A decisão acontece depois de ter estado afastado da vida pública, durante cinco dias, para refletir sobre a continuidade na presidência do Governo de Espanha. O primeiro-ministro espanhol disse que a "campanha de difamação não vai parar", mas que é possível "lidar com isso".

Pedro Sanchéz está no poder como primeiro-ministro desde 2018. Fernando Calvo Rollán via Wikimedia CommonsWikimedia Commons

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou esta segunda-feira (29) que não vai abandonar o cargo. A decisão acontece depois de, durante cinco dias, ter estado afastado da vida pública para refletir sobre a continuidade na presidência do Governo de Espanha.

Decidi ficar, se possível com ainda mais força“, afirmou, no Palácio da Moncloa, sede do Governo espanhol. “Não se trata do destino de um determinado líder. Trata-se de decidir que tipo de sociedade queremos ser. O nosso país precisa desta reflexão. Durante demasiado tempo, deixámos que a lama contaminasse a nossa vida pública“, acrescentou.

Na última quarta-feira (24), o presidente do Governo espanhol publicou uma carta nas redes sociais, na qual afirmava que ia afastar-se durante alguns dias para refletir sobre se deveria manter-se no cargo, na sequência dos ataques da direita e da extrema-direita contra a sua mulher. Depois de denúncias de alegado tráfico de influências e corrupção por parte da organização Manos Limpias, fundada por Miguel Bernad, antigo líder do partido de extrema-direita Frente Nacional, Begoña Gómez começou a ser investigada pela justiça espanhola.

“Preciso de parar e reflectir. Preciso urgentemente de uma resposta sobre se vale a pena, apesar do lamaçal em que a direita e a extrema-direita tentam transformar a política; se devo continuar à frente do Governo ou renunciar a esta honra“, podia ler-se na carta de Pedro Sánchez dirigida aos cidadãos espanhóis. O Ministério Público espanhol pediu, no dia seguinte, que se arquivasse o processo por não existirem provas suficientes que justificassem a abertura de um processo.

“Reconheci perante aqueles que procuram quebrar-me que me custa viver estas situações. Agi com uma convicção clara: não se trata de uma questão ideológica“, declarou esta segunda-feira. Pedro Sánchez disse acreditar que a “campanha de difamação não vai parar”. “É grave, mas não é o mais importante. Podemos lidar com isso“, acrescentou.

O primeiro-ministro espanhol apelou ainda à sociedade espanhola para que “uma vez mais, dê o exemplo” e mostre ao mundo como “se defende a democracia”.

Sánchez agradeceu também as mensagens de apoio que recebeu durante o fim de semana. “Queremos agradecer as manifestações de solidariedade recebidas de todos os lados. Graças a esta mobilização, decidi manter-me à frente da Presidência”, declarou. Milhares de pessoas saíram este sábado à rua, em Madrid, para mostrar o seu apoio ao primeiro-ministro espanhol e pedir para que não abandonasse o cargo.

De acordo com a agência de notícias Europa Press, após as declarações de Sánchez, Miguel Bernad, da Manos Limpias, ameaçou apresentar provas que poderão incriminar Begoña Gómez e o próprio primeiro-ministro. “Vão aparecer muito mais provas que não só a incriminam a ela, Begoña Gómez, mas também a ele”, disse. “Acredito que nos próximos dias pode haver acontecimentos que o façam reconsiderar a sua posição”, acrescentou.