Líder do Bloco passou esta quinta-feira pelo Porto e, como há um ano, voltou a ser bem recebida na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde falou sobre a Palestina, a habitação e educação.

Na reta final da sua campanha eleitoral, Mariana Mortágua voltou à Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), onde já tinha estado na campanha eleitoral do ano passado, para reforçar uma ideia: “mostrar que há malta jovem que está atenta à política e que não aceita o retrocesso da extrema-direita”

Recebida de forma calorosa, a líder do Bloco de Esquerda chegou à FLUP perto da hora do almoço de quinta-feira (15) e trocou beijos, dois dedos de conversa e muitas selfies com vários alunos. Rute, uma estudante que gritou ao ver a deputada, chamou a atenção pela sua euforia: “É tudo entusiasmo. Por ela. Gosto muito da Mariana”, disse. 

Paulo Clássido, estudante de História da Arte, também não ficou atrás em emoção. O jovem de 19 anos descreveu a representante política como uma “rainha, nossa mãe”, devido ao apoio do Bloco de Esquerda à comunidade cigana. Com lágrimas nos olhos, o aluno agradeceu-lhe por “representar a comunidade cigana” e disse que o dia 18 será um dia “histórico”: “Mariana Mortágua vai fazer frente comigo, ela representa-me, o Bloco de Esquerda representa a comunidade cigana”, disse.

Líder do Bloco foi bem recebida pelos estudantes. Foto: Rita Vila Real/JPN

Depois de ouvir alunos e trabalhadores, a líder do Bloco sentou-se na esplanada do bar dos alunos, com uma bandeira da Palestina em fundo e o seu Keffiyeh (lenço, que lhe foi oferecido durante a campanha e que simboliza a resistência palestiniana) nos ombros, à frente de cubos coloridos com algumas das propostas do BE – como “baixa as rendas” e “taxa os ricos”.

Numa campanha em que as questões internacionais têm estado praticamente ausentes, a guerra em Gaza foi o primeiro tópico que abordou. Mariana Mortágua apelou à atenção do público e da União Europeia: “Como é que nós podemos ter uma União Europeia que já foi vencedora do nobel da paz, permitir que feche os olhos perante o genocídio de um povo inteiro? Toda a gente sabe que aquilo que Netanyahu está a fazer é um crime de guerra. Porque é que fingem que não vêm?”, questionou.

Sentados ou de pé, os alunos participaram da conversa colocando perguntas, dando os seus exemplos pessoais e falando sobre as suas preocupações. A habitação, como seria de esperar, foi um dos tópicos mais abordados, devido à falta de alojamento estudantil a preços acessíveis.

A habitação foi descrita como uma “espécie de guilhotina em cima da cabeça de toda a gente” pela representante do BE. Gil, estudante de doutoramento, comentou que “há inúmeras pessoas que não têm possibilidade de vir a aulas, não têm possibilidade de contactar com colegas, aprender com colegas, aprender com professores, e usufruir de uma licenciatura” por causa desta situação. A medida dos tetos máximos proposta pelo Bloco, que tem como objetivo estabelecer valores limites à renda mensal, tem ganhado força entre os jovens, segundo a líder bloquista.

Mortágua agitou-se para afirmar que “a crise de habitação é o jackpot de alguém”. De acordo com ela, a Assembleia da República é influenciada por “quem ganha muito com isso [a crise de habitação]”.

Mariana Mortágua andou de mesa em mesa a falar com os estudantes da FLUP. Foto: Rita Vila Real/JPN

Já em declarações aos jornalistas, no final, Mortágua foi questionada sobre se gostaria de reagir ao episódio de mal-estar de André Ventura, que tinha sido notícia nessa manhã: “Não acho que seja um tema de campanha. Gostaria de falar sobre o nosso dia de campanha”. A deputada prosseguiu e preferiu voltar a falar da Palestina. Já antes, nas conversas mais informais que manteve com os estudantes, tinha deixado reparos à atenção dada pela comunicação social a estes episódios que envolveram o líder do Chega.

O objetivo do Bloco de Esquerda nas eleições, segundo a sua líder, é que este “tenha os deputados suficientes”. No dia 18 de maio, dia das eleições, a representante declarou querer “estar a discutir com toda a gente no parlamento como é que vamos baixar o preço das casas, como é que vamos pôr teto nas rendas”, e que “só há um partido que há essa garantia, que é o BE”.

Questionada sobre Pedro Nuno Santos, a propósito do líder socialista prometer “dialogar, ouvir e ceder”, e qual seria o cenário ideal para Mariana Mortágua com vista a um entendimento entre PS e Bloco, a resposta não foi direta: “Se as pessoas votarem no Bloco de Esquerda (…) a cedência do Pedro Nuno Santos será para termos teto nas rendas, para que nenhum estudante deixe de estudar apenas porque não tem uma casa”, afirmou.

Apesar das sondagens apontarem para números mais favoráveis para a Aliança Democrática (AD) e para a Iniciativa Liberal (IL), Mortágua declara que nenhuma das alternativas oferece “resposta para os problemas que hoje os jovens enfrentam”. Segundo ela, embora essa geração demonstre estar inclinada para esses dois partidos, “o eleitorado jovem também está particularmente inclinado para o Bloco de Esquerda”. Mariana demonstrou-se confiante para as eleições: “Eu posso garantir-vos que no dia 18 vamos ver isso acontecer”.

Em declarações ao JPN à margem da ação, a líder partidária reforçou que a passagem pela FLUP teve o propósito de mostrar “que os jovens querem saber de política”. “Ao contrário do que dizem, eles querem saber, e estão do lado certo da história”, disse. 

A campanha do Bloco de Esquerda despediu-se do Porto esta quinta-feira (16). Domingo há eleições legislativas antecipadas.

Editado por Filipa Silva