Os madeirenses voltam às urnas no próximo domingo (23), apenas dez meses após o último ato eleitoral. Executivo de Albuquerque cai pela segunda vez, mas líder do PSD Madeira continua na liderança das sondagens. Campanha eleitoral não contou com a presença de Luís Montenegro.
Miguel Albuquerque recusa-se a sair da cena política madeirense. Foto: PSD/ Flickr
A Região Autónoma da Madeira vai a eleições antecipadas no próximo domingo (23). O executivo liderado por Miguel Albuquerque caiu em dezembro de 2024, depois do chumbo do Orçamento Regional e da aprovação da moção de censura apresentada pelo Chega.
A moção anunciada por Miguel Castro, com base nos processos jurídicos que envolvem Albuquerque e membros do executivo em alegados crimes de corrupção, contou com os votos a favor do Chega, PS, JPP, PAN e IL. Contra votou o PSD e o CDS-PP.
A campanha eleitoral arrancou no dia 9 de março e vai continuar até esta sexta-feira (21). No boletim de eleições vão estar 12 partidos e duas coligações.
PSD à frente nas sondagens
Embora não tenha alcançado a maioria absoluta nas últimas duas eleições, o PSD – que Governa a Madeira desde as primeiras eleições regionais – liderou as últimas sondagens.
Num estudo feito pela Aximage, o PSD contaria com 33,8% dos votos, o que se refletiria na eleição de 21 deputados.
Embora seja um resultado positivo para os sociais democratas, não fica tão perto da maioria absoluta, como apontava a sondagem feita pelo Intercampus, que atribuía 38,4% dos votos ao PSD. Com esta percentagem, o partido teria 24 lugares garantidos num Parlamento com 47 deputados.
Quanto aos restantes partidos, são o Partido Socialista (PS) e o Juntos Pelo Povo (JPP) que se seguem ao PSD. Segundo a última sondagem, o PS conquistaria 18,6% dos votos e 11 lugares na Assembleia, mais um do que o JPP, que asseguraria dez assentos. Já o Chega elegeria quatro deputados e o CDS-PP apenas um. De acordo com o estudo publicado pelo “Jornal da Madeira”, a Iniciativa Liberal, o CDU, o PAN, o Bloco de Esquerda e o Livre não teriam votos suficientes para eleger deputados, logo não teriam assento parlamentar.
Tendo como referência os resultados previstos pela última sondagem realizada, o cenário no Parlamento será semelhante àquele que se tem visto nos últimos anos, com o PSD no poder e o PS e JPP com o maior número de deputados na oposição.
Eleições Regionais na Madeira
Ausência de Montenegro e ataque de Rui Rocha
Sobre a ausência de Luís Montenegro na campanha eleitoral, Miguel Albuquerque sublinha que o PSD Madeira “não precisa de bengalas”. Em declarações aos jornalistas durante uma ação de campanha do dia 16 de março, Albuquerque reforçou que Montenegro tem de “se concentrar é nas eleições nacionais para ganhá-las”.
Ainda sobre o impacto das eleições legislativas antecipadas podem ter na região autónoma, Miguel Albuquerque assegura que “os madeirenses estão cientes que este Governo foi derrubado sem qualquer razão ou fundamento para a realização das alucinações e o narcisismo de meia dúzia de dirigentes partidários da oposição”.
Rui Rocha foi um dos políticos nacionais que marcou presença na Madeira em tempo de campanha eleitoral e adiantou que a Iniciativa Liberal só apoiaria o PSD caso Miguel Albuquerque se afastasse da liderança. Em reposta, o líder do PSD Madeira afirmou que “quem determina quem é chefe do Governo na Madeira não é o Rui Rocha, nem os Ruis Rocha deste mundo.” Albuquerque sublinhou que a Madeira vive “numa democracia parlamentar, portanto, quem expressa essa vontade é o povo, não é o senhor Rui Rocha”.
Alberto João Jardim não quer Albuquerque na liderança
Após a apresentação da moção de censura do Chega em novembro de 2024, Alberto João Jardim pronunciou-se sobre a crise política iminente e afirmou que Miguel Albuquerque se devia retirar da liderança do PSD Madeira.
O antigo líder da região autónoma, que presidiu ao Governo Regional entre 1978 e 2015, teme que o arquipélago entre num ciclo de moções de censura caso Albuquerque não se afaste e defende que o partido não deve “ficar preso a um homem só”. “Desde 2015, que o PSD Madeira não tem um líder capaz, com competência para unir o partido. Isto tem de ser resolvido, o PSD precisa de uma nova liderança”, acrescenta Alberto João Jardim.
Ainda assim, Miguel Albuquerque recusou ceder a pressões internas e externas e recandidatou-se ao cargo que ocupa desde 2015 e que sempre teve líderes do Partido Social Democrata.
Três eleições em menos de dois anos
Apenas oito meses depois das eleições regionais de setembro de 2023, os madeirenses regressaram às urnas em maio de 2024. E menos de um ano depois, vão pela terceira vez a votos.
O PSD Madeira perdeu a maioria que tinha no Parlamento em 2023, quando ficou a um deputado da maioria. Mas o evento que contribuiu para abalar em definitivo a estabilidade política no arquipélago foi a Operação Zarco, processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, entre outros crimes, na região da Madeira, envolvendo poderes públicos e empresas da área da construção.
Miguel Albuquerque foi constituído arguido no âmbito desta operação e acabou por apresentar a demissão do cargo em janeiro de 2024. Mas reclamou inocência e foi a votos internos no PSD Madeira, que venceu. Foi por isso o candidato do PSD às eleições antecipadas de maio e venceu-as, embora com o mais fraco resultado do PSD Madeira obtido até então: 19 deputados e um governo sem maioria parlamentar.
Já em dezembro, a aprovação de uma moção de censura ao Governo Regional, conduziu a mais uma queda do Executivo. Este domingo, os madeirenses voltam a votar.