Jarle Brinchmann, investigador na Universidade do Porto, foi nomeado Diretor de Ciência do Observatório Europeu do Sul, tornando-se no primeiro cientista em Portugal a ocupar este cargo de destaque. Ao JPN, o astrofísico realçou as capacidades dos investigadores portugueses.
Jarle Brinchmann dirigiu o Centro de Astrofísica da Universidade do Porto entre 2018 e 2024. Foto: Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço & ESO
O astrofísico Jarle Brinchmann, até agora coordenador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e professor na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), é o novo Diretor de Ciência do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla inglesa) e o primeiro cientista em Portugal a ocupar um dos cargos mais importantes dentro desta instituição.
Esta posição coloca o investigador português no comando do programa científico da maior organização intergovernamental europeia de astronomia.
O seu mandato teve início na terça-feira (1), e vai ter a duração de três anos. Como Diretor de Ciência, Jarle Brinchmann vai ter a responsabilidade de supervisionar todos os aspetos científicos do ESO, nomeadamente, a definição de estratégias de investigação e a coordenação de projetos científicos desenvolvidos nos observatórios da instituição.
Jarle Brinchmann contou ao JPN que a sua experiência em gestão científica e como diretor do Centro de Astrofísica na Universidade de Porto (CAUP) e depois coordenador do Instituto de Astrofísica e Ciências de Espaço foram “determinantes” para chegar ao lugar. O investigador tem também a esperança que o facto de ter chegado a esta posição “abra mais portas aos investigadores portugueses”.
Há oito anos a residir em Portugal, o norueguês realçou, ao JPN, a “falta de confiança dos jovens” portugueses, porque “muitos têm as qualidades necessárias para trabalhar nestas organizações internacionais e até são muito bem-vindos”, mas tardam a afirmar-se: “há muito a ideia de que ‘aqueles alemães é que sabem’, mas na realidade não é assim”, afirma.
O principal foco atual da ESO, segundo do novo Diretor de Ciência, é assegurar que o Observatório alcança os objetivos científicos que a comunidade astronómica precisa e, em particular, “o novo telescópio grande, o Extremely Large Telescope, que vai começar operações no fim da década”.
De Oslo até ao Porto
O astrofísico licenciou-se na Universidade de Oslo, em 1992, concluiu o mestrado na mesma instituição, em 1994, e completou o seu doutoramento pela Universidade de Cambridge, em 1999.
O seu percurso académico prosseguiu com um pós-doutoramento na Universidade de Oxford, no Max Planck Institut für Astrophysik e no Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), antes de integrar a Universidade de Leiden, nos Países Baixos, como professor auxiliar.
A residir em Portugal desde 2018, Jarle Brinchmann é membro do CAUP desde 2003, instituição que viria a integrar o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA). Entre 2018 e 2024, assumiu a direção do CAUP, ano em que passou a desempenhar funções como coordenador do IA e de professor auxiliar na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).
A sua investigação foca-se na evolução das galáxias, nas populações estelares e na matéria escura, bem como na inferência dos parâmetros físicos das galáxias através de espectroscopia e fotometria.
Fora do meio académico, Jarle Brinchmann tem desempenhado papéis de destaque em organismos internacionais ligados à astronomia e astrofísica. Recentemente, ocupou uma posição no Observatório Europeu do Sul (ESO), onde foi nomeado delegado de Portugal no Scientific Technical Committee (STC), cargo que manteria até dezembro de 2026, mas que agora interrompe.
Jarle Brinchmann integra ainda o Grupo de Coordenação do Consórcio Euclid e é cocoordenador do Legado Científico da missão Euclid, da Agência Espacial Europeia (ESA). Desde 2012, tem sido o responsável pela coordenação desta relevante componente científica da missão, que visa aprofundar o conhecimento sobre a energia e a matéria escura no Universo.
Editado por Filipa Silva
