O FC Porto perdeu contra o SL Benfica por 4-1 e pode ver escapar o terceiro lugar. Os golos foram apontados por Vangelis Pavlidis (x3), Otamendi e Samu. Anselmi pediu desculpa aos adeptos, que começaram a abandonar o estádio a 20 minutos do fim.

“O Clássico” deu para o lado encarnado. Foto: Diogo Sousa/JPN

O FC Porto perdeu por 4-1 contra o SL Benfica, este domingo (6), no Estádio do Dragão, num jogo a contar para a 28.ª jornada do campeonato. Os golos da partida foram apontados por Vangelis Pavlidis (1′, 43′ e 69′) – o homem do jogo -, e Otamendi (90+4′), para os encarnados, e Samu (81′) para o lado do FC Porto.

No seu primeiro clássico, Martín Anselmi repetiu o onze inicial da jornada anterior frente ao Estoril Praia. As únicas alterações do técnico argentino foram no banco, onde Deniz Gül e Samuel Portugal deram lugar a Danny Namaso e Cláudio Ramos. A maior ausência foi mesmo Tiago Djaló, que nos últimos cinco jogos não foi convocado em quatro ocasiões e foi suplente não utilizado no confronto com o SC Braga.

Bruno Lage, face ao jogo contra o Farense, fez duas alterações no onze titular: Tomás Araújo e Florentino foram as apostas do treinador português para o confronto com o eterno rival, em detrimento de António Silva e Renato Sanches (lesionado). Di María, que era a dúvida da noite, manteve-se nas escolhas principais das águias.

Um grande espetáculo nas bancadas antes do apito inicial neste que é o maior jogo do futebol nacional. Quase 50 mil adeptos encheram o Estádio do Dragão. A festa do futebol no seu melhor.

Dragão desnorteado e fraco

O primeiro minuto ainda não tinha terminado e o SL Benfica já tinha colocado a bola na baliza. Houve golo logo na primeira jogada dos encarnados. Pavlidis fez o seu 12.º golo na liga, depois de um belo cruzamento de Arturköglu, que apanhou a defesa portista desprevenida. 

Aos 17′, nova oportunidade de ouro para os encarnados. Após o livre batido, Florentino cabeceou forte para uma defesa de Diogo Costa. Tomás Araújo ganhou o ressalto e rematou de primeira em cheio no poste.

Após 20 minutos decorridos, o FC Porto tinha quase 70% da posse de bola, mas não arranjava maneira de chegar à baliza de Trubin.

Aos 31′, mais um remate perigoso das águias: Arturköglu faz uma grande jogada pela esquerda, dribla Eustáquio e rematou contra o poste da baliza dos Dragões.

Sete minutos depois, mais uma bola ao poste da baliza de Diogo Costa. Desta vez, foi Pavlidis que quase fez estrago. Cinco grandes ocasiões para os encarnados sem resposta portista. A defesa parecia desnorteada, com tentativas de corte sem nexo e sem fazer compensações.

Aos 42 minutos, os encarnados finalmente dilataram a vantagem na sequência de um canto. Pavlidis encontrou-se sozinho em posição privilegiada e fez o segundo da partida e da conta pessoal. Os visitantes foram para o intervalo a vencer.

Durante o intervalo, os adeptos visitantes entoaram cânticos ofensivos alusivos ao falecimento de Pinto da Costa, antigo presidente do FC Porto que morreu em fevereiro deste ano. A festa do futebol no seu pior.

Pavlidis não quis ficar pelo bis

A segunda parte começou como acabou a primeira: com o Benfica a ameaçar novamente a baliza azul e branca. Aos 53′, Carreras cruzou rasteiro para Di María que, à entrada da área, rematou contra a malha lateral.

Nota menos positiva para a arbitragem de João Pinheiro que parou bastantes situações de perigo para assinalar faltas a priori, diminuindo o tempo útil de jogo e prejudicando ambas as equipas.

Aos 70′ surge o 3-0. O suspeito do costume, Vangelis Pavlidis, surgiu sozinho na área e finalizou de cabeça para o hat-trick. Alguns adeptos portistas foram abandonando as bancadas e já só se ouviam os adeptos visitantes.

Dez minutos depois, Artutköglu quase fez o quarto. Após driblar Marcano, rematou em jeito e viu a bola a rasar o poste.

A dez minutos dos 90, o FC Porto ainda reduziu a desvantagem para dois golos através de Samu, mas a derrota já parecia inevitável.

Até ao final, o FC Porto não foi capaz de voltar a marcar e viu mesmo a diferença no marcador voltar aos três golos de diferença quando, aos 92′, o antigo central dos dragões, agora capitão do Benfica, Otamendi, apareceu na pequena área a cabecear para o quarto na partida. Repetiu-se assim o resultado da primeira volta: 4-1.

Terminou a partida com vários assobios dirigidos à equipa da casa dos poucos adeptos que restavam no estádio.

Mais um clássico para o FC Porto e mais uma derrota. Esta época, em seis confrontos frente o SL Benfica e o Sporting CP, os dragões levam quatro derrotas, um empate e uma vitória (após prolongamento), resumidos em 15 golos sofridos e sete marcados.

Com a possibilidade de perder o terceiro lugar para o SC Braga, que esta segunda-feira à noite fecha a jornada com o líder Sporting,  é de começar a questionar a parte psicológica da equipa e as abordagens táticas nestes jogos.

Mais um jogo em que o FC Porto pouco ou nada ameaçou a baliza adversária – exceto no golo de Samu. Com 60% de posse de bola e 30 toques na área adversária, os dragões não conseguem finalizar para a baliza. Sem criatividade no último terço e apenas confiando nos pés de um miúdo-estrela de 17 anos de idade, falta ao FC Porto a garra a que habituou os seus adeptos ao longo dos anos. Jogadores da “casa” como Diogo Costa, João Mário e Fábio Vieira parece que entram em campo desmotivados.

O estádio encheu-se para ver uma nova humilhação, após uma época desastrosa que tem agora no apuramento direto para a Liga Europa o grande objetivo. Já para os encarnados, a luta pelo título mantém-se acesa, apesar do calendário difícil que espera ainda a equipa de Bruno Lage.

Martín Anselmi: “Há que pedir desculpas aos adeptos”

Na conferência de imprensa, o treinador argentino admitiu que a luta pelo campeonato e pelo segundo lugar está encerrada e quanto ao terceiro lugar admitiu: “temos de defender essa posição até ao final”.

Quando questionado sobre um possível corte de ligação dos adeptos devido à saída precoce do estádio, o argentino responde: “Recebemos o apoio deles toda a semana, quando chegamos ao estádio e durante o jogo. Há que pedir desculpas aos adeptos pelo resultado”.

Quando acusado de ter abandonado a equipa mais cedo no final do jogo, o treinador dos Dragões nega chateado: “Eu estava lá, vai ver a repetição”.

Bruno Lage: “Vencemos, estamos em primeiro”

Na sala de imprensa, o treinador encarnado admitiu estar contente com a equipa que veio ao Dragão “jogar com vontade de vencer e determinação”. Deu todo o mérito aos jogadores e à sua equipa técnica que “preparou muito bem o jogo”. “Correu tudo na perfeição, fomos uma família”, afirmou.

Quando questionado sobre o “resultado escasso”, o técnico português respondeu da melhor forma: “Vencemos, estamos em primeiro”.

Sobre a importância do Di María na partida: “Creio que, na primeira parte, foi quem mais bolas recuperou. Deu uma lição de como pode defender”.

Na próxima jornada, o FC Porto vai ao terreno do Casa Pia, no sábado. O Benfica recebe o Arouca no domingo, mas antes disso, na quarta-feira, as águias vão a Paços de Ferreira disputar diante do Tirsense a primeira mão da meia-final da Taça de Portugal.

Editado por Filipa Silva