Bloco de Esquerda volta a apostar em Sérgio Aires para liderar a lista candidata à presidência da Câmara Municipal do Porto. Vereador compromete-se a continuar a lutar contra a pobreza e a especulação imobiliária na cidade.

Sérgio Aires, Bloco de Esquerda

Sérgio Aires, vereador do Bloco de Esquerda. Foto: Inês Bulcão/JPN

Sérgio Aires é o novo candidato à presidência da Câmara do Porto confirmado para as eleições autárquicas que se realizam este ano. A escolha foi aprovada por unanimidade pela Concelhia do Bloco de Esquerda (BE). A decisão foi anunciada num comunicado enviado à comunicação social pelo partido. O vereador promete continuar a trabalhar para combater a pobreza e a falta de habitação na cidade, mesmo que se sinta “praticamente sozinho” no Executivo Municipal, uma vez que é o único vereador bloquista a integrá-lo.

Sérgio Aires encabeça a lista do BE nas eleições autárquicas do Porto, pela segunda vez. “A sua presença foi determinante para trazer visibilidade a problemas que a maioria quis manter invisíveis, para travar retrocessos e para afirmar uma visão de cidade inclusiva, habitável e sustentável“, defende o comunicado da concelhia, acrescentando que o vereador tem “vontade de continuar este trabalho”.

A candidatura aponta a necessidade de “uma viragem clara” na governação no Porto, ao nível do combate do empobrecimento e especulação imobiliária e promoção do “direito à cidade” para todas as pessoas. No comunicado lê-se também que, ao longo dos quase quatro anos de mandato, o vereador do Bloco de Esquerda considera ter enfrentado um “executivo hostil ao dissenso e à transparência”.

Sérgio Aires considera que esteve “praticamente sozinho, num Executivo Municipal pouco habituado a dissenso e escrutínio, e onde a oposição era prática indesejada“. “Julgo que foi evidente o incómodo da minha eleição e o receio que a mesma pudesse pôr em causa o unanimismo reinante”, lamenta o vereador do BE sobre a posição do executivo, no contexto da sua recandidatura.

Sérgio Aires garante, ainda assim, que não esteve sozinho fora do executivo: “seria muito injusto – apesar de saber que não é politicamente correto – não salientar que, apesar das nossas diferenças – que não são poucas -, contei com o apoio da Ilda Figueiredo [vereadora da CDU] em muitas das lutas que travámos e que, por razões óbvias, se cruzavam ou complementavam”.

O vereador bloquista acrescenta que, por outro lado, julga que a sua presença no executivo contribuiu, possivelmente, para que “a CDU estivesse menos sozinha e mais capaz de se opor a uma maioria construída na secretaria e contrária ao que tinha sido expresso pelo voto dos portuenses”.

Sérgio Aires dá ainda nota da sua insistência no que diz respeito à transmissão das reuniões de câmara. “Trataram de criar um misterioso sistema de pelo menos 50% das reuniões serem privadas, e, portanto, sem transmissão, sem que para isso existissem quaisquer critérios ou explicações”.

Neste sentido, o vereador realça as “muitas discussões e decisões importantes” que aconteceram à porta fechada e que, por isso, os portuenses não puderam “conhecer argumentos” e a comunicação social não pôde “fazer o seu trabalho”.

A votação da Estratégia Municipal de Combate à Pobreza, adiada para a próxima reunião pública do Executivo, depois da recomendação do Bloco de Esquerda, marca assim uma diferença do habitual processo de votação. O candidato do BE salienta a importância da participação ativas dos cidadãos para que o Porto seja uma cidade mais democrática e sustentável do ponto de vista social, económico e ambiental.

Sobre o plano de ação da estratégia discutida esta segunda-feira (7), Sérgio Aires comenta que é uma “soma de medidas” sem metas, que implicam a “presença e o compromisso sério. “Apenas por milagre seria possível atingir o almejado objetivo de reduzir e erradicar a pobreza”, conclui.

Ainda assim, o vereador diz sentir-se satisfeito com o que aprendeu e com o contributo que tentou fazer para “cumprir um mandato e um programa que, acima de tudo, procurava travar a cidade-negócio, a turistificação e a descaracterização urbana e social, a gentrificação, lutar por habitação verdadeiramente acessível, abrir as portas à participação cidadã”.

Candidatos confirmados

Rui Moreira não pode recandidatar-se às eleições autárquicas deste ano, uma vez que atingiu o limite de mandatos consecutivos.

A confirmação de Sérgio Aires na corrida à presidência da Câmara do Porto junta-se a uma lista que conta já com as candidaturas de Manuel Pizarro pelo Partido Socialista (PS); da comunista Diana Ferreira pela CDU; do antigo presidente da autarquia Nuno Cardoso, como candidato independente; de Miguel Côrte-Real, deputado municipal do PSD, que vai concorrer ao lugar pelo Chega; Aníbal Pinto, pela Nova Direita; e de Vitorino Silva, mais conhecido como Tino de Rans.

A última confirmação tinha sido a de Pedro Duarte, atual ministro dos Assuntos Parlamentares, que vai avançar com a candidatura pelo Partido Social Democrata (PSD). O atual vice-presidente da autarquia, Filipe Araújo, eleito pelo movimento de Rui Moreira, é também apontado como candidato, mas não formalizou ainda a sua intenção.

As eleições autárquicas ainda não têm uma data marcada. É, contudo, sabido que têm de ser realizadas entre setembro e outubro de 2025.

Editado por Filipa Silva