Na segunda edição do "Porto de Arquitetura" vai ser possível visitar gratuitamente seis edifícios de arquitetura contemporânea do Porto. Um dos objetivos é gerar uma reflexão sobre a capacidade transformadora da arquitetura na cidade.

A apresentação do programa coube aos arquitetos Nuno Sampaio e Pedro Baganha. Foto: Raquel Sousa/JPN

Entre março e junho, seis edifícios com arquitetura contemporânea da cidade do Porto vão abrir portas ao público. A segunda edição do “Porto de Arquitetura”, uma inciativa da Casa da Arquitetura e da Câmara do Porto, promete criar uma reflexão coletiva sobre a capacidade transformadora da arquitetura e a “ideia de cidade” que ela cria.  

Durante a apresentação da segunda edição do “Porto de Arquitetura”, na quarta-feira de manhã, foram divulgados os seis espaços e as datas em que vão poder ser visitados de forma gratuita:

  1. Sede da Liga Portuguesa de Futebol: 1 de março, 11h00, com OODA OFFICE;
  2. Monte da Lapa: 15 de março, 16h00, com Álvaro Siza;
  3. Casas na Praça de Liège e Rua do Monte da Luz (Programa Rua Direita): 12 de abril, 16h00, com Luísa Penhas e empresa municipal GO Porto;
  4. Parque Urbano Dr. Mário Soares e Renaissance Porto Lapa Hotel: 10 de maio, 16h00, com Visioarq Arquitectos + Câmara do Porto;
  5. Porto Office Park: 7 de junho, 16h00, com Brodway Malyan;
  6. M-ODU (Antigo Matadouro do Porto): 28 de junho, 16h00, com Kengo Kuma & Associates + OODA OFFICE.

Durante as visitas guiadas, também vão marcar presença os arquitetos e projetistas responsáveis pela requalificação ou construção do edifício de forma a “trazer a conhecimento público um olhar privilegiado”, isto é, “a ótica de quem esteve no processo de construção dos edifícios”, referiu Nuno Sampaio, diretor-executivo da Casa da Arquitetura, parceiro da iniciativa, durante a apresentação.

A segunda edição do “Porto de Arquitetura” vai ser encerrada com uma conferência internacional, mas os intervenientes e a data ainda não foram divulgados.

Para os arquitetos, esta segunda edição tem dois objetivos principais: “fazer uma reflexão sobre a cidade contemporânea e a capacidade transformadora da arquitetura”; e “perspetivar de que forma é que a arquitetura pode e deve contribuir para a construção de uma determinada ideia de cidade”, afirmou Nuno Sampaio. 

Para o diretor da Casa da Arquitetura, é “inegável que a cidade do Porto, nos últimos dez ou quinze anos, sofreu um conjunto de transformações, algumas delas até muito aceleradas”, sendo a arquitetura “uma peça central” dessa transformação. Neste sentido, considera ser “uma altura interessante” para refletir sobre o “estado da cidade” e a forma como a arquitetura “foi um agente dessa transformação”.

Presente também na apresentação, Pedro Baganha, vereador do Urbanismo da Câmara do Porto, acredita que “a arquitetura tem a capacidade de convocar a curiosidade e o mistério”, bem como “de ser o catalisador de uma discussão, de uma ideia de cidade”, acrescentando que é da responsabilidade da Câmara do Porto “ser um agente promotor da discussão” do papel da arquitetura.

No projeto no qual só entra “boa” arquitetura, “não foi difícil” escolher os edifícios a visitar, confessa Pedro Baganha. “Não foi difícil encontrar território em comum [entre a Casa da Arquitetura e a Câmara do Porto] e escolher seis obras que nos parecem significativas, porque nos interpelam e nos convocam para um conjunto de temáticas” atuais, como  a “questão do espaço público” e a “questão da habitação”.  

Entre os critérios de seleção dos edifícios estão a diversidade de arquitetos, no que diz respeito às gerações e às próprias pessoas, o tipo de programas em que se inserem os projetos arquitetónicos e os perfis dos escritórios de arquitetura envolvidos. Além disso, tiveram também em conta o tipo de construções – edifícios novos ou requalificados – o local onde se inserem – edifícios situados no espaço público ou no privado – assim como, o tipo de encomenda – encomenda pública, encomenda institucional ou encomenda privada – e a diversidade de escalas. 

No final da apresentação, Alexandre Alves da Costa e Sérgio Fernandez, os arquitetos responsáveis pela requalificação do Batalha Centro de Cinema, onde decorreu a apresentação, estiveram disponíveis para uma conversa e uma visita guiada ao edifício recentemente remodelado. Apesar do cinema não estar incluída na lista do “Porto de Arquitetura”, a visita serviu de exemplo para o que se vai suceder nos próximos meses.  

Editado por Filipa Silva