Partido liderado por Miguel Albuquerque volta a vencer eleições regionais na Madeira, mas não consegue atingir uma maioria absoluta. PS perde votos e desce para terceira força política, enquanto JPP consegue segundo lugar histórico.

Miguel Albuquerque viu reforçada a sua votação, depois da queda antecipada do Governo em dezembro. Foto: PSD Madeira/Facebook

O PPD/PSD venceu as eleições regionais disputadas na Madeira este domingo (23). Os sociais-democratas conquistaram 43,43% dos votos dos madeirenses, o melhor resultado desde 2015. Com este resultado, o partido elegeu 23 deputados, ficando apenas a um deputado de distância da maioria absoluta.

Já o PS perdeu eleitorado e caiu para terceiro lugar, com 15,64% dos votos. O partido liderado por Paulo Cafôfo elegeu oito deputados, menos três do que nas últimas eleições, realizadas em maio de 2024.

Apesar do resultado do PSD, a vitória da noite vai para o JPP, que atingiu pela primeira vez o segundo lugar. Com este resultado histórico, o partido liderado por Élvio Sousa conquistou 11 mandatos, mais dois do que no ano passado e mais seis do que em 2015, ano em que concorreu às eleições pela primeira vez.

O Chega, o CDS-PP e a Iniciativa Liberal foram os únicos outros partidos a conquistar lugares no Parlamento. O Chega, liderado por Miguel Castro, perdeu eleitores e elegeu três deputados, menos um do que nas últimas eleições regionais. Também o CDS-PP registou uma descida na percentagem de voto, passando de dois deputados eleitos para apenas um. Já a Iniciativa Liberal mantém um deputado no Parlamento, mas a percentagem de voto desce de 2,56% para 2,17%.

Ao contrário do que aconteceu em maio de 2024, o PAN não conquistou votos suficientes e perdeu o seu lugar no Parlamento. Também o Bloco de Esquerda, o Livre, o ADN e o PPM não elegeram nenhum deputado.

Eleições Regionais na Madeira

 
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Albuquerque fala em “clara derrota da coligação de esquerda”

Miguel Albuquerque conquistou o melhor resultado nas eleições regionais desde 2015, ano em que concorreu pela primeira vez a líder da região, ocupando o lugar que era ocupado por Alberto João Jardim há quase quatro décadas.
 
Sobre a vitória do PSD este domingo, Albuquerque afirmou que os resultados foram um “reconhecimento do trabalho realizado”. Além disso, o líder dos sociais-democratas vê a vitória do PSD como uma “clara derrota da coligação de esquerda e da agenda de maledicência que imperou em toda a campanha”.
 
Quanto à sua relação com a justiça, Albuquerque defende que “a seu tempo, tudo se vai esclarecer”. O presidente do Governo regional da Madeira, que é arguido no âmbito da Operação Zarco, que investiga alegados crimes de corrupção no arquipélago, entre empresas e poderes públicos, argumenta que tem direitos e critica os “partidos radicais que utilizam denúncias anónimas como instrumentos de política”.

CDS-PP pode dar maioria a Albuquerque

O líder nacional do CDS-PP reforça que a decisão sobre uma eventual coligação cabe aos representantes dos partidos na Madeira. “Nós falamos num contexto que é de autonomia e cabe obviamente àqueles que são os protagonistas na Madeira decidir o seu futuro”, acrescentou Nuno Melo.

Contudo, o presidente do CDS-PP relembrou que, caso dependesse do seu partido, a região não teria enfrentado uma crise política, uma vez que o CDS-PP foi o único grupo partidário a votar contra a moção de censura apresentada pelo Chega, que acabou por derrubar o Governo.

Em declarações aos jornalistas após a divulgação dos resultados das eleições, José Manuel Rodrigues, do CDS-Madeira, adiantou que vai reunir com os órgãos do partido “nos próximos dias”, antes de tomar qualquer decisão. O deputado eleito pelo CDS-PP, que presidia à Assembleia Regional, reforçou a importância de “saber se o partido vencedor deseja um entendimento com o CDS-PP”.

Caso seja essa a ambição do PSD, José Manuel Rodrigues garante que aquilo que o partido levará para a discussão são “propostas e soluções para resolver os problemas das pessoas, das famílias e das empresas”. Ainda assim, o líder do CDS-Madeira sublinhou que ainda não tinha recebido qualquer telefonema por parte do PDS, nem está “ansioso para receber”.

Montenegro elogia povo que “sabe resolver nas urnas” e Pedro Nuno Santos reage a derrota socialista

Embora não tenha participado na campanha eleitoral ao lado de Miguel Albuquerque, o líder do PSD, Luís Montenegro, falou aos jornalistas no domingo de eleições. Montenegro falou numa “extraordinária vitória” para o PSD e elogiou a população da Madeira: “o povo madeirense provou, uma vez mais, a sua paciência para resolver nas urnas aquilo que os políticos não foram capazes de resolver na Assembleia Legislativa”.

Além disso, Montenegro criticou a postura da “oposição concertada e destrutiva do PS e do Chega” e, fazendo também referência à queda do Governo nos Açores, afirma: “Têm sido os cidadãos a conferir condições de estabilidade quando estes dois partidos, concertados e juntos, põem os seus interesses à frente dos interesses das pessoas”.

Já do lado dos socialistas, Pedro Nuno Santos declarou que as eleições na Madeira não são suficientes para fazer “uma leitura nacional”. Sobre os resultados eleitorais, o secretário-geral do PS lamenta “que tenha ganho o PSD Madeira, e Miguel Albuquerque, em particular”.

Ainda assim, o socialista não deixa de reforçar que, embora o PS nunca tenha ganho uma eleição na Madeira, “é o partido que mais eleições ganhou no país”.

Marcelo Rebelo de Sousa confiante numa “maioria absoluta” à direita

O Presidente da República também se pronunciou sobre as eleições regionais na Madeira. Após o final do jogo entre Portugal e Dinamarca para a Liga das Nações, Marcelo Rebelo de Sousa falou aos jornalistas e declarou que os madeirenses “escolheram a estabilidade”. Tendo em conta os resultados eleitorais, o chefe de Estado está confiante numa “maioria absoluta” entre o PSD e o CDS-PP.

Sobre as eleições legislativas antecipadas marcadas para 18 de maio, Marcelo Rebelo de Sousa não quis fazer conjeturas com base nos resultados da Madeira.

Editado por Filipa Silva