Durante a primeira sessão, os arguidos confirmaram a presença na Assembleia Geral do Futebol Clube do Porto e admitiram que houve momentos de tensão, mas rejeitaram ter participado em qualquer plano organizado de agressões. Villas-Boas é ouvido na terceira sessão do julgamento, esta quinta-feira.

Esta segunda-feira (17), arrancou no Tribunal de São João Novo, no Porto, o primeiro dia do julgamento da Operação Pretoriano, que diz respeito a alegados crimes de coação e agressões a sócios do FC Porto durante a Assembleia Geral (AG) do clube, em novembro de 2023.

No primeiro dia de julgamento, foram ouvidos três arguidos: Fernando Madureira, ex-líder dos Super Dragões (SD),  que foi o primeiro a prestar declarações, seguido de Hugo Carneiro, conhecido como “Polaco”, e, por fim, Vítor Oliveira, conhecido como “Aleixo”.

Os arguidos admitiram ter estado presentes na AG – na qual ia ser votada uma revisão de estatutos vista como favorável à direção de Pinto da Costa, meses antes das eleições de abril de 2024 – e reconheceram a existência de alguns confrontos, mas negaram ter agido de forma coordenada para praticar atos de violência.

Dos 12 arguidos, quatro optaram por não prestar declarações: Sandra Madureira, Vítor Catão, Carlos Nunes, mais conhecido como “Jamaica” e Hugo Loureiro, conhecido por “Fanfas”.

O primeiro a ser ouvido foi o principal arguido do processo, Fernando Madureira, que negou qualquer envolvimento em agressões ou intimidações na AG: “Mobilizei os Super Dragões para irem apoiar o Pinto da Costa, conforme Villas-Boas mobilizou os seus apoiantes. Pedi [aos chefes dos núcleos dos SD] para levarem três, quatro pessoas, mas nunca pedi para baterem em ninguém”, afirmou, citado pela comunicação social.

Quando confrontado com imagens de câmaras de segurança que mostram momentos de confronto, Madureira insistiu que não participou em agressões: “Estava a apagar fogos. As imagens não têm som, mas a minha postura corporal nas imagens desmente isto por completo. Só cantei Pinto da Costa, olé”.

O ex-líder da claque portista ainda foi confrontado com algumas mensagens mostradas pela procuradora do Ministério Público: “São pessoas a falar umas com as outras, não tive conhecimento nem responsabilidade. Não estou na cabeça das pessoas, estou apenas na minha e só sei responder pelos meus atos”, declarou.

O próprio assumiu ter ficado “muito nervoso, transtornado, irritado e triste por ver sócios do FC Porto uns contra os outros”. Fernando Madureira negou ter feito qualquer ameaça de morte e afirmou não ter visto confrontos, apenas uma garrafa de plástico a voar: “isso eu vi. Uma garrafa de plástico que voou de uma bancada para a outra”.

Hugo Carneiro, conhecido como “Polaco”, também rejeitou ter visto qualquer ato violento: “Estava sentado na central, junto a uma parede que não dava para ver para a bancada norte, onde houve as altercações. Estive sempre sentado e não vi nada. É a pura das verdades”, garantiu.

O último arguido a depor foi Vítor Oliveira, conhecido como “Aleixo”, que admitiu ter dado “uma chapada”, após provocação. “Estava lá um senhor a dizer que ele mamou [Pinto da Costa, presidente à altura] e que eu queria mamar. Tive um impulso e dei-lhe uma chapada. Depois levei um soco, não dele, de outra pessoa. Depois vim a saber que era pai desse rapaz. Na altura até queria pedir desculpa ao pai. Vou fazê-lo neste tribunal quando os vir, se for possível”.

Na terça-feira, foram ouvidos o filho de “Aleixo”, Fernando Saúl, José Pereira, Fábio Sousa e José Dias. Está agendado para quinta-feira (20). O depoimento mais esperado é o do atual presidente do FC Porto, André Villas-Boas. A audição começou às 10h00.

Editado por Filipa Silva