Sessenta anos de história podem ser desalojados na Rua do Rosário. O Cineclube do Porto, o mais antigo do país, está em risco de ser despejado.

A história remonta a 2002 quando a direcção da instituição pediu uma vistoria ao edifício, concluindo-se que eram precisas obras. Foram notificados os proprietários que, pouco depois, moveram uma acção de despejo contra a instituição. “Isto andou a arrastar-se durante dois anos e foi marcado julgamento para 20 de Janeiro. Mas não se resolveu o assunto por falta do advogado do outro lado”, disse ao JPN a directora do Cineclube do Porto, Brígida Velhote, acrescentando que a nova data está marcada para 21 de Junho.

As razões que alegadamente movem os proprietários do edifício são negadas pela directora. “O que eles alegam é que isto está ao abandono, que as sessões quinzenais deviam ser aqui. No entanto, historicamente nunca foram , eram no Batalha, no Águia d’Ouro, no Carlos Alberto e mais recentemente na Casa das Artes”, justifica Brígida Velhote.

“Aos 60 anos já merecíamos ter casa própria!”

A direcção do cineclube não acredita que o despejo se concretize: “Não posso, nem quero acreditar numa coisa dessas. Não acredito que a Câmara deixasse isso acontecer. Aí as pessoas acordavam e não deixariam que o Cineclube do Porto ficasse sem casa.”

É no número cinco da Rua do Rosário que funciona a sede do cineclube. Aí se organizam “workshops” e seminários, enquanto as projecções têm lugar na Casa das Artes. “A sede está deteriorada – é do século XIX, nunca sofreu obras, não há possibilidade nem estabilidade para se conseguir fazer as coisas”, queixa-se a directora. A Casa das Artes não exibe filmes desde Dezembro porque houve um problema com o tecto e não há ainda data prevista de abertura. “Aos 60 anos já merecíamos ter casa própria”, conclui.

Para destacar os 60 anos de vida, o cineclube vai continuar com cursos de cinema, de projeccionismo e “workshops” infantis. Nesse sentido, a direcção considera que há bastante dinamismo, contrariando algumas vozes. “Dinamismo até há bastante porque entraram pessoas novas para a direcção e temos bastantes voluntários. O problema é que nem sempre são divulgadas as actividades do cineclube e estamos muitas vezes dependentes de outros”, defende Brígida Velhote.

Carina Branco