Os professores e educadores de todo o país estão em greve contra a proposta de revisão do Estatuto da Carreira Docente (ECD). Paulo Sucena, presidente do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa e secretário-geral da Fenprof, disse ao JPN que a adesão estava entre os 70% e os 80% no território continental, pelas 13h.

“A Madeira foi uma das grandes surpresas desta acção de luta onde a adesão à greve está nos 90%. Há concelhos madeirenses que não têm uma única escola aberta”, avançou Paulo Sucena.

Contudo, o Ministério da Educação apresenta números bem diferentes. “Os números da adesão à greve divulgados pela Fenprof são um logro. A paralisação regista uma média ponderada de adesão inferior a 30%”, disse à agência Lusa uma fonte do ministério.

A Fenprof, afecta à CGTP, também organizou para hoje uma manifestação em frente ao Ministério da Educação, onde entregará uma contraproposta da revisão do ECD. Paulo Sucena prevê que “a manifestação tenha milhares de participantes”. “Os professores vêm provar que não aproveitaram a greve para fazer um fim-de-semana prolongado, mas sim para mostrar a sua revolta contra o projecto de revisão”, salienta. A Federação Nacional do Ensino e Investigação também se associou aos protestos.

Os professores protestam contra as declarações recentes da ministra Maria de Lurdes Rodrigues e contra a proposta de estatuto da carreira docente. O Governo propõe que os pais tenham uma participação “minimalista mas consequente” na avaliação dos professores, como explicou a ministra da Educação, em entrevista ao jornal “Público” e Rádio Renascença.

FNE fora dos protestos

A Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) não aderiu aos protestos. Apesar de “respeitar a greve da Fenprof”, a federação afecta à UGT considera que este “não é o momento indicado para fazer greve porque está aberta a negociação”. “Estrategicamente não é o melhor momento”, ao que se soma o facto de a greve ser feita entre um feriado em Lisboa e outro nacional, disse ao JPN fonte do gabinete de imprensa da FNE.

A mesma fonte ressalva, contudo, que a FNE também está contra a proposta de revisão do ECD apresentada pelo Ministério da Educação. Por isso, diz, “não há nenhuma cisão” entre as duas federações. “A FNE vai apresentar propostas [de revisão do ECD]. Se não forem a bom porto, está prometida uma luta dura e longa”, avisa.

Paulo Sucena não está preocupado com a decisão da FNE de não fazer greve. “Respeito a autonomia dos sindicatos e o que se pretende é uma união dos professores, independentemente de onde estão sindicalizados”, refere o secretário-geral da Fenprof.

Catarina Abreu
Pedro Rios
Foto: SXC