A travessia fluvial entre o Cais do Ouro e a Afurada, desativada desde 2020, foi discutida esta terça-feira na reunião do Executivo. Rui Moreira aproveitou recomendação da CDU, que votou favoravelmente, para anunciar que a autarquia vai pedir um estudo que avalie o interesse da população num serviço de transporte fluvial que servisse Porto, Gaia e Gondomar.
Afurada e Cais do Ouro sem ligação desde 2020. Foto: Alexandra Denise
O Executivo da Câmara Municipal do Porto (CMP) aprovou esta terça-feira (20) uma proposta de recomendação da CDU pela “rápida reposição da travessia fluvial entre o Cais do Ouro e a Afurada”. A proposta, aprovada com a abstenção do PSD, levou Rui Moreira a comprometer-se com a contratação de um estudo que avalie a procura potencial que um serviço de transporte fluvial teria entre as margens do Douro, nos municípios do Porto, Gaia e Gondomar.
A travessia entre o Porto e a Afurada, em Gaia, que serviu de mote à recomendação da CDU, era realizada desde a década de 60 por duas empresas, mas a ligação foi extinta em 2020.
A vereadora da CDU Joana Rodrigues falou de uma travessia “importante” para a cidade do Porto, sobretudo para os residentes das zonas que eram servidas pela ligação, e diz que está na “altura de se dar um passo em frente” e fazer esta “manifestação pública” em defesa da ligação.
A “Flor do Gás” operou até 2020 no rio Douro, entre a Afurada e o Cais do Ouro.
O presidente da Câmara do Porto, que assumiu ter sido utilizador do “Flôr do Gás” em várias ocasiões e que considerou “uma pena” a suspensão da ligação, deixou a nota de que o serviço era prestado por um operador privado e não público.
Em todo o caso, referiu, esse operador tinha uma “licença especial que qualquer operador querendo, pode requerer junto da APDL [Administração dos Portos do Douro e Leixões], desde que depois consiga resolver os problemas com a capitania”.
O vice-presidente da CMP, Filipe Araújo, explicou, a propósito, que foi entregue à Área Metropolitana do Porto (AMP) a competência para tomar uma decisão sobre esta matéria e que há dois modelos em cima da mesa: optar por um serviço público regular de transporte fluvial ou “autorizar serviços fluviais de natureza turística ocasional”. Mas do lado da AMP o processo “não teve grandes desenvolvimentos”, rematou Araújo.
“Acho muito útil esta recomendação e podemos votá-la favoravelmente, porque nada foi feito”, completou Rui Moreira. O autarca recordou que a ideia inicial era envolver não só o Porto e Gaia, mas também Gondomar: “A ideia foi que isto podia começar em Gramido e acabar cá em baixo, ou seja, precisávamos de embarcações e alguns cais de acostagem até já existem”, exemplificou.
Aproveitando a recomendação, Moreira foi mais longe e anunciou que a autarquia tomará a iniciativa de encomendar ela própria a “primeira coisa que é preciso fazer”: um estudo de procura. Será pedido através da STCP Serviços e sugeriu que seja encomendado a alguém da academia do Porto, para avaliar o nível de utilização potencial que teria pelo público nos três municípios citados. Com os resultados desse estudo, pode o município “ter argumento junto da AMP”.
Na reunião do Executivo, houve ainda propostas recomendação da CDU e do Bloco de Esquerda que não foram aprovadas.
A proposta da CDU por uma “melhor utilização e maior fiscalização de trotinetes no Porto” foi chumbada pelo Executivo. O vereador com o pelouro do Urbanismo e Espaço Público, Pedro Baganha, considerou que já existem meios de fiscalização promovidos pelas autoridades municipais.
O BE apresentou uma proposta de recomendação “contra o abuso imobiliário”, que refere uma ordem de despejo de uma idosa de 82 anos de um edifício na Rua da Boavista, vendido pela diocese do Porto, à qual o vereador Sérgio Aires pede uma vistoria municipal. A autarquia defende-se dizendo que só pode atuar perante a apresentação de uma denúncia.
Também recusada, foi outra proposta do Bloco de Esquerda para realizar um estudo de localização para criar um parque de campismo na cidade do Porto. O vereador bloquista referiu que há quase de 20 anos que a cidade do Porto não tem um parque de campismo, tema que Rui Moreira votou contra por não ver “a necessidade”, e por ver que “o caravanismo que decorre na cidade do Porto muitas vezes de uma forma informal é claramente rejeitado pelos munícipes”.