Ponte Ferreirinha deverá ser a última "peça" da linha, mas composições poderão começar a circular do lado de Gaia e do Porto ainda antes de esta estar concluída. Linha Rubi vai custar mais 50 milhões de euros.

Novas composições foram adjudicadas à mesma empresa chinesa a quem a Metro do Porto já tinha comprado 18 veículos em 2023. Foto: Lara Castro/JPN

A Metro do Porto mantém a previsão de que a Linha Rubi (H) vai entrar em funcionamento ainda no final de 2026. Numa primeira fase, a circulação deverá começar a ser feita de forma parcial, entre Santo Ovídio e a Arrábida e entre a Casa da Música e o Campo Alegre, uma vez que a Ponte Ferreirinha vai ser a última parte da obra a ser terminada, estando a conclusão apontada para 2027.

A informação foi avançada à comunicação social por Tiago Bragapresidente da Metro do Porto, esta quarta-feira (16), na estação de metro do Campo 24 de Agosto, à margem da assinatura do contrato para a aquisição de 22 novos veículos destinados, sobretudo, a circular na Linha Rubi, que vai ligar a Casa da Música, no Porto, a Santo Ovídio, em Gaia.

Os comboios, que vão alargar a frota da empresa de 120 para 142 unidades, têm a mesma capacidade – 244 pessoas – e número de lugares sentados – 64 -, que as 18 composições que a Metro do Porto recebeu em 2023. As portas mais largas são um ponto inovador, que visa facilitar a entrada e saída de passageiros.

Foi aberto um concurso público internacional para escolher o fabricante, tendo sido selecionada a empresa chinesa CRRC Tangshan, que fica responsável pelo fabrico das 22 novas unidades, das quais seis devem chegar perto do final de 2026, segundo a Metro do Porto.

A compra dos novos veículos representa um investimento de 69,5 milhões de euros, financiado pelo programa Sustentável 2030 e pelo Fundo Ambiental.

Linha Rubi a funcionar parcialmente

Tiago Braga avançou que a Linha H, com 6,3 quilómetros de extensão, deve começar a funcionar de forma parcial ainda no próximo ano, como inicialmente previsto, enquanto se fazem os acabamentos da Ponte Ferreirinha, destinada ao uso exclusivo do metro, de peões e velocípedes. Deste modo, os novos veículos da Metro do Porto só vão poder ligar Porto e Gaia em 2027.

A extensão do período de trabalhos para além do prazo definido inicialmente pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) – até ao final de 2026 – não vai comprometer a disponibilização dos fundos, assegurou o responsável.

“Não é a oferta que pretendemos fazer, mas é um primeiro passo no sentido de tornar a linha operacional até ao final de 2026”, explica. A circulação parcial vai, portanto, ser feita ente a Casa da Música e o Campo Alegre, as duas paragens do lado do Porto, e, do lado de Gaia, vai contemplar as paragens de Santo Ovídio, Soares dos Reis, Devesas, Rotunda, Candal e Arrábida.

Ainda assim, o presidente da Metro do Porto sublinha que “fundamental, fundamental é mesmo [a operação] entre Santo Ovídio e Devesas”, pontos intermodais que “capturam” mais passageiros, pela proximidade com a estação ferroviária, a Linha Amarela (D) e várias paragens de autocarro.

Para já, os estudos indicam que a Linha Rubi tem um potencial de captação de 12 milhões de passageiros, podendo atrair para outros meios de transporte público mais três milhões de novos utilizadores. De notar que estes números não tiveram em conta a possível instalação da estação de Gaia da Linha de Alta Velocidade (LAV/TGV) em Santo Ovídio.

Tiago Braga afirmou que o objetivo é aumentar o número de utilizadores de metro no Porto dos 90 milhões registados em 2024 para os 150 milhões até 2030.

Linha vai custar mais 50 milhões de euros

Na cerimónia, ficou ainda a saber-se que a Linha Rubi vai ficar 50 milhões de euros mais cara. Na ausência de declarações do ministro Miguel Pinto Luz, no final, foi Tiago Braga a explicar que esse reforço orçamental destina-se ao pagamento de custos adicionais bem como ao financiamento do novo sistema CBTC (Controlo de Comboio com Base em Comunicações), que abre a possibilidade da circulação automática das composições, o que não se aplicará à linha Rubi, mas poderá aplicar-se à Linha Rosa que é integralmente subterrânea.

O ministro Miguel Pinto Luz, no seu discurso, deixou um apelo aos representantes da empresa responsável pela produção dos veículos para que sejam cumpridos os prazos de entrega estipulados, isto é, o “compromisso de em 2026 entregarem ao ritmo de três carruagens ao mês”.

O responsável das Infraestruturas não esteve, contudo, disponível para prestar declarações no final da cerimónia aos jornalistas, pelo que ficou por esclarecer o que acha o Governo da proposta apresentada pelo consórcio LusoLav relativamente ao TGV que foi recentemente votada pela Câmara de Gaia, proposta essa que a Infraestruturas de Portugal (IP) alegou desconhecer, tal como a Câmara do Porto.

Também a Metro do Porto não foi envolvida no desenvolvimento da nova solução. Questionado pelos jornalistas sobre este assunto, Tiago Braga lembrou que o projeto da Linha Rubi está “totalmente estabilizado”, pelo que, se o projeto aprovado pelo executivo de Gaia for o final, a Metro do Porto terá de ser auscultada, afirmou Tiago Braga.

Não faz sentido haver uma estação do TGV sem uma ligação ferroviária ligeira, ou seja, com um sistema de distribuição de passageiros dos TGV, com elevada intensidade de oferta, e, de uma forma mais simples, com um metro. Na fase operacional, é evidente que temos de estar envolvidos, comprometidos, disponíveis para encontrar soluções“, sublinhou.

O presidente da Metro do Porto afirma que a empresa está alinhada com “qualquer solução que garanta intermodalidade”, sendo esta “uma condição obrigatória qualquer operador de transporte garantir”.

A nova proposta tem ainda de ser aprovada pela IP, para que a construção da LAV tenha início em janeiro de 2026 e entre em funcionamento em 2028, como planeado pela entidade.

Editado por Filipa Silva