Rui Tavares esteve no Porto no última dia da campanha. Nos jardins do Palácio de Cristal, afirmou que o PS ainda pode negociar um eventual governo de esquerda com o Livre e reafirmou as "sete condições para governar à esquerda.

O Livre encerrou esta sexta-feira a campanha eleitoral no Porto. Esta manhã, a ação foi simbólica: foi aos jardins do Palácio de Cristal visitar uma árvore, plantada no ano passado para comemorar os dez anos do partido.

No último dia da campanha, Rui Tavares insistiu numa reflexão para dois públicos distintos.

Por um lado, “para aqueles conservadores que estão a pensar votar no Chega e na extrema-direita, têm uma oportunidade de, até domingo, pensar bem no que estão a fazer. Da outra vez, votaram e não sabiam quem é que estavam a pôr no Parlamento. Algumas das pessoas que puseram no Parlamento, envergonharam-nos a todos, com casos criminais, alguns que são ridículos e outros que são muito sérios”. “Desta vez, sabem bem quem é que vão pôr no Parlamento? Não sabem, nem sabemos nós, porque o Chega escondeu as suas próprias listas”, acrescentou.

Por outro lado, apelou à união de esquerda, dizendo que só o Livre pode inovar e fazer mais e melhor. “Do lado da esquerda, vendo que o Livre está a atingir os seus objetivos e que é através do Livre que nós podemos ter novidade, que podemos ter mudança nestas eleições, trazendo um novo partido de charneira para a política portuguesa, que possa ser determinante sobretudo no que acontece à nossa volta. É determinante também porque os outros partidos ainda estão a tempo de dizer ‘sim’ ao que são as condições essenciais do Livre para se negociar um governo de progresso e de ecologia”.

Sobre os apelos ao voto útil, principalmente por parte do PS, Rui Tavares entende que não favorecem a esquerda. Diz que o objetivo tem que ser “roubar” votos à direita e não aos partidos mais pequenos que podem vir a negociar uma solução com os socialistas.

“Nós não queremos estar a roubar outros deputados à esquerda, nós queremos estar a ir buscar representação parlamentar aos partidos de direita que aumentaram a sua representação nos últimos anos”, atirou.

As mais recentes sondagens apontam para um aumento do número de deputados e Rui Tavares já admite mesmo a possibilidade de duplicar o grupo parlamentar. O porta-voz do Livre aproveitou a ocasião para destacar os candidatos pelo círculo eleitoral do Porto, sublinhando as suas capacidades e ligação a áreas importantes como a educação e a saúde.

“Temos uma professora da escola pública de muitos anos de carreira, no caso da Filipa Pinto, em Lousada, e do Jorge Pinto, que vem de Amarante. Agora queremos eleger a Raquel Pichel, que é médica aqui no Hospital de Gaia e, portanto, sabemos que os cidadãos do Porto se vão sentir muito orgulhosos com esta representação”.

Num tom crítico, e em resposta a um trabalho da CNN Portugal sobre contas falsas nas redes sociais que estarão a ser usadas para propaganda política, nomeadamente pelo Chega, o dirigente do Livre alertou para a urgência de regulamentar a utilização das plataformas digitais, ao nível nacional e europeu.

“As televisões são reguladas, as rádios são reguladas, a imprensa é regulada. Quer dizer, se as redes sociais não são reguladas pode acontecer o que aconteceu ainda, recentemente, por exemplo, na Roménia, que ficou provado que potências estrangeiras multiplicaram em várias centenas, o alcance de candidatos que diziam até que não estavam a gastar nada na campanha e afinal havia milhões lá postos por potências estrangeiras”, exemplificou.

Ao longo da campanha, o Livre tem falado em sete condições para governar à esquerda. Define que um primeiro-ministro não pode ter empresas como a Spinumviva, empresa da família de Luís Montenegro, os ministros devem ser auditados antes de assumir funções, o Serviço Nacional de Saúde não pode ser privatizado, o investimento na educação e habitação deve ser reforçado, a Ucrânia deve continuar a ser apoiada e a independência da Palestina deve ser reconhecida.

Rui Tavares reforçou na manhã desta sexta-feira (16) que as sete condições “são muito claras” e que as pessoas e a esquerda em particular “ainda vão muito a tempo de dizer neste último dia que aceitam essas condições”. O objetivo fica claro nas declarações do porta-voz: acabar com o que apelida de “governo das confusões de Luís Montenegro”.

O Livre encerrou a campanha eleitoral no distrito que o viu nascer. Nas últimas eleições, conseguiu eleger um deputado portuense, Jorge Pinto. O objetivo no distrito, como em todo o país, é aumentar este número.

Editado por Filipa Silva