Em entrevista ao JN, Tiago Braga respondeu às críticas de Rui Moreira associadas às obras da Linha Rosa, que vai ligar a Casa da Música a São Bento. O responsável da Metro do Porto contrariou as acusações de abordagem política na concretização da empreitada.
Tiago Braga, presidente do conselho de administração da Metro do Porto. Foto: João Jesus/JPN Foto: João Jesus/JPN
Numa entrevista ao Jornal de Notícias (JN), publicada esta segunda-feira (24), Tiago Braga, presidente da Metro do Porto, respondeu às críticas de Rui Moreira, relativas aos atrasos nas obras de alargamento da rede de metro, que têm vindo a condicionar a circulação na cidade.
O responsável negou “veemente” a existência de “qualquer tipo de abordagem política na concretização ou na condução da obra” da Linha Rosa (G), o principal motivo dos constrangimentos na mobilidade apontado pelo presidente da Câmara do Porto: “não posso aceitar essa crítica”. Recorde-se que a linha em questão vai ligar São Bento à Casa da Música, passando pelo Hospital de Santo António e pela Praça da Galiza.
Tiago Braga garantiu que a Linha Rosa tem sido priorizada “em detrimento de outras linhas”, sendo o único caso em que foi aplicada uma estratégia, ao contrariar a vontade de outros autarcas, que, “em 2020 e 2021”, consideravam “um erro” prosseguir com a empreitada. O presidente da Metro do Porto destacou que a linha G se trata de um projeto de grande complexidade: “na cidade do Porto é a maior obra de construção civil de sempre“. “Não posso aceitar que se diga que há condução a uma estratégia política. Mais, se me permitem, não há incompetência das pessoas que estão à frente das obras”, frisou na entrevista ao JN.
Em causa está uma questão levantada por Rui Moreira no decorrer da Assembleia Municipal do dia 3 de fevereiro, na qual o autarca afirmou que os portuenses estão a ser “alvo de uma estratégia política e [que] as empresas públicas não servem para isso”. Segundo o Observador, Rui Moreira tinha ainda acusado a empresa de estar a querer enganar os portuenses, dizendo que “ninguém acredita” que a Linha Rosa poderá estar pronta dentro do prazo proposto.
Estava previsto que o túnel da Linha Rosa estivesse concluído até dezembro ou o início de janeiro, contudo, esta parte da empreitada esteve parada durante um mês e meio, porque não se verificavam as condições de segurança necessárias aos trabalhadores. Tiago Braga reiterou que “nesta obra há uma linha vermelha e essa linha chama-se segurança”.
Quanto ao prazo de conclusão da Linha G, o Presidente da Metro do Porto admitiu um possível prolongamento, mas reforçou que a previsão é de que a obra esteja pronta em julho, sendo essa a data estipulada no contrato com o empreiteiro. Enquanto presidente da Metro do Porto, Tiago Braga insistiu que tem de continuar a afirmar que o plano de trabalho vai ser cumprido, mesmo perante a convicção do ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, de que a empreitada só vai estar terminada no final deste ano: “não posso publicamente dizer outra data”.
Para a Metro do Porto, a hipótese de os trabalhos se estenderem para além deste ano “não está em cima da mesa”. O responsável alertou ainda que terminar a empreitada mais tarde do que o contratualizado significa pagar mais 632 mil euros por cada mês de estaleiro montado. Neste sentido, está a ser discutido “um novo plano de trabalhos” com o consórcio empreiteiro, que vai ser divulgado na altura adequada.
Quanto à demora na conclusão das obras, Tiago Braga disse que entende a frustração de Rui Moreira (e de quem circula e vive no Porto), respondendo a um comentário feito pelo PSD Porto no verão passado, que pediu a demissão do presidente da Metro do Porto, com base na “incapacidade de gestão”.
Em referência às obras também a decorrer na Linha Rubi, em Gaia (nas zonas de Santo Ovídio, Devesas e Candal, por exemplo) Tiago Braga afirmou que não faz sentido dizer que naquela zona está a correr tudo bem, ideia que Rui Moreira defendeu. O responsável da Metro do Porto sublinhou que todas as frentes de obra estão neste momento abertas e que estão reunidas as condições para que em 2026 já haja “algum tipo de operação na Linha Rubi”, com a aquisição de 22 veículos que chegam no mesmo ano.
Ao Jornal de Notícias, Tiago Braga garantiu que o atual Governo tem demonstrado “total disponibilidade e uma grande colaboração” com a Metro do Porto, avançando que, para já, as obras têm sido adequadamente financiadas, não sendo necessário um reforço no apoio.
Questionado sobre os prejuízos sofridos pelos negócios próximos de frentes de obra, Tiago Braga assegurou que já foram pagas compensações de mais de 860 mil euros só aos comerciantes afetados pelas construção da Linha Rosa, mas disse que gostaria que fosse possível ajudar mais.
O presidente da Metro do Porto revelou ainda que é defensor do metro-bus e avançou que o serviço vai entrar em funcionamento entre a Rotunda da Boavista e a Praça do Império em junho. Tiago Braga não comentou as críticas de Rui Moreira relativas às paragens desenhadas por Siza Vieira, mas caracteriza-as como “geniais”. Por fim, afirmou que a extensão da linha de metro-bus a Matosinhos continua em tribunal e espera que o caso seja resolvido “muito rapidamente”. O alargamento da rede pretende levar o serviço de transporte até à Rotunda da Anémona e à estação de metro de Matosinhos Sul .
Editado por Filipa Silva