Vários artistas nacionais e estrangeiros reúnem-se durante os próximos três meses na Universidade Católica do Porto para discutir os desafios de conhecer "o outro". Daniel Ribas, diretor do CITAR e um dos curadores do programa, conta ao JPN os principais objetivos de juntar diversas artes na discussão sobre a hospitalidade perante “o outro”.
O programa decorre na Escola das Artes da Católica do Porto. Foto: UCP/D.R.
Os desafios da hospitalidade, da alteridade e da chegada do outro. Tudo isto se propõe explorar “O Estrangeiro”, nome do programa interdisciplinar deste ano da Escola de Artes e do Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes (CITAR), que começou na quinta-feira (20) e que recebe até maio grandes nomes nacionais e internacionais do mundo artístico para uma conversa sobre o tema.
Cinema, fotografia, literatura e artes plásticas são as artes que se reúnem nas salas e auditórios da Universidade da Católica do Porto para explorar o tema deste ano. Daniel Ribas explica que ainda que não seja necessariamente um lugar de hospitalidade, a arte funciona como um “repositório crítico da reflexão sobre o estrangeiro”.
O programa arrancou esta quinta-feira com a conferência da escritora Djaimilia Pereira de Almeida – que em janeiro venceu o Prémio Vergílio Ferreira 2025 -, sobre a relação entre os países africanos de língua portuguesa e Portugal. O conjunto de eventos do programa teve a curadoria de professores da Escola das Artes, em parceria com a escritora angolana, que o diretor do CITAR, Daniel Ribas, considera “uma das vozes mais singulares da literatura de língua portuguesa contemporânea que procura precisamente dar conta deste espaço entre lugares.”
Daniel Ribas é um dos curadores. Foto: D.R.
Em destaque, Ribas, que é também um dos curadores, menciona a conferência do realizador Marco Martins, em conjunto com a atriz Beatriz Batarda, a 20 de março no auditório Ilídio Pinho. Em discussão, estará o último filme do Marco Martins, “Great Yarmouth: Provisional Figures”, onde Beatriz Batarda é a atriz principal. “Acho que será um momento bastante forte, porque o trabalho que têm feito em conjunto utiliza o cinema como forma de retratar o real e fazer isso a partir não só do lugar do realizador que filma, mas também da atriz que se introduz e, de certa forma, se mescla nas comunidades”, diz Daniel Ribas.
O objetivo do programa, segundo Daniel Ribas, é colocar as “pessoas a falar com pessoas, precisamente ligando-se com a questão do estrangeiro”. Apesar de dedicarem este projeto aos alunos da Católica, o curador explica que a universidade recebe bastantes pessoas de fora da comunidade académica, pelo que este evento cria “um fórum de discussão da própria cidade do Porto”.
Fred Moten, um académico americano da New York University (NYU) é também, para Daniel Ribas, uma das vozes mais importantes presentes. O diretor do CITAR revela ao JPN que o escritor irá “propor uma reflexão sobre a relação das identidades relativas à negritude com as identidades hegemónicas” na sua conferência, no auditório Ilídio Pinho, a 24 de abril.
Conferências do realizador português Miguel Gomes (13/03) e do escritor brasileiro Geovani Martins (15/05), um filme-concerto do realizador Rodrigo Areias em conjunto com o violinista Samuel Coelho (27/02) e uma leitura performativa da artista Aline Motta (22/05) são alguns dos eventos a não perder neste conjunto de sessões que se estenderá até 29 de maio. Todas as informações sobre o programa estão disponíveis no site da Escola de Artes da Universidade Católica.
Editado por Filipa Silva
