A Iniciativa Liberal (IL) encerrou a campanha eleitoral no Porto com um arraial, onde aliou festa à política, com discursos centrados na juventude, em críticas ao sistema fiscal e à centralização do Estado, e na partilha das preocupações dos eleitores relativas a habitação, reformas e salários.
A Iniciativa Liberal (IL) despediu-se do Porto esta quinta-feira (15), no Jardim de Arca D’Água, com um arraial que contou com a atuação ao vivo do conjunto musical “Fusiforme”, uma sessão de DJ, porco no espeto, sardinhas, cerveja e vários jogos temáticos.
Para além da componente lúdica, o evento serviu também de palco para discursos políticos e testemunhos pessoais de eleitores que se preparam para ir às urnas no próximo domingo (18).
Ao som da canção dos Queen, “We Will Rock You”, Rui Rocha subiu ao palco, onde discursou dirigindo-se especialmente aos jovens, referindo, entre outros temas, a questão da emigração. Prometeu fazer de Portugal “o sítio onde podem e querem ficar“, mas estendeu a mensagem às “‘gerações dos entalados‘“, que têm entre 36 e 67 anos, “aqueles que carregaram o país às costas em várias crises“.
“Há muitas razões para os portugueses estarem zangados com a política nos últimos anos. Mas agora, para esses, há um partido que lhes oferece a possibilidade de encontrarem soluções para o país”, reiterou.
O líder da IL criticou “o país da AD e do PS”, apontando o “enorme esforço fiscal e as promessas de baixar os impostos não saem no papel”, a “enorme crise na habitação” e as “urgências fechadas e listas de espera” do Sistema Nacional de Saúde (SNS).
Rocha defendeu ainda que, “no país da iniciativa liberal, as escolhas são feitas por competência e por mérito” como forma de “acelerar Portugal”.
“Não fiquem no sofá no domingo. Vamos mudar isto, vamos transformar isto, para sermos a luz que ilumina”, apelou.
Carlos Guimarães Pinto é o cabeça de lista pelo Porto da Iniciativa Liberal (IL). Foto: Inês Saldanha/JPN
Também Carlos Guimarães Pinto, cabeça de lista da Iniciativa Liberal pelo Porto, subiu ao palco para discursar, sublinhando que a proposta do partido “passa por dar mais liberdade às pessoas – mais liberdade de escolha, opções, capacidade [para que] cada um tome as regras do seu próprio destino”.
O deputado criticou ainda a centralização da atividade do Estado em Lisboa, defendendo que essa realidade “arrasta toda a economia e deixando cada vez mais abandonado o resto do país”.
Entre os presentes encontravam-se os amigos Américo Costa, de 72 anos, e Fernanda Torres, de 70. Se, por um lado, a entrevistada confessa que “ainda está um bocado dividida”, Américo pondera votar na IL, referindo que “o facto de ser possível uma coligação com a Aliança Democrática (AD)” o incentiva.
Esta opinião é partilhada por Fernando Teixeira, reformado de 63 anos, que destacou que Rui Rocha tem “uma ideias boas” e que uma possível coligação com a AD é um fator positivo na sua decisão de voto.
Em declarações ao JPN, Fernando afirma que a habitação e as reformas são as suas maiores preocupações: “As coisas mais importantes são a habitação e as reformas. Eu tenho 46 anos de serviço e ganho 560 euros de reforma, uma miséria”.
A pandemia marcou profundamente a vida do ex-confeiteiro e a da esposa, Ana Teixeira, de 59 anos, antiga cozinheira, também presente no arraial. Os dois elementos do casal perderam o emprego durante a pandemia e, desde então, enfrentam dificuldades para se reinserirem no mercado de trabalho. “Ninguém nos dá trabalho“, lamenta Fernando.
Quanto à habitação, acrescenta: “Os meus filhos pagam 600 euros de renda com o salário mínimo. Não chega para comer.”
Entre os jovens que marcaram presença no evento de campanha eleitoral da IL, o JPN falou com Afonso Fernandes, estudante de mestrado em Ensino da Música na Escola Superior de Educação (ESE) do Politécnico do Porto de 21 anos, apesar de ainda não ter a sua decisão fechada quanto ao voto, sublinhou que “existem partidos que, logo à partida, não são uma opção porque ameaçam a democracia e o funcionamento da democracia como conhecemos há 51 anos”.
O estudante destacou a urgência de estabilidade no país: “Para a democracia portuguesa, o mais importante, neste momento, é ter um mandato contínuo, um mandato que fosse capaz de solidificar a democracia e os projetos que há para o país.”
Para Afonso Fernandes, a educação, a saúde e a economia são áreas-chave, frisando que “o Estado Social não é dar tudo a todos, é dar as mesmas oportunidades, é equidade ao máximo”.
Já Tiago Santos, de 18 anos, e Rui Santos, de 23, vieram ao arraial, atraídos por se identificarem com os valores liberais.
Para Tiago, “neste momento, é talvez a questão dos salários e da habitação” a que mais o preocupa, considerando que são áreas “muito complicadas para os jovens”. Sobre a visão do partido, Rui Santos afirmou: “Acho que o dinheiro não é um objetivo, é uma ferramenta e permite ter liberdade“.
Veja aqui imagens do arraial:
Editado por Filipa Silva