Depois de uma primeira noite marcada pela chuva, a melhoria do tempo ajudou a criar um ambiente mais acolhedor no Queimódromo, ainda que com uma afluência algo tímida. O concerto dos britânicos Clean Bandit foi o ponto alto da segunda noite, num espetáculo marcado pela energia contagiante, êxitos internacionais e comunhão entre o público. O JPN ouviu um dos responsáveis da zona de restauração e representantes das tradicionais barraquinhas, que partilharam as suas perspetivas sobre este lado da Queima.
A segunda noite da Queima das Fitas do Porto arrancou com um ambiente mais seco e ameno do que o da véspera, trazendo algum alívio a estudantes e visitantes. Apesar do clima mais convidativo, o recinto do Queimódromo não registou uma grande enchente, mas isso não impediu que se vivesse uma noite cheia de ritmo, luzes e entusiasmo, especialmente durante o espetáculo dos cabeças de cartaz da noite: os Clean Bandit.
A banda de eletro-pop inglesa, uma das grandes apostas internacionais da edição deste ano, foi recebida com entusiasmo e não desiludiu. O concerto arrancou com o tema “Solo” e percorreu alguns dos maiores sucessos do grupo, como “Rockabye”, “Symphony” ou “Rather Be”, que sendo uma das músicas mais aguardadas da noite, fechou a atuação em clima de comunhão entre os músicos e a plateia. A energia em palco contagiou o público, que cantou e dançou ao longo de todo o espetáculo, criando momentos de animação e união entre os presentes.
Kirsten Joy e Yasmin Green, vocalistas que já costumam acompanhar os Clean Bandit em turné, deram voz aos temas da banda composta por Grace Chatto (violoncelo), Jack Patterson (teclado) e Luke Patterson (bateria). Durante um primeiro momento de interação com o público, Grace partilhou que era a primeira vez da banda no Porto, destacando a beleza da cidade, e incentivou os presentes a ouvirem “Tell Me Where U Go”, nova música dos Clean Bandit em colaboração com Tiësto e Leony, antes de pedir que todos ligassem as lanternas dos seus telemóveis ao som de “Symphony”.
O alinhamento do concerto contou ainda com temas como “Real Love”, “Drive”, “Tears” e “Mama”, que mantiveram o clima festivo que marcou a atuação. “Não esperava pelos Clean Bandit. Sabia que eles vinham, mas não conhecia a banda. Acabei por conhecer bastantes músicas deles, o que foi muito bom. A concentração de gente que conhecia as músicas e que esteve a cantar, a saltar, a vibrar com a música, foi muito fixe”, contou ao JPN Simão Alves, caloiro de Línguas e Culturas Estrangeiras na Escola Superior de Educação do Porto (ESE).
Antes do espetáculo que encerrou o palco principal, foi Mizzy Miles & Friends, figura de relevo do hip-hop português, a animar a plateia. Depois de ter marcado presença na edição de 2024, o produtor e rapper regressou à Queima com um concerto repleto de pirotecnia, visuais fortes, interações com o público num espetáculo que contou também com a participação de bailarinos. Ao som de temas como “Champions League”, “Worldwide”, “Champs-Élysées” e “Fim do Nada” – faixa que dá nome ao álbum de estreia lançado no início deste ano —, Mizzy Miles deu continuidade à aposta no hip-hop nacional na Queima da Fitas com uma atuação intensa e enérgica, a que o público não ficou indiferente.
A abrir a noite esteve a banda rock portuense Break Even, vencedora do concurso de bandas promovido pela Federação Académica do Porto (FAP). O grupo, composto por Afonso Juanico (guitarra), Sérgio Maia (voz), Rui Santos (baixo) e Rodrigo Ribeiro (bateria), trouxe ao palco principal da Queima das Fitas uma performance que contou com versões de temas reconhecidos de bandas como Aerosmith e 30 Seconds to Mars, mas também com temas originais, que remetem à essência rock dos Break Even.
Barracas são o ponto de encontro
Ao som de música alta e com copos erguidos em jeito de celebração, é nas tradicionais barracas da Queima das Fitas do Porto que os estudantes da academia têm os seus pontos de encontro. São dezenas de estruturas erguidas pelas associações de estudantes das várias faculdades, que durante uma semana dão vida ao Queimódromo.
Neste segundo dia de queima, o balanço de quem vende é de uma noite mais positiva que a anterior, altura em que a chuva e a serenata foram causa da menor “clientela”.
Mais do que simples espaços de venda de bebida, as barracas representam um esforço conjunto dos estudantes. A preparação destas estruturas exige planeamento e muita logística, mas é também parte da experiência que muitos dizem ser “incrível”, como conta uma estudante da barraca “Banheira” da Associação de Estudantes da Faculdade de Letras do Porto.
“Foi um processo cansativo, mas com o devido apoio da Federação Académica do Porto”, diz Luís Freitas, estudante da Faculdade de Direito e um dos responsáveis pela barraca da FDUP.
O ambiente dentro do recinto é eclético. Cada barraca tem a sua própria identidade, característica da sua instituição. O objetivo é atrair o maior número possível de pessoas, numa espécie de competição saudável entre faculdades, como descreve ao JPN Beatriz Rodrigues, colaboradora da barraca “Erasmus Addicted”.
“Erasmus Addicted” é a barraca da ESN, uma organização dedicada ao projeto Erasmus e ao acolhimento dos estudantes estrangeiros. Beatriz Rodrigues diz que a adesão dos estudantes estrangeiros está a ser significativa e sentem que a experiência destes estudantes num evento tradicional português é uma vantagem.
Os Erasmus também têm barraca no Queimódromo. Foto: Beatriz Veloso/JPN
Já a área da restauração, tem tido “menos procura”, como comenta Jorge, responsável pela “Rainha dos Cachorros”, no entanto, o cartaz deste ano, que acredita ser “mais diversificado”, deixa-o esperançoso no aumento de afluência nos próximos dias de outro tipo de clientes.
De entre os pontos positivos, a organização da Queima das Fitas do Porto foi elogiada por vários dos testemunhos ouvidos pelo JPN, como Jorge que sente uma melhoria, nomeadamente em relação aos métodos de pagamento: “Destes quatro anos para cá, tem vindo a melhorar ao nível da organização, ao nível de tudo. Mesmo as próprias máquinas de pagamento estão muito melhores que as do ano passado. A organização está muito mais bem estruturada agora do que nos anos anteriores”, concluiu.
Na área da restauração, ainda se aguarda pelos dias de maior afluência. Foto: Beatriz Veloso/JPN
O evento decorre até ao próximo sábado (10). Esta terça-feira à noite, dia do tradicional cortejo, os concertos do palco principal vão ter como protagonistas Rosinha e o mais que veterano Quim Barreiros, que há mais de 35 anos que não falha uma Queima das Fitas do Porto.
Editado por Filipa Silva