O "presidente dos presidentes" dos dragões lutava há alguns anos contra um cancro. Cerimónias fúnebres marcadas para a manhã de segunda-feira (17).

Jorge Nuno Pinto da Costa faleceu aos 87 anos. Foto: FC Porto

Morreu o histórico presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, este sábado (15), aos 87 anos de idade. O ex-líder dos dragões faleceu na sequência de um agravamento do estado de saúde. Lutava contra um cancro da próstata desde setembro de 2021.

Jorge Nuno Pinto da Costa, o presidente mais titulado de sempre, esteve 42 anos à frente do clube. O seu nome é, por isso, indissociável da história recente do FC Porto.

Durante as mais de quatro décadas em que esteve à frente do clube, trouxe os azuis e brancos para uma nova era desportiva, tanto no plano dos resultados como das infra-estruturas – durante a sua presidência foi construído o Estádio do Dragão, o museu e o pavilhão do clube e foi reabilitado o Campo da Constituição, hoje dedicado à formação – sobretudo no futebol profissional, mas também nas modalidades, nas quais se destaca a conquista de um decacampeonato no hóquei em patins, um “hepta” no andebol e um hexacampeonato no bilhar.

No emblema, imprimiu o espírito de vitória com um estilo de liderança que se tornou também ele uma marca, fruto de um discurso corrosivo e sarcástico, que falando para fora encontrava eco sobretudo no interior das hostes portistas, e que ajudou o clube a cimentar-se em definitivo entre os grandes do futebol português e europeu – o número de sócios do clube passou de 52 mil em 1976, quando Pinto da Costa chegou ao Departamento de Futebol dos dragões, passando hoje os 147 mil.

Acérrimo defensor da região norte e crítico do centralismo, foi polémico em inúmeras ocasiões e esteve por diversas vezes a braços com a justiça, civil e desportiva, mas não foi condenado. Saiu da presidência do FC Porto em maio do ano passado, depois de uma pesada derrota nas urnas diante do atual presidente, André Villas-Boas

Em comunicado, o FC Porto assinala que Pinto da Costa deixa “para trás deixa um legado único que orgulha toda a nação azul e branca”..

De 23 de abril de 1982 a 7 de maio de 2024, o presidente fez do clube azul e branco aquele com mais títulos oficiais em Portugal, graças à conquista de 23 campeonatos, 22 Supertaças, 15 Taças de Portugal, duas Taças Intercontinentais, uma Taça dos Clubes Campeões Europeus e outra Liga dos Campeões, uma Taça UEFA e uma Liga Europa, uma Supertaça Europeia e uma Taça da Liga.

Por isso, o emblema relembra que houve “um antes e um depois de Pinto da Costa no clube”, que contava com “somente 16 troféus” nos 89 anos precedentes à chegada à liderança do “presidente dos presidentes”.

A partida de Pinto da Costa deixa, assim, o “Futebol Clube do Porto órfão da sua maior figura”, nas palavras do emblema.

O atual líder do clube, André Villas-Boas, frisou que Pinto da Costa “dedicou toda uma vida para colocar e elevar o nome” do FC Porto e como “um homem que marcou” o clube, os seus sócios e adeptos, a cidade, a região Norte e o país. “Defendeu o nosso símbolo e ajudou a formatar os valores do Futebol Clube do Porto”, referiu ainda Villas-Boas, numa nota publicada no site do clube.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, deixou na sua página pessoal de Facebook um “até sempre” a Pinto da Costa, recordando a atribuição, no seu ano de chegada à autarquia, da “medalha de honra da cidade – grau ouro” para fazer jus “a um dos maiores ilustres cidadãos da Cidade”.

José Mourinho, que Pinto da Costa foi buscar à União Desportiva de Leiria e que no comando técnico dos dragões conquistou uma Taça UEFA e uma Liga dos Campeões em duas épocas consecutivas, reagiu à morte do histórico líder portista agradecendo a “confiança e a influência” que teve ao longo da carreira.

Sérgio Conceição, o último treinador dos dragões com Pinto da Costa na presidência, com quem mantinha uma relação próxima, ainda não reagiu, mas deixou o jogo do Milan, onde é agora treinador, sem marcar presença na flash-intervier nem na conferência de imprensa para as habituais declarações à comunicação social. Zlatan Ibrahimovic, diretor desportivo do emblema de Milão, justificou: “O míster Sérgio Conceição estava muito transtornado com a morte do antigo presidente do FC Porto. Ele [Pinto da Costa] era como um pai para ele, então vim eu falar no seu lugar”.

No site da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa também apresentou condolências à família. Na nota publicada, o Presidente da República assume-se como testemunha “dos sucessos consecutivos” e de “uma personalidade, uma determinação e um estilo muito próprio, que suscitava grandes apoios, mas também muitas divergências.” “Neste momento em que o juízo a formular deve ser o mais possível distanciado, o que mais deve avultar é aquilo que o país fica a dever de prestígio externo num período inseparável da sua liderança”, concluiu Marcelo.

O presidente eleito da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Pedro Proença, destacou, em honra ao “amigo presidente”, que as “conquistas serão eternas” e o legado que deixa “será honrado”.

Jesualdo Ferreira, Deco, Vítor Baía, são apenas exemplos de outras figuras que prestaram homenagem ao ex-líder portista.

O funeral de Jorge Nuno Pinto da Costa está agendado para segunda-feira (17) às 11h00 na Igreja das Antas, Porto. De acordo com o jornal “Público”, o corpo estará, na tarde de domingo, em câmara ardente na mesma igreja.