Estudantes de arquitetura paisagista e de arquitetura uniram-se na 3.ª edição do HealthScape para redesenhar os espaços exteriores do IPO Porto. O projeto consistiu em propor soluções verdes e inclusivas para melhorar o bem-estar de utentes e profissionais.
Projeto “Healing Grounds”, proposta vencedora Foto: DR
O Auditório do Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO-Porto) acolheu, na sexta-feira (11), a cerimónia de encerramento da 3.ª edição do HealthScape, uma iniciativa liderada pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), em parceria com a Faculdade de Arquitetura (FAUP).
Durante uma semana, cerca de 100 estudantes das duas instituições uniram esforços para redesenhar os espaços exteriores do IPO, com foco na melhoria da qualidade de vida dos utentes, profissionais e visitantes.
A proposta entregue aos estudantes consistia em projetarem espaços verdes mais inclusivos e terapêuticos, incluindo jardins sensoriais e zonas de lazer para crianças, num exercício que desafiou os participantes a pensar de forma sustentável no que os utentes necessitam.
“Esta iniciativa surge como uma vontade que a Faculdade tem de sair fora de portas”, explicou José Miguel Lameiras ao JPN, arquiteto paisagista e coordenador do projeto. “O IPO Porto tem um potencial tremendo de redesenho a partir da perspetiva do utente, dos profissionais de saúde, mas também da comunidade da Asprela”, destacou o docente da FCUP.
José Miguel Lameiras, coordenador da iniciativa Bárbara Sequeira/JPN
Segundo o professor, “a partir do momento em que há uma tomada de consciência do potencial destes espaços, as instituições começam a olhar para eles de outra forma e a acarinhar estas soluções”. Não é certo que as ideias trabalhadas pelos estudantes nesta maratona sejam seguidas pelas entidades, mas ficam para consideração futura.
O envolvimento da FAUP nesta edição é visto como um passo natural na expansão do HealthScape, que pensa já no alargamento a outras faculdades: “queremos tornar esta iniciativa ainda mais multidisciplinar, envolvendo faculdades como a de Engenharia, Letras ou Belas Artes. Estamos a crescer um passo de cada vez”.
Pensar num espaço de “saúde, força e esperança”
Mafalda Mendes, arquiteta paisagista e líder do grupo vencedor – os licenciados na área também podem participar no concurso – revelou ao JPN que “a combinação entre a arquitetura paisagista e a arquitetura foi o maior desafio, mas também a maior aprendizagem”.
Para o grupo vencedor, a grande preocupação foi que “os utentes olhassem para o espaço verde e sentissem saúde, força e esperança”. A maior dificuldade foi a densidade do estacionamento: “queríamos removê-lo todo, mas tivemos que encontrar um meio-termo e acho que conseguimos o que pretendíamos”.
Márcia Lopes, estudante da FCUP e líder do grupo que ficou em segundo lugar, contou ao JPN que a maior dificuldade foi coordenar a equipa e trabalhar numa área extensa, com cerca de três hectares. O projeto deste grupo, destacado pelo professor José Miguel Lameiras, utilizou o próprio logotipo do IPO como base para o desenho de forma a pensar nas “necessidades dos profissionais, dos utentes, mas sobretudo das crianças”, com quem foram falando ao longo da semana.
Imagem virtual do projeto “Path to Recovery”, que ficou em 2º lugar. Foto: DR
Do grupo que ficou em terceiro lugar, as líderes Beatriz Coelho e Margarida Madureira, ambas estudantes da FCUP, destacaram os desafios da coordenação entre estudantes de áreas diferentes: “arquitetura e arquitetura paisagista têm visões diferentes sobre o espaço exterior, mas conseguimos uma simbiose positiva.”
As líderes explicaram ao JPN que o foco do grupo foi colocado “na renaturalização do espaço e na criação de corredores verdes que ligassem o Parque da Asprela ao interior do IPO e na reorganização do estacionamento de forma a preservar o solo e unificar o espaço”.
As estudantes apontaram ainda a falta de espaços exteriores acolhedores no IPO como um dos maiores obstáculos: “não há continuidade, não há zonas onde os utentes se sintam confortáveis, está tudo muito disperso”.
Imagem virtual do projeto “Healing Flow”, que ficou em 3.º lugar. Foto: DR
Apesar das dificuldades, o sentimento partilhado foi o de crescimento pessoal e profissional: “a resiliência, a capacidade de liderança e a tomada de decisões rápidas, tudo isto foi posto à prova”.
No evento fizeram-se representar a Câmara Municipal do Porto e a empresa Águas e Energia do Porto, instituições parceiras da iniciativa. O tema da próxima edição já foi anunciado e será o” ClimateScape” que vai consistir em redesenhar o quarteirão de um bairro.
Editado por Filipa Silva