de fevereiro, com muitas estreias e o desejo de ver regressar a geração mais jovem às salas de cinema onde hoje passa o Fantas. Filme português fará a abertura.
Mário Dorminsky e Beatriz Pacheco Pereira são os históricos diretores do Fantasporto. Foto: Ana Casado/JPN
Entre os dias 28 de fevereiro e 9 de março, no Batalha Centro de Cinema, terá lugar a 45.ª edição do festival de cinema Fantasporto, repleta de “filmes inéditos em Portugal”. A direção afirma que “o que o festival precisa neste momento é de voltar a ter os públicos jovens que tinham no passado”.
O festival contará com 24 antestreias mundiais e quatro internacionais e europeias, anunciou Mário Dorminsky, diretor e fundador do festival, na conferência de imprensa de apresentação do evento, que decorreu na quinta-feira (6).
Os diretores do festival afirmam que uma das prioridades é voltar a trazer os jovens ao Fantas, nomeadamente, através da promoção do evento nas universidades e nas escolas e criando um concurso para alunos, em que sete escolas vão participar. A direção faz um apelo aos pais, que foram o seu público “tradicional”, para que levem os seus filhos ao festival, para que eles possam “sentir o Fantas como se fosse deles”.
“O que o festival precisa neste momento é, de facto, de voltar a ter os públicos que tínhamos, os públicos jovens que tínhamos no passado”, declarou o diretor Mário Dorminsky. “O mundo passa, mas não passa todo nos telemóveis, nos computadores e é isso que o Fantasporto tem obrigação de mostrar a esses jovens: que há valores antigos, por exemplo, o cinema em sala de cinema”, complementou Beatriz Pacheco Pereira, também diretora do Fantas.
A direção aponta com grande relevância a diversidade de países que estarão representados no festival. A organização recebeu submissões de 75 países para seleção, número recorde para o Fantasporto. Isto fará com que o festival tenha uma “promoção internacional fortíssima”. Destes, apenas 31 países têm lugar na programação final, evidenciando uma seleção eclética, segundo os programadores. Foram submetidas cerca de 600 longas e 1.300 curtas-metragens. Os organizadores afirmaram que tiveram dificuldade na construção da programação devido à grande quantidade e qualidade de filmes submetidos.
No festival estarão representados os cinco continentes. O continente com mais países representados é a Europa com 12 países, seguido da Ásia com dez países representados e completado com as Américas do Norte e do Sul, da Oceânia e da África. Note-se que, dos Estados Unidos e do Japão, chegam dez filmes de cada um.
O festival é dividido em três grandes áreas, Estados Unidos, Ásia e Europa, basicamente cada uma com um terço da programação e “umas pontas soltas depois”.
Filme português na abertura
A abertura, no dia 28 de fevereiro, vai ser feita com uma antestreia mundial de um filme português, “Criadores de Ídolos”, de Luís Diogo, filme que está a concurso na secção oficial de Cinema Fantástico. Este filme tem como tema a moda de idolatrar personalidades famosas e vai trazer à sala de cinema caras conhecidas. É a segunda vez que o Fantasporto tem um filme português na abertura.
O encerramento, no dia 8 de março, será feito com um filme norte-americano: “Stealing Pulp Fiction”, de Danny Turkiewicz. Segundo a diretora Beatriz Pacheco Pereira, “o filme de encerramento é o filme típico de cinéfilo”. O filme trata a história de uns jovens que querem roubar a única cópia de 35 milímetros do “Pulp Fiction” de Quentin Tarantino, mas ao mesmo tempo é também um alerta para o encerramento dos cinemas antigos.
Na conferência de apresentação do festival, foi também destacado o filme “Gosto de Te Ver Dormir”, de Hugo Pinto, presente na secção oficial de Curtas-Metragens Fantásticas, bem como na seleção de filmes inéditos apresentados a concurso na secção Panorama de Cinema Português.
O Fantas deste ano integra, ainda, um ciclo de cinema de Taiwan. Trata-se de um conjunto de cinco filmes sobre a história da mulher, desde os anos 70 até à atualidade. Outro destaque daquilo que faz parte da programação especial do festival é um filme sobre a Ucrânia e a guerra com a Rússia, chamado “Zinema”. A celebração dos 50 anos da Revolução de 25 de Abril, celebrados no ano passado, também não é esquecida, com um filme intitulado “The Carnation Revolution”, feito por dois noruegueses que vieram a Portugal na altura da Revolução dos Cravos. Nas sessões especiais do Fantasporto 2025 será também exibido o filme “Buscando a La Santa Compaña”, que aborda as vicissitudes do filme “O Apóstolo”, e o filme “IA: A Revolução do Cinema Digital”, de João Moreira. Estas sessões especiais serão seguidas de conversas com os representantes presentes, com direito a algumas perguntas e respostas.
A organização do festival promete “uma grande variedade de temas e técnicas”. Os filmes em competição vão abordar temas da modernidade, como o bullying e a violência escolar, as mudanças climáticas, o contraste da ruralidade com o meio urbano, os terrores, os horrores e coisas típicas do cinema fantástico. Outros temas abordados são a propaganda política, os desafios da maternidade e da paternidade, a desertificação das cidades, a emancipação da mulher, entre outros. Também haverá filmes para os amantes de mangá.
Para além da exibição de filmes, o Fantasporto contará também com as já conhecidas Movie Talks, que são conversas sobre cinema e não só, com diversos convidados. Estas conversas terão lugar no Espaço de Cultura no Bar do Batalha, com entrada livre. A Inteligência Artificial, que está a revolucionar todas as áreas e, muito especialmente, o audiovisual, vai ser um dos grandes temas das Movie Talks. Irá ser também vastamente discutida a importância dos festivais de cinema. Este ano, serão integradas nas Movie Talks apresentações de sete livros recém-publicados, um destes livros será justamente sobre IA.
Na apresentação do Fantas deste ano, voltou-se também a um tema recorrente do festival nos últimos anos: os constrangimentos orçamentais do festival. A direção afirma que tem um “orçamento muitíssimo mais baixo” do que tinha nos anos 2000, que corresponde a cerca de 20% do que tinham nos primeiros anos do novo milénio. Estes constrangimentos fizeram com que a organização sentisse a necessidade de alterar algumas regras de funcionamento e de gestão de fundos do festival. No entanto, o diretor agradeceu à Câmara Municipal do Porto pelo “apoio bastante significativo”.
Editado por Filipa Silva