O Dia Nacional do Estudante ficou marcado por uma manifestação estudantil nas ruas de Lisboa e por uma reunião entre governantes e representantes das associações e federações académicas do país. A revisão do valor da propina e da ação social, bem como a falta de alojamento estudantil foram temas centrais.

Representantes das federações e associações académicas estiveram em reunião com os governantes. Foto: Ângela Rodrigues Pereira

As preocupações dos estudantes do Ensino Superior foram manifestadas, esta segunda-feira (24), pelos representantes das associações e federações académicas do país numa reunião com metros do Governo. O ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, e a ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, estiveram reunidos com dirigentes associativos para assinalar o Dia Nacional do Estudante.

Também marcaram presença o diretor-geral do Ensino Superior, Joaquim Mourato, e a presidente do Conselho Nacional para a Inovação Pedagógica no Ensino Superior, Patrícia Rosado Pinto.

Horas antes, milhares de estudantes do Ensino Superior estiveram em manifestação pelas ruas de Lisboa a reivindicar o fim das propinas e um maior investimento na área.

Carlos Magalhães, presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (AAC), que esteve na manifestação e que foi recebida pelos ministros da Educação e da Juventude, afirmou ao JPN que a reunião serviu não só para assinalar o Dia Nacional do Estudante, mas também para recordar as urgências do Ensino Superior em Portugal.

Segundo o presidente da AAC, as associações e federações académicas do país foram ouvidas sobre as temáticas que afetam diariamente a realidades dos estudantes. Carlos Magalhães, acrescenta que estas realidades são, muitas vezes, “transversais a todo o país”.

A necessidade de revisão do valor das propinas, da ação social e a habitação estudantil foram os principais temas em cima da mesa.

Já o ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, afirmou, em declarações aos jornalistas, que o tema das propinas “não foi muito referido” durante a reunião, porque, a seu ver, os estudantes “sabem que há uma divisão na forma como se olha para esse problema.”

Fernando Alexandre já havia anteriormente falado sobre a possibilidade de descongelar o valor da propina, considerando que ela não é “não é o principal elemento de exclusão” dos estudantes do Ensino Superior.

A falta de alojamento estudantil não passou em branco e o ministro reconheceu que os atrasos no Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES) são preocupantes. No entanto, o governante acredita que a meta de atingir as 18 mil camas até ao próximo ano será alcançada com sucesso.

A instabilidade política que o país enfrenta é também uma preocupação para o Ensino Superior. Com a queda do governo, os estudantes viram pela segunda vez a revisão do Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES) em suspenso. “Tem de prevalecer  estabilidade e união, não só entre o movimento estudantil, mas também para o Governo, de modo que se consiga finalmente discutir a educação e o futuro da mesma no país”, nota Carlos Magalhães.

Na visão do líder da AAC, é neste momento imprescindível existir estabilidade política para trabalhar na melhoria do Ensino Superior e tal só será possível com a formação de um novo governo. Após as eleições, o presidente prevê que sejam retomadas as iniciativas do governo, bem como do movimento estudantil para “discutir o futuro [do Ensino Superior] e discutir acima de tudo a sua projeção”.

Editado por Filipa Silva