FC Porto venceu Boavista no Estádio do Bessa por duas bolas a uma. Rodrigo Mora voltou a marcar e já leva nove golos na Primeira Liga. Axadrezados estão cada vez mais perto da descida de divisão e FC Porto tem terceiro lugar quase garantido. Falta uma jornada para o final.

Mais um golo impressionante de Rodrigo Mora. O jovem do FC Porto voltou a ser o homem do jogo. Foto: FC Porto/Facebook

FC Porto venceu o Boavista por 2-1, este domingo (11), no Estádio do Bessa. Com esta vitória, os azuis e brancos distanciam-se três pontos do SC Braga, que defronta o Benfica na última jornada, e têm o terceiro lugar praticamente garantido. Os axadrezados caem para o último lugar e a esperança de se manterem na Primeira Liga está por um fio.

Rodrigo Mora (20′), Iván Marcano (25′) e Miguel Reisinho (34′) foram os autores dos golos da partida. À saída, Mora recebeu uma ovação dos adeptos e foi eleito o homem do jogo.

Onzes iniciais e expectativas

O Boavista, orientado por Stuart Baxter, fez apenas uma alteração no onze em relação ao que conseguiu a vitória frente ao AFS: o veterano Van Ginkel cedeu o lugar a Miguel Reisinho.

Diogo Costa, que esteve lesionado, e Alan Varela, que cumpriu castigo por acumulação de amarelos, foram escolhidos por Martín Anselmi para regressar ao onze titular.

O jogo era decisivo para ambos os lados neste sempre apetecível dérbi da Invicta: o FC Porto a lutar para ficar no pódio e o Boavista para não descer de divisão. Vendo os dois rivais diretos – o SC Farense, em penúltimo lugar, e o AFS, em antepenúltimo – a conquistar três pontos, a equipa boavisteira viu-se numa situação comprometedora. Não se pensava em “outro resultado possível que não a vitória” para Rui, de 33 anos, sócio do Boavista. Mesmo sendo “um jogo complicado”, estava confiante na sua equipa.

Ricardo, com 24 anos e sócio do Boavista desde nascença, pensava no mesmo, afirmando ao JPN que, tendo em conta a “situação do clube”, não havia “outra hipótese se não a vitória”.

Do lado portista, Catarina, de 24 anos, sócia com lugar anual, admitiu que “as deslocações ao Bessa nunca são fáceis”, mas estava confiante que o FC Porto ia levar os três pontos para casa.

Quase 15 mil adeptos encheram as bancadas do Estádio do Bessa Séc. XXI, sendo a dos adeptos portistas a mais preenchida. Antes do apito inicial foi realizada uma homenagem a Salvador Agra, que completou 100 jogos com a camisola axadrezada.

Três golos e muito fervor

Ao primeiro minuto da partida, Samu já ameaçava a equipa da casa com um remate estrondoso que bateu na malha lateral da baliza de Vaclik. No minuto seguinte, foi a vez de Fábio Vieira, que, à entrada da área, com um remate à meia volta, testou os reflexos do guarda-redes checo. Dois avisos sérios dos Dragões, que entraram com tudo.

Decorridos 20 minutos de jogo, o mágico Rodrigo Mora sacou mais um coelho da cartola. Após driblar sobre dois defesas pelo lado esquerdo, ainda fora de área, rematou com força e em arco para o canto superior direito da baliza boavisteira. Indefensável para o guarda-redes axadrezado, que bem se esticou, mas nada havia a fazer.

Fizeram-se vénias ao jovem Rodrigo Mora nas bancadas dos adeptos portistas. O jogador completou recentemente 18 anos, o que lhe valeu uma renovação do contrato profissional até 2030, com uma cláusula fixada nos 70 milhões de euros.

Dos festejos não resultaram, no entanto, só alegrias, pois registaram-se alguns confrontos entre adeptos das duas equipas.

Quatro minutos depois, num lance um pouco estranho, na sequência de um canto, Iván Marcano rematou de costas para a baliza e a bola acabou mesmo por entrar. Mais um lance perante o qual Vaclik nada podia fazer.

O Boavista reduziu a vantagem aos 33 minutos, através de uma grande penalidade, marcada por Miguel Reisinho, o que levou os adeptos da casa a voltar a acreditar na vitória.

Após o recomeço da partida, o jogo foi interrompido devido à projeção de pirotecnia para o relvado por adeptos azuis e brancos. Ouviam-se provocações mútuas e cânticos ofensivos, de um lado e do outro.

Segunda parte em lume brando

Perto do minuto 50, o Boavista voltou ao ataque com Diaby na dianteira, que aguentou a pressão de Marcano e fez um remate que Diogo Costa conseguiu defender.

Samu rematou forte e rasteiro para uma grande intervenção de Vaclik, aos 60 minutos, e, quatro minutos depois, fintou o defesa e voltou a atacar da mesma forma, mas o guardião das redes boavisteiras de 36 anos defendeu. Passados sete minutos, Rodrigo Mora deu o lugar a Pepê e foi novamente ovacionado pelos adeptos azuis e brancos.

Três minutos depois, Miguel Reisinho quase conseguiu o empate, tendo rematado de primeira dentro da área para uma enorme defesa do guarda-redes portista de 25 anos.

A equipa do FC Porto ficou reduzida a dez elementos, aos 81 minutos, depois de Nehuén Pérez ter visto o segundo amarelo.

Já no tempo de compensação (ao minuto 93) surgiu uma nova chance para o Boavista: Boženík, sem marcação, conseguiu um cabeceamento, mas saiu fraco para as mãos de Diogo Costa. No último minuto, Osman Kakay também viu o segundo amarelo e foi expulso da partida.

Mesmo após o apito final, as provocações entre claques continuaram. Os adeptos dos dois clubes ergueram faixas com mensagens provocatórias.

O homem do jogo foi Rodrigo Mora, que, mais uma vez, mostrou porque é uma das jovens promessas mais cobiçadas da Europa. O jovem dragão transpira classe em qualquer palco que pisa. O Boavista bem tentou, lance atrás de lance, mas não conseguiu finalizar com qualidade, ou era sempre apanhado em fora de jogo. Com esta derrota vê assim as contas da manutenção à mercê da derrota dos adversários no próximo jogo, de uma vitória difícil numa deslocação a Arouca e vencendo os ‘play-off’ contra o terceiro classificado da Segunda Liga.

Já o FC Porto vê muito bem encaminhado o terceiro lugar. Com 68 pontos, os portistas estão três pontos adiantados em relação ao SC Braga. Para perderem o último lugar do pódio deste campeonato, o FC Porto teria de perder com o Nacional na derradeira jornada, e o Braga teria de vencer o Benfica e anular a vantagem de sete golos marcados que os dragões têm nesta altura face à equipa do Minho. A diferença de golos seria o critério a aplicar uma vez que, no confronto direto, as equipas do FC Porto e do SC Braga estão empatadas.

Ainda “há fé” entre os boavisteiros

No final do jogo, Andreia Seixas, adepta do Boavista, considerava “injusto o resultado”, sem contudo deitar a toalha ao chão: “demos tudo em campo. Infelizmente o resultado não foi favorável para nós, mas ainda há fé. Vamos estar juntos, todos juntos, sempre”, afirmou ao JPN. 

Também André, de 21 anos, não estava resignado à descida de divisão: “Agora é lutar até ao fim, como nós costumamos dizer. O Boavista é feito disso, sofrer até ao fim, até ao último segundo, ao último minuto. E vamos a Arouca ver o que é que vai sair de lá. Podíamos ter dado a volta neste [jogo], não demos. É levantar a cabeça e ir a Arouca ganhar os três pontos.”

Do lado dos dragões, Luís Costa, de 23 anos, achou que “o Porto foi a melhor equipa”, mas Rúben Neves, também sócio dos azuis e brancos, já considerou que a equipa de Martín Anselmí “não esteve muito bem. Teve uma boa primeira parte, [mas] na segunda esteve mais apagado”. Em qualquer caso, frisou, saiu do Bessa o que mais interessava à equipa: “deu para ganhar.”

Martín Anselmi: “Foi um fim de semana espetacular, porque ganhámos”

Na conferência de imprensa, o técnico argentino notou que a vitória deu-se graças à “paciência e atitude” que a equipa demonstrou dentro de campo. “Tivemos competitividade e demos luta quando tivemos que dar”, acrescentou.

Sobre a derrota do rival direto que quase “garantiu” o pódio à equipa, Martín Anselmi disse que não se importa com o que os outros fazem e salientou a vitória: “Foi um fim de semana espetacular, porque ganhámos e fizemos um bom jogo. Estivemos sempre juntos.” Quando questionado sobre a boa exibição defensiva, afirmou que “são pequenos triunfos do trabalho” feito ao longo da semana.

Stuart Baxter: “Temos a faca no pescoço”

Já o treinador escocês de 71 anos do Boavista salientou a exibição defensiva do FC Porto, que “pressiona a bola bem”. Stuart Baxter admitiu que tentou contrariar a pressão na segunda parte mas que continuaram a cair no erro “devido à ansiedade”.

Quanto à exibição dos axadrezados, afirmou que não entraram bem no jogo, mas fizeram tudo ao seu alcance para conseguir outro resultado. “Fomos competitivos durante uma hora. Fizemos tudo o que pudemos para chegar ao empate, mas não foi possível. Temos de nos concentrar no próximo jogo, temos a faca no pescoço“, rematou.

A última jornada de ambas as equipas vai acontecer no próximo sábado (12), às 18h00. O Boavista vai a Arouca e o FC Porto recebe o Nacional.

Editado por Filipa Silva