O FC Porto recebe o Benfica no domingo para o “jogo da época”, com lotação esgotada. O comentador João Nuno Coelho antecipou o clássico ao JPN.

Na primeira volta do campeonato, o Benfica venceu por 4-1 o FC Porto. Foto: FC Porto/Facebook

O FC Porto recebe o Benfica, este domingo (6), no Estádio do Dragão, às 20h30, num jogo a contar para a 28.ª jornada do campeonato. Martín Anselmi prepara-se para defrontar pela primeira vez o Benfica, atual segundo classificado, num jogo decisivo que poderá ser determinante para a reta final da época. Após a vitória no Estoril por 2-1, o presidente André Villas-Boas sublinhou à CMTV que o confronto com o Benfica será o “jogo da época”.

Os últimos dois confrontos entre as duas equipas ficaram marcados por um grande desequilíbrio no marcador.  Depois de uns avassaladores 5-0 com que os dragões “despacharam” o Benfica de Roger Schmidt em março do ano passado, as duas equipas só se voltaram a encontrar esta época, na primeira ronda da Liga. No Estádio da Luz, as águias derrotaram os dragões por 4-1, era ainda treinador Vítor Bruno.

Entretanto, muita coisa mudou desde esses últimos jogos e um novo capítulo deste clássico promete ser escrito do zero.

Nesta altura, as equipas estão em situações opostas: enquanto o Benfica vem de oito vitórias consecutivas na liga e luta ponto a ponto pelo título, o FC Porto passa por um momento de instabilidade e ainda tenta encontrar o melhor plano de jogo sob o comando de Martin Anselmi. O Benfica é segundo com os mesmos pontos do líder Sporting, ao passo que o FC Porto é terceiro, mas está a nove pontos dos encarnados.

Numa época turbulenta, com troca de comando em janeiro, o FC Porto ainda não apresentou um futebol convincente e estável. Nos últimos cinco jogos, os dragões somaram três vitórias, um empate e uma derrota, apenas sete golos marcados e três sofridos. Perante uma performance tremida da equipa, Anselmi tem feito várias alterações de um jogo para o outro e apenas no último encontro (contra o Estoril) repetiu o onze inicial pela primeira vez.

Já as águias encontram-se numa época positiva. Em 27 jogos, a equipa de Bruno Lage apesar de ter sido batida em quatro jogos, venceu 21 partidas e chegou aos oitavos de final da Liga dos Campeões, competição em que foi barrada pelo Barcelona. Seguiu-se uma série vitoriosa para o campeonato, a mais recente das quais diante do Farense, na terça-feira (1). 

O treinador Bruno Lage realçou a ambição da equipa: “Vamos com a mesma mentalidade ao Dragão, com a equipa a perceber e a identificar muito bem os momentos do jogo. São 90 minutos e temos de ir com a mesma ambição de somar os três pontos, é essa nossa motivação. Jogar com qualidade e marcar golos.”

As duas equipas têm algumas baixas. Do lado azul e branco, não vão estar disponíveis Vasco Sousa, com fratura no perónio e Marko Grujic, com lesão no calcanhar. Ambos os jogadores estão fora de ação há alguns meses e, portanto, não é surpresa. Esta quinta-feira (3), Cláudio Ramos voltou aos treinos, embora de forma condicionada, permanecendo ainda em dúvida.

Pelo lado do Benfica, o defesa Bah está ausente devido a uma rutura do ligamento. A ele junta-se o médio Manu Silva. O defesa Tomás Araújo “não corre risco de ser operado”, mas precisa de repouso durante 3 a 4 semanas, embora não se saiba ainda quando vai começar esse período de descanso, poderá ser ainda uma opção para o clássico. Florentino e o avançado argentino Di María, que ainda não se encontra nas melhores condições após lesão, estão em risco de ser excluídos caso recebam um cartão amarelo no clássico.

Um confronto equilibrado e imprevisível

Para o comentador de futebol da RTP, João Nuno Coelho, o resultado do clássico de domingo é uma incógnita e vai ser um confronto entre momento e história. De um lado, os dragões, naturalmente favoritos se levarmos em conta o desempenho histórico no confronto. De outro, o Benfica, cujo atual plantel é claramente superior.

Amante de estatísticas, João Nuno Coelho destacou dados importantes: o FC Porto é o maior adversário dos encarnados em território nacional. Nos 256 confrontos entre as equipas, os dragões venceram 102 vezes, contra 92 da equipa lisboeta. No Estádio do Dragão, a vantagem é ainda maior: em 118 jogos, os dragões foram claramente superiores, com 70 triunfos contra apenas 18 benfiquistas. Isso representa 59% de vitórias para o clube do norte. Portanto, isso faz dos dragões um “favorito histórico”.

Contudo, o comentador também olha para o momento atual. Para ele, os encarnados possuem ampla vantagem tanto em qualidade do plantel quanto em resultados. Nos últimos 14 jogos, o Benfica perdeu apenas dois (ambos para o FC Barcelona) e empatou um (contra o Mónaco), os outros 11 jogos foram vencidos na Liga Portugal de maneira consecutiva. Para João Nuno Coelho, esta regularidade é a grande vantagem dos visitantes.

Outro fator “compensador” para os benfiquistas é a qualidade do plantel. O comentador relembra que, dos onze jogadores titulares do FC Porto que venceram o clássico por 5-0 na última época, seis já estão fora do clube. Para João Nuno Coelho, o plantel portista perdeu muita força. Em contrapartida, afirma que o Benfica destaca-se com “uma equipa mais sólida e que trabalha junta há mais tempo”.

“Tirar o Eustáquio seria suicídio”

João Nuno Coelho também abordou o impacto das estratégias das equipas para o jogo. Para ele, a “grande questão” do jogo vai ser o confronto entre o eficaz ataque benfiquista e a (ainda) desajustada defesa portista. Desde a sua chegada, Martín Anselmi repetiu o 11 inicial apenas uma vez, justamente no último jogo, contra o Estoril.

A estratégia usada no encontro em questão tem uma peculiaridade: o uso do médio Eustáquio como defesa central. Para o comentador, o jogador deu maior qualidade às saídas de bola da equipa, que era justamente a grande fraqueza do esquema de jogo do treinador dos azuis e brancos. Para o clássico, João Nuno Coelho afirma que tirar Eustáquio do onze inicial seria “suicídio”, pois o Benfica sabe fazer muito bem marcação por pressão e, por isso, o FC Porto precisa de ter qualidade nos passes defensivos.

“Um jogo determinante para as aspirações das duas equipas”

O comentador falou sobre a necessidade, para as ambas equipas, de obterem um resultado positivo e afirmou que o clássico é “um jogo determinante para as aspirações das duas equipas no campeonato”. João Nuno Coelho frisou que uma vitória é fundamental para o Benfica seguir o líder Sporting de perto, porque o fim da época está a chegar. Dentro dos seis últimos adversários, as águias ainda vão ter de enfrentar SC Braga, Vitória SC e o Sporting em casa.

Caso os dragões percam em casa contra a equipa de Bruno Lage, correm o risco de serem ultrapassados pelo SC Braga, que atualmente é 4.º classificado, e que também tem 56 pontos. O FC Porto precisa, por isso, da vitória para aproximar-se de um possível segundo lugar e, quem sabe, conseguir um lugar na próxima edição da Liga dos Campeões. 

João Pinheiro será novamente o responsável por dirigir o clássico entre FC Porto e Benfica. Já tinha dirigido o primeiro encontro da época entre as duas equipas, na Luz. Este será o quinto clássico arbitrado por João Pinheiro.

Editado por Filipa Silva