A Algarvia sai esta tarde para a estrada com muitas estrelas no pelotão, uma delas portuguesa: João Almeida lidera a Emirates, mas tem forte concorrência. O dinamarquês Jonas Vingegaard arranca a época em Portugal e Primož Roglic também terá uma palavra a dizer. Para Paulo Martins, comentador da Eurosport, tudo se decidirá na derradeira jornada.
Pelotão na Volta ao Algarve de 2024 Foto: Volta ao Algarve/Facebook
Começa esta quarta-feira (19) a 51.ª edição da Volta ao Algarve, competição de ciclismo que todos os anos leva a elite mundial da modalidade ao sul de Portugal. Na edição deste ano, grandes nomes do ciclismo português – como João Almeida ou o medalhado olímpico Iúri Leitão – defrontam grandes estrelas mundiais na luta pelo título.
A prova, que se realiza em cinco dias, vai começar em Portimão, passar por diversas cidades algarvias e terminar no Alto do Malhão, em Loulé, no domingo (23). A Volta ao Algarve faz parte do calendário UCI World Tour, que inclui as principais competições de ciclismo de estrada no mundo.
Participantes
Nesta edição da prova, estão confirmados 175 atletas a representar 25 equipas de todo o globo, sendo 13 World Teams, três proTeams e nove equipas continentais, respetivamente, o primeiro, segundo e terceiro escalões do ciclismo internacional de equipas.
Com apenas quatro vencedores nos últimos 25 anos, Portugal chega à prova com diversos nomes em alta e com expectativa de bons desempenhos, graças a um bom momento do ciclismo nacional, após um ano de conquistas nas Olimpíadas de Paris, no Campeonato Europeu de Ciclismo de Pista e na clássica da Figueira da Foz.
Dentre os portugueses, destacam-se alguns nomes. O primeiro é de João Almeida (UAE Team Emirates). O jovem ciclista de 26 anos é um dos maiores nomes da atual geração e tem conquistado grandes resultados, como o quarto lugar na Volta à França do ano passado e, mais recentemente, o segundo lugar na Volta à Comunidade Valenciana. O ciclista vai envergar o dorsal 1 e é a grande aposta da equipa árabe e de Portugal.
Junto de Almeida, a UAE Team traz outros três portugueses para a prova em seu line-up, como António Morgado, que aos 21 anos é uma grande aposta para o ciclismo nacional. Na última edição da Volta ao Algarve, foi décimo classificado na geral e líder da classificação da juventude. Este ano, chega ao Algarve em ótima forma, após vencer a prova clássica da Figueira da Foz, no último domingo (16).
A completar a armada portuguesa da UAE, os gémeos Rui e Ivo Oliveira também chegam sob alguma expectativa após conquistarem medalha de bronze no Campeonato Europeu de Ciclismo de Pista na modalidade Madison, além de uma prata, cada um, em modalidades individuais. Além disso, em janeiro, Rui Oliveira foi quarto no Santos Tour Down Under, na Austrália, primeira prova do ano no World Tour.
Outra esperança portuguesa para algum bom resultado é o experiente Rui Costa (EF Education). Aos 38 anos, pesar de já não estar no auge da carreira, tem um currículo vitorioso, com três conquistas consecutivas na Volta a Suíça (2012, 2013 e 2014). Ainda, em 2020, foi o quarto colocado na Algarvia.
Em entrevista ao JPN, Paulo Martins, especialista em ciclismo e comentador na Eurosport, afirmou que os portugueses chegam bem colocados à disputa e um deles tem hipótese de vencer: “Acredito que o João Almeida chegue para fazer uma boa prova. Ele próprio disse que é um dos favoritos. O Rui Costa vai tentar ser protagonista, mas acho difícil [a vitória] porque há muita qualidade este ano. Temos cinco vencedores de Grandes Voltas na prova e, por isso, fica complicado, mesmo sendo ele um dos melhores ciclistas do mundo”.
Mais um nome nacional que chega em alta é o de Iúri Leitão (Caja Rural). O atleta de 26 anos foi campeão recentemente no Europeu de Ciclismo de Pista nas modalidades Scratch e por pontos. Além disso, venceu em fevereiro o Challenge Mallorca. Para Martins, Leitão também chega com boas hipóteses: “ele vai ter três oportunidades para conseguir ganhar ou pelo menos discutir chegadas ao sprint. Penso que se ele conseguir, em alguma das jornadas, conquistar uma etapa ou fechar no top três de alguma delas, já será muito bom”.
Já entre os estrangeiros, destaca-se a presença de Jonas Vingegaard (Team Visma), dinamarquês duas vezes vencedor do Tour e do seu principal concorrente ao título, Primož Roglic (Red Bull-BORA), esloveno vencedor da Algarvia em 2017. Além deles, vai estar presente o britânico Geraint Thomas (INEOS Granadiers], também vencedor da volta francesa e duas vezes campeão da Volta ao Algarve (2015 e 2016) e que anunciou a reforma para o final da temporada.
Vão ainda marcar presença o bi-campeão do mundo Julian Alaphilippe (Tudor), Wout van Aert (Team Visma) e o vencedor da Vuelta de 2023, Sepp Kuss (Team Visma).
Do lado das ausências, a mais notada é de Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step), atual campeão da prova e que neste ano tentaria a sua quarta vitória na competição. O belga está fora de combate devido a um acidente sofrido em dezembro, que o mantém fora de ação até abril deste ano.
Para Paulo Martins, a não participação do belga faz com que outras estrelas ganhem ainda mais força: “Favorece principalmente os contrarrelogistas, e os que se defendem nas subidas são mais candidatos ainda. Particularmente o João Almeida, o Jonas Vingegaard e o [Primož] Roglič, que já partiam com favoritismo, mas que com a ausência do belga ficam com mais hipóteses”.
Apesar de ser uma prova tradicionalmente portuguesa, a posição da Algarvia no calendário favorece-a, pelo que é há muito usada pelas grandes equipas da elite mundial como um ponto importante da preparação da época. Nos últimos 25 anos, a prova foi vencida por um atleta português em apenas quatro oportunidades. O último vencedor nacional foi João Rodrigues, em 2021, que está nesta altura suspenso por dopping.
Vencedores dos últimos dez anos
2024 – Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step Team)
2023 – Daniel Felipe Martinez (INEOS Granadiers)
2022 – Remco Evenepoel (Quick-Step Alpha Vinyl Team)
2021 – João Rodrigues (w52-FC Porto)
2020 – Remco Evenepoel (Deceuninck-QuickStep)
2019 – Tadej Pogačar (UAE Team Emirates)
2018 – Michał Kwiatkowski (Team Sky)
2017 – Primož Roglič (Team Lotto NL-Jumbo)
2016 – Geraint Thomas (Team Sky)
2015 – Geraint Thomas (Team Sky)
2014 – Michał Kwiatkowski (Omega Pharma-QuickStep)
Trajeto
A competição, na totalidade, tem 745,9 quilómetros de distância e é dividida em cinco etapas, que passam pelas principais cidades da região algarvia. Os percursos diários têm entre 175 e 190 quilómetros de distância, com exceção da última prova, que tem apenas 19,6 km de extensão por se tratar da etapa de contrarrelógio individual.
Esta, aliás, é a maior mudança de trajeto face à edição do ano passado. A prova de contrarrelógio, que ano passado aconteceu no quarto dia, entre a Marina e a Câmara Municipal de Albufeira, vai ser disputada este ano no dia de encerramento do evento, entre Salir e o Alto do Malhão, em Loulé.
Para Paulo Martins, esta mudança vai beneficiar, principalmente, os espectadores locais: “vão ter mais tempo de ver os ciclistas de perto, porque vão passar um a um”. Para além disso, nota também que a mudança pode influenciar o resultado da prova: “vai haver reajustes, ganhos e perdas de tempo em relação a uma etapa em linha. Então, vai ser uma etapa muito importante e que vai decidir o resultado da competição”.
Confira abaixo a lista com os dias e locais de prova:
19/02 – Portimão-Lagos (190 km)
20/02 – Lagoa-Alto da Foia, Monchique (177,6 km)
21/02 – Vila Real de Santo António – Tavira (183,5 km)
22/02 – Albufeira – Faro (175 km)
23/02 – Salir – Alto do Malhão, Loulé (19,6 km – Prova de contrarrelógio individual)
As provas começam às 15h00 de cada dia e podem ser acompanhadas pela transmissão da Eurosport e da Max.
Editado por Filipa Silva