Representantes dos dois países reuniram-se na Arábia Saudita. Para o acordo entrar em vigor, é necessário que seja aceite pelos russos.
Encontro na última terça-feira (11) entre as delegações americana e russa, na Arábia Saudita. Foto: The White House /Domínio Públicopublic domain
A Ucrânia e os Estados Unidos chegaram a um consenso para um cessar-fogo de 30 dias no conflito que opõe a Ucrânia à Rússia, avançou Volodymyr Zelensky. Na reunião ocorrida esta terça-feira (11) em Jeddah, na Arábia Saudita, as delegações dos dois países deram mais um passo em direção ao fim da guerra. O presidente ucraniano, que não participou do encontro, afirmou, através das redes sociais, que a reunião entre as delegações foi “positiva e construtiva”. Falta saber a posição da Rússia.
No encontro, a comitiva da Ucrânia tomou a iniciativa e apresentou uma primeira proposta de cessar-fogo: sugeriram o “silêncio” no ar e na água. Entretanto, os americanos foram além e recomendaram uma trégua geral, não só aérea e marítima, mas também terrestre, ao longo de toda a linha de combate. A contraproposta, que foi aceite pelos ucranianos, terá duração de 30 dias, mas poderá ser renovada mediante a vontade das partes envolvidas.
Agora, para que o cessar-fogo passe a ter efeito, é necessário que a Rússia aceite os termos definidos. O presidente Donald Trump, em entrevista aos jornalistas na Casa Branca, afirmou que espera alcançar um acordo, com os russos nos próximos dias.
Com a proposta aceite por Kiev, os norte-americanos concordaram em retomar a partilha de informações de defesa com a Ucrânia, que havia sido interrompida após a visita mal sucedida de Zelensky à Casa Branca, no final de fevereiro. O presidente ucraniano entrou numa acalorada discussão com Trump, em frente aos media, o que causou uma situação de grande desconforto e um certo distanciamento entre os governos dos dois países.
Outros pontos levantados pelos ucranianos foram a troca de prisioneiros de guerra, a libertação de civis presos e o retorno das crianças ucranianas levadas à força para a Rússia. A delegação americana compreendeu as preocupações de Kiev e prometeu discutir esses tópicos na próxima reunião com os russos.
Através de sua rede social, Zelensky celebrou o acordo feito com os Estados Unidos e afirmou que a posição do país mantém-se “clara”: “A Ucrânia busca a paz desde o primeiro segundo desta guerra e queremos fazer tudo para alcançar isso o mais rápido possível”. O presidente ucraniano também agradeceu ao seu homólogo norte-americano: “Sou grato ao Presidente Trump pelo diálogo construtivo entre as nossas equipas”.
António Costa, presidente do Conselho Europeu, e Úrsula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, através das suas contas oficiais nas redes sociais, publicaram uma nota a comemorar o acordo: “este é um desenvolvimento positivo que pode ser um passo adiante para uma paz abrangente, justa e duradoura na Ucrânia”. Também deixaram o aviso: “a bola agora está no campo da Rússia”.
Ataques prosseguem
Apesar das conversas de paz do lado ucraniano, a Rússia lançou ataques aéreos, esta madrugada (12), sobre a cidade de Kiev. O ataque foi contido com uso de baterias anti-aéreas. Além disso, outro bombardeamento ocorreu na cidade de Kryvyi Rih, no centro do país. Uma mulher morreu e outras 15 pessoas ficaram feridas no ataque.
No dia anterior (11), a Ucrânia lançou um ataque aéreo massivo sobre a Rússia. O Ministério de Defesa russo afirmou que abateu 337 drones em várias regiões, sendo 91 ao redor de Moscovo e 126 na região de Kursk.
Editado por Filipa Silva