Com o novo governo prestes a tomar posse, o Movimento Associativo Estudantil fez manifestações por todo o país e a Federação Académica do Porto escreveu uma carta aberta a Luís Montenegro. O JPN ouviu as medidas reivindicadas por ambas as organizações para melhorar o ensino superior.
Estudantes reuniram-se nos jardins da FBAUP. Foto: Rita Vila Real/JPN
O Movimento Associativo Estudantil realizou uma concentração para reivindicar mudanças no Ensino Superior, na quarta-feira (28), na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.
O Movimento surgiu na sequência “do que foi o 24 de março, o Dia Nacional dos Estudantes, da manifestação que houve em Lisboa”, como explicou ao JPN José Pedro Pinho. Desta junção de forças, resultou um “caderno reivindicativo” com um conjunto de medidas que colocam “a tónica sobre a questão da gratuidade, das residências, do subfinanciamento crónico das universidades, dos psicólogos, das cantinas, da refeição social, da representatividade dos estudantes nos órgãos de gestão”, esclareceu o membro da organização de estudantes.
A tribuna estudantil marcou o fim de uma onda de ações de protesto organizadas pelo Movimento, que teve início a 21 de maio, em Lisboa, e passou por várias cidades universitárias do país.
“O ensino superior público, gratuito para todos, foi uma conquista da Revolução de Abril”, afirmou José Pinho, que apontou para um “subfinanciamento crónico de décadas no ensino superior”. O Movimento Estudantil Associativo apela à gratuitidade da propina, que “continua a ser o elemento fundamental desta elitização do ensino [superior] e que coloca em causa o direito à educação”. “Mais camas públicas, mais residências para dar resposta aos alunos deslocados” são outras das medidas mais reclamadas na tribuna estudantil.
FAP defende secretaria de Estado do Ensino Superior
A Federação Académica do Porto (FAP) divulgou, na passada terça-feira (27), uma carta aberta a Luís Montenegro, que apresenta as exigências dos estudantes do Porto para o ensino superior. O comunicado apresenta quatro linhas fundamentais de mudança.
Em entrevista ao JPN, Francisco Porto Fernandes, o presidente da FAP, disse acreditar que a “semana de quatro dias no ensino superior”, apesar de já existirem “bons exemplos” em algumas instituições de ensino, é uma medida importante para os estudantes universitários por proporcionar um melhor “equilíbrio entre a vida de estudante e a vida pessoal”. Um dia livre significa, para muitos estudantes, “mais uma tarde de estudo. É tempo mais bem aproveitado, tempo que não é desperdiçado em viagens”, explica.
Outra das exigências da Federação Académica do Porto é a criação de uma secretaria de Estado para o Ensino Superior. O “Ministério da Educação e da Juventude trabalharam bem em conjunto” admite Francisco Porto Fernandes, mas “não se compreende o facto de o Ministério da Educação não ter uma secretaria de Estado para o Ensino Superior, que é tão específico no setor da educação e tem reformas tão urgentes”, frisa o dirigente estudantil.
O fim da devolução das propinas é também uma medida defendida pela FAP, que acredita que o montante é pouco para reter o talento em Portugal: “não há ninguém que vá ficar em Portugal por causa da devolução das propinas”. Francisco realça, ainda, que esta medida é “cega, socialmente”, e que o montante gasto, “de 215 a 300 milhões de euros por ano”, poderia ser investido em programas de ação social.
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Editado por Filipa Silva