Manifestação do Movimento Associativo Estudantil apela aos estudantes de ensino superior para a saírem às ruas de Lisboa a 24 de março com o mote “Não Recuamos- Gratuitidade já!”. Neste dia também se assinala o Dia Nacional do Estudante.
Propinas, ação social, mas também o preço das refeições é contestado pelo movimento estudantil que se vai reunir no Dia Nacional do Estudante, em Lisboa. Foto: Margarida Rodrigues/JPN
O Movimento Associativo Estudantil convocou uma manifestação em Lisboa para o Dia Nacional do Estudante, 24 de março, e convida todos os estudantes do Ensino Superior do país a “unir forças” em prol do fim da propina, de maior representação nos órgãos de gestão e de uma ação social mais forte. A manifestação tem como ponto de partida o Rossio, pelas 14h30, e culminará na Assembleia da República, para onde estão previstas algumas intervenções.
Guilherme Vaz, presidente da direção da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (AEFCSH), da Universidade Nova de Lisboa, aponta ao JPN várias preocupações ao nível da ação social. A insuficiência de residências públicas torna “urgente a construção de mais” e o aumento “sem travão” da refeição social que ronda os 3 euros, inquietam os estudantes.
Ainda, no âmbito da ação social, o estudante da Nova também faz menção à necessidade do aumento do valor de referência e elegibilidade das bolsas de estudo uma vez que, segundo o líder associativo, “o valor [da bolsa] chega para a propina e pouco mais e é verdadeiramente insuficiente.”
A saúde mental também não é esquecida pelos estudantes. O presidente da AEFCSH considera que o apoio prestado nas instituições de ensino superior é inadequado. Guilherme explica que as faculdades portuguesas dispõem de cerca de um psicólogo para 3 mil estudantes, número que devia rondar os 500.
Na nota de imprensa enviada às redações, o Movimento Estudantil expressa que as recentes declarações do ministro da Educação, Ciência e Inovação a apontar para o possível aumento do valor da propina – por exemplo, no contexto do debate do Orçamento do Estado para este ano – é uma das principais motivações para a realização desta manifestação. O movimento defende o fim da propina e o presidente da AEFCSH considera que existem as condições necessárias para o fazer, apesar de reconhecer que não é o valor de maior peso no orçamento dos estudantes e famílias: “nós dizemos que a propina deve acabar. Não queremos levar o país à bancarrota, porque não é disso que se trata.”
O Movimento Estudantil acredita que os estudantes do ensino superior estão a enfrentar dificuldades, “face às opções políticas deste e dos anteriores governos” e, por isso, não há outra alternativa senão sair à rua. Quanto à instabilidade política atual, com a queda do Governo e a provável realização de eleições antecipadas, Guilherme Vaz garante que não vai demover os estudantes: “Não vamos parar em virtude de esperar pelo governo que venha. Seja lá ele da força política que for, queremos que nos dê respostas”.
Segundo o líder associativo, esta manifestação ocorre com base em dois propósitos fundamentais, qualquer que seja o governo: “Não vamos permitir recuos naquilo que já conquistámos (…) e queremos que o governo dê todos os passos que são necessários.”
Até ao momento, está confirmada a presença de 19 associações académicas e estudantis de todo o país: AEFCSH, AEESTC, AEFBAUP, AEFPIE-UL, AEISPA, AEMAE, AEFLUL, AEFBAUL, AESAD, AAC, AAUAçores, AAUALG, AAUAv, AAUBI, AAUE, AAUL, AAUM, AAUMadeira e AAUTAD vão estar no Rossio, onde os estudantes podem juntar-se àquilo que o Movimento descreve como “uma grande manifestação nacional”.
Editado por Filipa Silva