Portugal caiu nove lugares no ranking, assumindo agora a 43.ª posição entre 180 países e territórios. Resultado serve de "alerta", na visão da Transparência Internacional em Portugal, "para o dano reputacional que Portugal está a sofrer por não ter uma ação eficaz na luta contra a corrupção”.

Portugal regista a pior pontuação de sempre no Índice de Perceção de Corrupção. Foto: Markus Spiske/Unsplash

Portugal caiu nove posições no Índice de Perceção de Corrupção de 2024, cujo relatório foi publicado, esta terça-feira (11), pela Transparência Internacional. Este é o pior resultado desde que o Índice começou a ser publicado. Portugal aparece agora na 43.ª posição do ranking (estava na 37.ª) onde estão 180 países e territórios, o que acompanha “o declínio contínuo desde 2015”, refere a Transparência Internacional (TI) em Portugal.

Numa escala de zero a 100, Portugal obteve 57 pontos, quatro pontos a menos face ao ano anterior. De acordo, com a informação disponibilizada pela representação da organização em Portugal este resultado foi “impulsionado pela perceção de abuso de cargos públicos para benefícios privados e por fragilidades nos mecanismos de integridade pública para evitar esse abuso.” A “Operação Influencer” que levou à demissão do primeiro-ministro, António Costa, foi indicada como um dos fatores que contribuiu para o aumento da perceção da corrupção.

Ranking do Índice de Perceção da Corrupção 2024

Segundo Margarida Mano, presidente da Transparência Internacional Portugal, os resultados “servem de alerta para o dano reputacional que Portugal está a sofrer por não ter uma ação eficaz na luta contra a corrupção”. A presidente, que está no cargo desde 2023, acrescenta que “Portugal tem identificados problemas estruturais que não vêm a ser corrigidos, com impacto e desgaste ao longo do tempo, revelando falta de compromisso político e baixa eficácia nas ações desenvolvidas.” Margarida Mano salienta que a única forma de melhorar este resultado é “assumir o compromisso efetivo e agir” num país que está abaixo da “média europeia”.

No contexto da Europa Ocidental, Portugal está na segunda metade da tabela. Grandes países, como a Espanha ou a Itália, também perderam pontos. Todavia, Portugal assume uma posição mais favorável no ranking.

Dinamarca no topo e Sudão do Sul ocupa o último lugar

A Dinamarca, Finlândia, Singapura e Nova Zelândia, com uma classificação superior a 84 pontos, são os países considerados menos corruptos. No fim da lista, estão a Venezuela, a Somália e, por último, o Sudão do Sul. Contudo, existem países que subiram a sua posição no ranking como é o caso da Islândia, Eslovénia, Luxemburgo e Chipre. A média global dos 180 países permaneceu baixa (43), com mais de dois terços dos países avaliados a registarem pontuações abaixo de 50 pontos.

Os países da União Europeia e a Região da Europa Ocidental registam uma pontuação média de 64 pontos que segundo a TI Portugal , “continua a ser a mais bem pontuada no ranking”. Esta região tem tido reduções de pontuação significativas pelo segundo ano consecutivo em cerca de um terço dos seus 31 países, o que pode indicar um retrocesso generalizado nas posições dos países europeus no ranking.

Este índice, que já existe desde 1995, foi criado pela Transparência Internacional e é uma referência de análise anual da corrupção em cerca de 180 países e territórios, avaliado numa escala de zero a 100 pontos. A classificação de 100 corresponde “a muito transparente” e a pontuação zero é considerada como “muito corrupto”. Estas classificações resultam da conjugação de fontes de corrupção desenvolvidas por outras organizações sendo por isso, um índice composto.

A Transparência Internacional apresenta-se como um movimento global que pretende transformar o mundo num lugar onde as pessoas vivam sem a corrupção. Com sede em Berlim e com múltiplas sedes em todo o globo é a organização responsável pela publicação anual do Índice de Perceção da Corrupção.

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