O município da Póvoa de Varzim anunciou, na quinta-feira (27), o projeto Aproximar, com o intuito de potenciar a exploração do mar enquanto recurso natural de excelência do concelho. O JPN esteve presente.

A vereadora Andrea Silva, o presidente da Câmara, Aires Pereira e o almirante Silva Ribeiro apresentaram o projeto Aproximar. Foto: Cláudia Campilho

Em terras de “heróis do mar”, a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim lançou, na quinta-feira (27), uma iniciativa que a autarquia classifica como pioneira ao nível nacional: o projeto Aproximar, cujo objetivo é promover o estudo, investigação, pesquisa e exploração do mar em diversos setores.

A apresentação realizou-se no dia em que se assinalaram os 133 anos da tragédia que vitimou 105 pescadores da Póvoa de Varzim e da Afurada (Vila Nova de Gaia). O almirante Silva Ribeiro, coordenador da Comissão Consultiva Permanente do projeto, afirmou que da mesma forma que o 27 de fevereiro de 1892 “foi o dia de mudança na segurança no mar”, que levou à criação do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN), o dia 27 de fevereiro de 2025 pode servir “para instituir uma mudança naquilo que é o relacionamento do nosso país com o mar.” 

“Este é um projeto exigente e desafiante”, afirmou o presidente da Câmara Municipal, Aires Pereira, aos jornalistas, e que assenta em três pilares: a academia, a Investigação e Desenvolvimento (I&D) e a comunidade.

Com a figura do “Cego do Maio” em fundo, um dos heróis do mar da Póvoa, Aires Pereira afirmou que a intenção é fazer do Aproximar um “projeto impactante e duradouro” que reforce o papel do concelho como “referência ao nível da tradição piscatória”, promovendo “atividades turístico-marítimas” na região.

A autarquia assume-se como o principal impulsionador junto de uma Comissão Consultiva Permanente coordenada pelo almirante Silva Ribeiro, professor catedrático e ex-Chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas. Maria João Bebianno, que atualmente integra o grupo de peritos das Nações Unidas que avalia o estado do ambiente marinho e Miguel Marques, membro do Conselho Superior do Centro de Estudos Estratégicos da Marinha, integram também este órgão.

As primeiras iniciativas, apresentadas na conferência de imprensa de quinta-feira (27) pela vereadora Andrea Silva, procuram promover “inclusão social” e “garantir mais credibilidade” ao projeto.

Nesse sentido, as instituições académicas vão ser “parceiras de primeira linha” do município, como é o caso da Universidade Católica Portuguesa, com quem a autarquia poveira formalizou uma parceria para criar o Curso de Especialização em Estudos do Mar, Estratégia e Segurança Global, que já tem assegurada uma segunda edição. 

Ainda no âmbito da academia, arrancam em março as “Jornadas do Mar”, com o intuito de “promover fóruns de reflexão abertos à sociedade sobre as potencialidades do mar como principal recurso natural do concelho”.

Segundo a vereadora da Ação Social, as Jornadas do Mar vão ser organizadas “quatro vezes por ano, em diferentes formatos e com entrada livre”. As duas primeiras edições já têm data marcada e vão decorrer no Cine-Teatro Garrett: a 31 de março, com o mote “O mar deve ser estudado em terra?” e, dia 30 de maio, com a questão central “O Turismo Sustentável é Azul?”.

Na terceira edição, o município prevê fazer em “formato teórico-prático”: “Jornadas em Alto Mar”, um modelo mais “interativo e no terreno” como forma de “levar a comunidade ao mar”; e a quarta edição, em formato de conferência, decorre a 16 de novembro, no contexto de comemoração do Dia Nacional do Mar.

No domínio da comunidade, a vereadora Andrea Silva realça a importância da “cultura da sociedade civil” como um elemento essencial para motivar e mobilizar os cidadãos a serem “parte integrante desta estratégia voltada para o mar”.

O exemplo apontado foi a inauguração, a 28 de abril, da secção do mar na Biblioteca Municipal Rocha Peixoto, que vai receber a doação de 250 livros pelo Almirante Silva Ribeiro. Uma iniciativa que pretende “fomentar o acesso à literacia oceânica”, especialmente, “junto das crianças”. O almirante acredita ainda que “é desde pequenino” que se deve “começar a educar os jovens para o mar” para que, como reforçou Andrea Silva, na idade adulta saibam “respeitar o mar” e “explorar ao máximo as suas potencialidades”.

Segundo o almirante Silva Ribeiro, o país pode “desenvolver ideias que permitam que o mar se transforme num fator de desenvolvimento” e também numa “prioridade política”, fazendo da Póvoa de Varzim “um exemplo para todo o país”.

O presidente da Câmara, Aires Pereira, sublinhou que “materializar um projeto desta dimensão e ambição” exige o suporte especializado de “profissionais, académicos, cientistas e economistas, com profundo domínio sobre temáticas ligadas ao mar” e notoriedade a nível “nacional e internacional”.

Editado por Filipa Silva